Francisco Lourenço Valadão Júnior

político português (1889-1969)
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Francisco Lourenço Valadão Júnior OCComC (Praia da Vitória, Vila Nova, 3 de Outubro de 1889Angra do Heroísmo, 31 de Dezembro de 1969), mais conhecido por dr. Valadão Júnior, foi um advogado, político e intelectual açoriano, que entre outras funções foi secretário do governo civil e governador civil interino do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo. Foi pai de Ramiro Machado Valadão, umas das mais importantes figuras da propaganda do Estado Novo.[1]

Francisco Lourenço Valadão Júnior
Nascimento 3 de outubro de 1889
Vila Nova, Portugal
Morte 31 de dezembro de 1969 (80 anos)
Angra do Heroísmo, Portugal
Ocupação advogado, político
Prêmios Comendador da Ordem Militar de Cristo
Oficial da Ordem Militar de Cristo

Biografia editar

Depois de frequentar o Liceu Nacional de Angra do Heroísmo concluiu o ensino secundário no Liceu Nacional de Ponta Delgada e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Terminado o curso fixou-se em Angra do Heroísmo, onde abriu banca de advogado, estando activo no meio forense a partir de 1914, ganhando progressivamente fama de advogado brilhante, com larga clientela nas comarcas de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória.

Entretanto, em 1913 fora nomeado ajudante de notário e iniciou uma carreira administrativa que o levaria a presidir à comissão executiva da Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo (1915) e partir de Abril de 1919 às funções de secretário-geral do Governo Civil, cargo que exerceu até se aposentar. As funções de secretário-geral fizeram dele o elemento de continuidade no funcionamento da instituição, além do substituto legal dos governadores, pelo que em múltiplas ocasiões exerceu interinamente as funções de governador civil[2].

Envolveu-se na vida política local e em 1918 e 1919, com início no consulado de Sidónio Pais, foi presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo. Conservador, foi apoiante dos partidos de direita, aderindo a partir do golpe de 28 de Maio de 1926 às políticas da Revolução Nacional e depois do Estado Novo, sendo uma das figuras mais importantes do regime na ilha Terceira. As suas funções no Governo Civil deram-lhe grande influência nas nomeações políticas para cargos administrativos locais.

Apesar do seu posicionamento no campo conservador, apoiou a opinião popular a favor da independência secular das irmandades do Divino Espírito Santo contra a vontade da hierarquia da Igreja Católica, liderada pelo bispo D. Manuel Afonso de Carvalho, de assumir o seu controlo e de impor regras ao seu funcionamento.

Interessou-se pelas questões da cultura e foi professor do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, mantendo importante colaboração na imprensa local, publicando crónicas, muitas delas relacionadas com a sua infância no Ramo Grande. Contribuiu com alguns contos para a revista Os Açores, que se publicava em Ponta Delgada[1].

Foi sócio fundador do Instituto Histórico da Ilha Terceira, colaborando com com alguns artigos sobre o período das lutas liberais na ilha, realçando as atrocidades cometidas e combatendo a visão mítica e heróica da adesão do povo terceirense ao campo liberal[1]. É também autor de alguns artigos sobre matéria forense.

Fez parte dos órgãos sociais de diversas instituições, nomeadamente do Sport Clube Angrense, do Rádio Clube de Angra e da Fanfarra Operária Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Na fase final da sua vida foi objecto de múltiplas homenagens e foi feito Oficial da Ordem Militar de Cristo a 5 de Outubro de 1930 e elevado a Comendador da mesma Ordem a 21 de Junho de 1944[3] e outras condecorações estrangeiras. O seu nome foi incluído na toponímia da freguesia da Vila Nova (logo em 1929), junto à casa onde nasceu, e a Câmara Municipal da Praia da Vitória colocou o seu retrato no salão nobre.

Notas

  1. a b c «Valadão Júnior, Francisco Lourenço» na Enciclopédia Açoriana.
  2. Enciclopédia Açoriana.
  3. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Francisco Lourenço Valadão". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 9 de setembro de 2015 

Principais obras publicadas editar

Bibliografia editar

  • Pedro de Merelim, Freguesias da Praia. Angra do Heroísmo: Direcção Regional de Orientação Pedagógica da Secretaria de Educação e Cultura, II: 733-737, 1983.

Ligações externas editar