Capital (economia)

bem econômico que pode ser utilizado na produção de outros bens ou serviços
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 Nota: Para outros significados de Capital, veja Capital (desambiguação).

Em economia, capital (do latim capitis) é qualquer bem econômico que pode ser utilizado na produção de outros bens ou serviços.[1]

Adam Smith definiu capital como “a parte das ações do homem que ele espera que lhe proporcione receita”. Nos modelos econômicos, o capital é um insumo na função de produção. O capital físico total em qualquer momento é denominado estoque de capital (não deve ser confundido com o estoque de capital de uma entidade empresarial). Bens de capital, capital real ou ativos de capital ​​já produzidos são bens duráveis ou qualquer ativo não financeiro usado na produção de bens ou serviços.[2]

Descrição editar

Na economia clássica, "capital" é um dos três fatores de produção, junto com terra e trabalho. Os bens com as seguintes características são considerados como capital:

  • Podem ser utilizado na produção de outros bens (esta característica faz do capital um fator de produção).
  • São feitos por humanos, em contraste com a "terra", que é um recurso natural, localização geográfica e minerais.
  • Não se esgotam imediatamente no processo de produção, como as matérias-primas e os bens intermediários.

Estas distinções foram levadas para a teoria econômica contemporânea.[3][4][5] Mais tarde, esclareceu-se que o capital é um estoque. Como tal, o seu valor pode ser estimado em um ponto no tempo, por exemplo 31 de dezembro. Por outro lado, o investimento, como produção a ser adicionada ao estoque de capital, é descrito como ocorrendo ao longo do tempo ("por ano"), sendo, portanto, um fluxo.

Exemplos mais antigos muitas vezes descreviam o capital como itens físicos, tais como: ferramentas, edifícios e veículos que são utilizados no processo de produção. Pelo menos desde a década de 1960, os economistas têm, cada vez mais, focado em formas mais abrangentes de capital. Por exemplo: o investimento em habilidades e educação pode ser visto como formação de capital humano ou capital intelectual, e investimentos em propriedade intelectual podem ser vistos como formação de capital intelectual. Estes termos levam a certas questões e controvérsias discutidas no meio acadêmico, como a própria propriedade intelectual que tenta simular como escasso as ideias.

A terceira parte da definição não é usada frequentemente pelos economistas clássicos. O economista clássico David Ricardo utilizaria a definição acima para o termo capital fixo e o termo capital circulante para as matérias-primas e bens intermediários. Para ele, ambos são tipos de capital.

O intelectual Karl Marx adiciona uma distinção que é sempre confundida com a visão de Ricardo. Na teoria marxista, o investimento do capitalista na força de trabalho é chamado de capital variável, a fonte única da mais-valia. Ele é chamado de "variável" pois o total do valor que ele pode produzir varia conforme o total que ele consome, isto é, ele cria novo valor. Por outro lado, o termo capital constante é uma referência ao investimento em fatores de produção não humanos, como fábricas e equipamentos que, segundo Marx, adicionam apenas o custo de substituição ao valor das matérias-primas utilizadas na produção. Ele é constante, já que o total do valor comprometido com o investimento original e o total recuperado na forma de produtos produzidos permanecem constantes.

O investimento ou acumulação de capital na teoria econômica clássica, é o ato de gerar aumento de capital. Para que haja investimento, os bens não devem ser produzidos para o consumo imediato, mas para a produção de outros bens, ou seja, devem ser utilizados como "meios de produção". O investimento é relacionado com a poupança, mas não é a mesma coisa. Segundo o economista John Maynard Keynes, a poupança é o ato de não gastar a renda em bens e serviços de necessidade corrente, já o investimento envolve o gasto em bens específicos como os "bens de capital".

O economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk afirmava que a intensidade do capital é medida pela roundaboutness ("período de rotação") dos processos de produção. Ele define capital como o bem de ordem mais alta, ou um bem utilizado na produção dos bens de consumo.[6]

Outros usos editar

Algumas teorias utilizam o termos capital intelectual e capital do conhecimento, levando a certas questões e controvérsias. Em geral, o capital intelectual é aquele que produz uma novo "direito sobre propriedade intelectual".

Apesar de ainda ser possível se calcular a ideia de capital humano do ponto de vista macroeconómico como salário, ele é raramente (ou simplesmente não é) é usado no planejamento do investimento. O capital humano é visto de maneiras diferentes por aqueles que acreditam que ele é fruto do investimento ou por aqueles que acreditam que ele é vítima da exploração.

Obras diversas descreveram os termos capital natural e capital social. Estes termos refletem um consenso que a natureza e sociedade funcionam de maneira similar. Em particular, eles podem ser utilizados na produção de outros bens, não são consumidos durante o processo de produção e podem ser melhorados (senão criados) pelo esforço humano.

Também existe literatura sobre o capital intelectual e a propriedade intelectual. Porém, cada vez mais, se diferencia o significado de "capital de investimento" dos instrumentos para recuperação de direitos de patente, copyright e trademark.

Ver também editar

Referências

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 343.
  2. «Capital and interest | Economics, Investment & Financing | Britannica Money». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  3. Paul Samuelson e William Nordhaus (2004). Economics, 18ª ed.,
  4. Viktor O. Ledenyov; Dimitri O. Ledenyov (2017). Investment in capital markets. Saarbrucken, Germany: LAP LAMBERT Academic Publishing. ISBN 978-3-330-05708-1 
  5. Glossary of Terms, "Capital (capital goods, capital equipment."
       • Deardorff's Glossary of International Economics, Capital.
  6. Buechner, M. Northrup (1989). «Roundaboutness and Productivity in Böhm-Bawerk». Southern Economic Journal (2): 499–510. ISSN 0038-4038. doi:10.2307/1059226. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
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