Fezes humanas

Material eliminado pelo corpo a partir do ato de excreção.
 Nota: Se procura pelo ato de defecar, veja defecação.

Fezes humanas são material restante após a digestão e absorção dos alimentos pelo tubo digestivo dos seres humanos. Geralmente têm aspecto castanho-parda e pastoso, porém pode aparecer nas mais variadas formas, tamanhos e cores.[1]

Fezes após uma defecação reconhecendo-se ainda os restos de comida.

Nos seres humanos o alimento pode levar cerca de 8 horas para transitar no organismo e chegar como uma massa uniforme ao intestino grosso, onde permanece por cerca de três dias. Nesse período parte da água (10 a 12 litros) e sais é absorvida, para que na região final do cólon a massa fecal se solidifique, transformando-se então nas fezes.

Exame macroscópico editar

 
Castanho-parda: Cor característica.
Consistência

As fezes normais são sólidas e apresentam 75% de água na sua composição. Variações mínimas nas concentrações de água interferem na sua consistência. Fezes moles apresentam, mais ou menos, 80% de água e as líquidas 90%. Alguns factores, como o vegetarianismo, pode aumentar o teor de líquido. Diarreias potentes podem ser constituídas de 100% água, em alguns casos graves.[1] Quando pessoas contém a Síndrome de Westler possuem as fezes semelhantes à de um pássaro

Massa

É variável e depende da quantidade de alimento ingerida. Geralmente, uma alimentação ordinária, faz o indivíduo eliminar de 100 a 150 g de fezes, por dia. Algumas doenças, como nos casos de fermentação intestinal intensa, fazem o indivíduo eliminar mais de 800 g.[1]

Mais da metade da massa das fezes humanas é composto por bactérias, em sua maioria mortas.[1][2] Cada grama de fezes no adulto normal contém de 1011 a 1012 unidade de formação de colônias por grama, quase o valor teórico máximo de bactérias por centímetro cúbico (o que significa que 90% ou mais da massa seca das fezes é composta por bactérias),[carece de fontes?] cerca de 90% delas do género Bifidobacterium¹. O restante é constituído por sais, muco, fibras, celulose e outros materiais não digeridos. A cor amarronzada ou acastanhada e estrutura das fezes se deve à presença de pigmentos provenientes da bile.

Forma

A forma das fezes humanas dependem de sua consistência. Sua forma é definida pelo esfíncter anal em cilindros, e quando passa pelo reto seu calibre é reduzido. Nas diarreias, não existe uma forma definida.[1]

Cor

Castanho-parda, devido a presença de estercobilina e hidrobilirrubina. A cor das fezes, depende também do regime alimentar: verduras deixam as fezes do indivíduo esverdeada e uma dieta láctea pode deixa-la amarelada.[1]

Odor

Fezes possuem odor fisiológico, o qual pode variar de acordo com a dieta e o estado de saúde.[3][4][5][6][7] Nas fermentações intestinais elevadas apresenta cheiro pútrido.

Análise dos componentes químicos editar

É possível analisar também os elementos químicos presentes nas fezes humanas, a tabela a seguir traz algumas informações sobre esses elementos:[8]

Parâmetros Fezes in natura(média  DP ou %)
pH 6,3   0,4
C orgânico total(%) 44,8
Ca total(%) 1,9
K (K2O)(%) 1,7
N-NH4+ (mg.kg-1 base úmida) 215,9 ±142,9
N-NH4+ (%) 0,8
N-NO2- /N-NO3- (%) 0,9
NT (%) 4,9
P (P2O5) (%) 3,9
S total (%) 0,3
Umidade (%) 77 ±2
ST (%) 23 ±2
SF (%) 23 ±6
SV (%) 78 ±6
Coliformes totais (NMP.g-1) 1,2E+15
Escherichia coli (NMP.g-1) 9,1E+10
Enterococcus faecalis (NMP.g-1) 5,0E+19

Alguns desses elementos são os principais constituintes dos adubos químicos do tipo NPK utilizados na agricultura. O uso de banheiros secos constitui uma alternativa para recuperar esses elementos químicos, retornando-os ao solo e constituindo como método sanitariamente seguro, eficaz e mais barato em relação aos tratamentos convencionais tais como as ETAs.[9]

Hábitos sanitários em tempos antigos editar

 
latrinas públicas em Óstia Antiga, Itália

Os banheiros públicos costumavam ser banheiros coletivos, as latrinas, como a da ilustração ao lado. Nestes banheiros públicos, sem cabines privativas, as pessoas de diferentes níveis sociais se encontravam, e até costumavam conversar enquanto evacuavam.

Anormalidades editar

Análise das fezes editar

Os principais patógenos que são comumente procurados nas fezes incluem:

Parasitas intestinais e seus ovos podem ser visíveis a olho nu.

