Fome soviética de 1932–1933

fome provocada pelo homem que afetou as principais áreas produtoras de grãos da União Soviética
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A fome soviética de 1932-1933 afetou as principais áreas produtoras de grãos da União Soviética, que incluía a Ucrânia, o Cáucaso do Norte, a Região do Volga, o Cazaquistão,[1] os Urais Sul e o Oeste da Sibéria.[2][3] A manifestação da fome na República Socialista Soviética da Ucrânia é conhecida como "Holodomor". Ao contrário da grande fome russa de 1921, as informações sobre a fome de 1932-1934 foram deliberadamente suprimidas da historiografia soviética pelas autoridades da União Soviética, não só pelo regime de Stalin, mas também pelos seus sucessores até a perestroika e a glasnost, as reformas políticas e econômicas lançadas por Mikhail Gorbachev entre 1986-1987, que puseram fim à União Soviética no início dos anos 1990. Estima-se que essa fome tenha matado entre 5,5 a 6,5 milhões de pessoas[4] [5]nas regiões soviéticas da Ucrânia, Região do Volga, Cazaquistão e em Kuban.

Contexto editar

A coletivização da agricultura pelo governo soviético é considerada por alguns como uma das principais razões para a fome,[6] por ter causado caos no sistema produtivo no campo.

Isso incluiu a destruição de seus bens pelos camponeses, a venda e matança dos cavalos por medo de que seria apreendidos, e abstenção dos agricultores de trabalhar a terra. As autoridades culparam os kulaks (camponeses ricos) e kolkhozs (agricultores coletivizados), acusando-os de sabotagem.

O sinólogo e historiador Lucien Bianco compara a fome na China nos anos de 1958-1962 com a fome Soviética de 1931-1933 na Ucrânia e sul da Rússia, apesar desta ter sido mais "modesta", com sete milhões de morte, citando que Stalin usou a fome para punir o povo ucraniano por sua insolência nacionalista.[7]

Estimativas de perda de vidas editar

  • O livro The Years of Hunger: Soviet Agriculture, 1931–33 escrito por RW Davies e SG Wheatcroft (2004), dá uma estimativa de 5,5 a 6,5 ​​milhões de mortes.[5]
  • A Encyclopædia Britannica estima que de 5 milhões de pessoas morreram de fome na União Soviética durante este período, dos quais 4 milhões de ucranianos.[4] Enquanto que outros artigos apontem o número de mortos para até 8 milhões, sendo 4-5 milhões de ucranianos e 2 a 3 milhões na região do norte do Cáucaso e baixo Volga.[8]
  • Norman Naimark em sua obra Stalin's Genocides (2010) estima que 3 a 5 milhões de ucranianos morreram de fome.[9]

Ver também editar

Referências

  1. Engerman, David. Modernization from the Other Shore. [S.l.: s.n.] 
  2. «Famine on the South Siberia» 
  3. «Demographic aftermath of the famine in Kazakhstan» 
  4. a b «Ukraine – The famine of 1932–33». Encyclopædia Britannica. Consultado em 26 de junho de 2008 
  5. a b Davies, RW; Wheatcroft, SG (2004), The Years of Hunger: Soviet Agriculture, 1931–33, p. 401  Harrison, Davies, Wheatcroft 2004 (PDF) (review), UK: Warwick 
  6. Ibiblio public library and digital archive (ed.). «Ukrainian Famine». Soviet exhibit. Consultado em 29 de novembro de 2015 
  7. - Lucien Bianco, La récidive, Révolution russe, révolution chinoise. acessado em 29 de novembro de 2015
  8. «Soviet Union - Toward the "second Revolution": 1927–30 | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2022 
  9. Naimark, Norman M (2010), Stalin's Genocides (Human Rights and Crimes against Humanity), ISBN 0-691-14784-1, Princeton University Press, p. 131 .