Diarreia editar

 Ver artigo principal: Diarreia

A diarreia consiste no aumento do número de evacuações e/ou a presença de fezes amolecidas, com consistência pastosa e/ou até mesmo líquidas nas evacuações.[10]

Escala de Bristol editar

 Ver artigo principal: Escala de Bristol

A Escala de Bristol ou Escala de fezes de Bristol é uma escala médica destinada a classificar a forma das fezes humanas em sete categorias. Às vezes referido no Reino Unido como a "Escala de Meyers",[11] foi desenvolvido por Dr. Ken Heaton na Universidade de Bristol e publicado no Scandinavian Journal of Gastroenterology em 1997.[12]

Essa escala tem como objetivo verificar a saúde intestinal por meio da análise da forma e da textura dos excrementos expelidos pelo paciente.[13]

Os sete tipos de fezes indicados segundo a escala de Bristol são:[12]

  1. Caroços duros e separados, como nozes (difícil de passar)
  2. Forma de salsicha, mas granuloso
  3. Como uma salsicha, mas com fissuras em sua superfície
  4. Como uma salsicha ou serpente, suave e macio
  5. Bolhas suaves com bordas nítidas (que passa facilmente)
  6. Peças fofas com bordas em pedaços
  7. Aquoso, sem partes sólidas, inteiramente líquido

Tipos 1 e 2 indicam obstipação. Tipos 3 e 4 são consideradas ótimas, especialmente a última, uma vez que estas são mais fáceis de passar na defecação. Tipos 5–7 estão associados com tendência de aumento de diarreia ou de urgência.[14]

Notas e referências

  1. a b c d e f LIMA, A. Oliveira; et.al. Guanabara Koogan, ed. Métodos de Laboratório Aplicados à clínica. 2001 8. ed. Rio de Janeiro: [s.n.] 
  2. LINCX. «Um guia resumido do intestino». Consultado em 1 de maio de 2009. Arquivado do original em 23 de março de 2009 
  3. Hiele, M; Ghoos, Y; Rutgeerts, P; Vantrappen, G; Schoorens, D (1991). «Influence of nutritional substrates on the formation of volatiles by the fecal flora.». Gastroenterology. 100 (6): 1597-602. PMID 2019366 
  4. Tangerman, A (15 de outubro de 2009). «Measurement and biological significance of the volatile sulfur compounds hydrogen sulfide, methanethiol and dimethyl sulfide in various biological matrices.». Journal of chromatography. B, Analytical technologies in the biomedical and life sciences. 877 (28): 3366-77. PMID 19505855 
  5. Chavez, C; Coufal, CD; Carey, JB; Lacey, RE; Beier, RC; Zahn, JA (2004). «The impact of supplemental dietary methionine sources on volatile compound concentrations in broiler excreta.». Poultry science. 83 (6): 901-10. PMID 15206616 
  6. Geypens, B; Claus, D; Evenepoel, P; Hiele, M; Maes, B; Peeters, M; Rutgeerts, P; Ghoos, Y (1997). «Influence of dietary protein supplements on the formation of bacterial metabolites in the colon.». Gut. 41 (1): 70-6. PMID 9274475 
  7. Otto, ER; Yokoyama, M; Hengemuehle, S; von Bermuth, RD; van Kempen, T; Trottier, NL (2003). «Ammonia, volatile fatty acids, phenolics, and odor offensiveness in manure from growing pigs fed diets reduced in protein concentration.». Journal of animal science. 81 (7): 1754-63. PMID 12854812 
  8. Maria Elisa Magri (2013), Aplicação de processos de estabilização e higienização de fezes e urina humanas em banheiros secos segregadores, Florianópolis, p. 67, Wikidata Q108152145 
  9. Maria Elisa Magri (2013), Aplicação de processos de estabilização e higienização de fezes e urina humanas em banheiros secos segregadores, Florianópolis, Wikidata Q108152145 
  10. http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/diarreia/
  11. «Meyers Scale - General Practice Notebook». gpnotebook.com. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  12. a b Lewis SJ, Heaton KW (1997). «Stool form scale as a useful guide to intestinal transit time». Scand. J. Gastroenterol. 32 (9): 920–4. PMID 9299672. doi:10.3109/00365529709011203 
  13. «O que o formato das fezes indica?». HARU Saúde Integrada. 16 de abril de 2019. Consultado em 30 de junho de 2021 
  14. «Constipation Management and Nurse Prescribing: The importance of developing a concordant approach» (PDF). Consultado em 6 de novembro de 2006. Cópia arquivada (PDF) em 5 de julho de 2006 

Ver também editar

Ligações externas editar