Giresun ou Guiressum[5] é uma cidade e distrito (em turco: ilçe) do nordeste da Turquia. É capital da província homónima e faz parte da região do Mar Negro. O distrito tem 295,7 km² de área e em 2012 a sua população era de 123 129 habitantes (densidade: 416,4 hab./km²), dos quais 100 712 moravam na cidade.[4]

Turquia Giresun

Pharnacia, Choerades, Kerasus, Kerassounta

 
  Distrito (ilçe)  
Vista da parte oriental de Giresun
Vista da parte oriental de Giresun
Vista da parte oriental de Giresun
Localização
Mapa dos distritos da província de Giresun
Mapa dos distritos da província de Giresun
Mapa dos distritos da província de Giresun
Giresun está localizado em: Turquia
Giresun
Localização de Giresun na Turquia
Coordenadas 40° 55' N 38° 23' E
País Turquia
Região Mar Negro
Província Giresun
Administração
Governador (kaymakam) Dursun Ali Şahın [1]
Prefeito (belediye başkanı) Kerım Aksu (2009, CHP)[2]
Características geográficas
Área total [3] 295,7 km²
População total (2012) [4] 123 129 hab.
 • População urbana 100 712
Densidade 416,4 hab./km²
Altitude 0−100 m
Código postal 28000
Prefixo telefónico 454
Sítio Governo distrital: www.giresun.gov.tr
Prefeitura: www.giresun.bel.tr
Postal de Kerassunde nos primeiros anos do século XX
Família de gregos pônticos de Kerasounta em 1910

Etimologia editar

A cidade foi conhecida por inúmeros nomes e grafias ao longo da história. Os gregos da Antiguidade chamaram-lhe Pharnacia (Farnácia) ou Pharnakeia (Farnáquia[carece de fontes?] ou Farnaceia[6]) ou Choerades, posteriormente surgiu a designação Kerasous (ou Kerasus; em latim: Cerasus), ou ainda Kerason, Kerassounta, Kerassonte, Kerasunde, Cerasonte, Giraprinos ou Yero Prinos (γέρο πρίνος).

Keras significa "corno" em grego, com o sentido de península e ounta é um sufixo toponímico. Segundo o investigador Özhan Öztürk, o povoado do cabo Zéfiro, próximo da cidade, é mais antigo que esta e o seu nome Giraprinos ou Yero Prinos, que significa "carvalho velho", é uma tradução básica do nome nativo cólquio ou laz. O nome teria depois mudado para Kerasunt, por vezes escrito Kérasounde ou Kerassunde.

As palavras cereja em português, cerise em francês, cereza em castelhano, cerasa em napolitano têm origem no grego clássico (κερασός) (cerejeira), que é identificado com a cidade de Cerasus. Segundo Plínio, o Velho (23–79), as primeiras cerejas conhecidas em Roma foram levadas de Ceraso por Lúculo (118–57 a.C.).[carece de fontes?]

Apresentação editar

Situada à beira do mar Negro, numa zona de montanhas verdejantes, a região em volta é rica em termos agrícolas, produzindo grande parte das avelãs da Turquia. Outras produções importantes são nozes, cerejas, couro e madeira. Esses produtos são exportados pelo porto de Giresun desde há muito. O porto foi ampliado na década de 1960 e a cidade, apesar de não ser grande para os padrões do país, ainda é um centro portuário e de comércio para as regiões vizinhas. O centro da cidade é constituído basicamente por uma avenida que conduz ao porto e onde se concentra o comércio.

Como em toda a região do mar Negro, a chuva é abundante e a humidade é elevada ao longo de todo o ano. Também é frequente nevar no inverno, em média uma ou duas semanas por ano, entre dezembro e março, por vezes intensamente. As temperaturas extremas, altas ou baixas são raras. Em resultado do clima, de tipo oceânico (Cfb/Cfa na classificação de Köppen) , tanto a cidade como os campos em volta é coberta de vegetação luxuriante. Mal se sai da zona urbana entra-se na área de cultivo de avelãs. Um pouco mais longe há pastagens de montanha (yayla) de grande beleza pasisagística.

Como no resto da costa turca do mar Negro, a água do mar tende a ser fria durante todo o ano, oscilando entre os 8 e os 20 °C.

História editar

A história de Giresun remonta ao final do século VI a.C., quando colonos gregos de Sinope ali se estabeleceram. A cidade foi fundada pelo rei Farnaces I do Ponto c.180 a.C. após ter conquistado a região, transferindo para lá cidadãos originários de Kotyora (atual Ordu). O nome da cidade aparece pela primeira vez como Kerasus na obra Anábase de Xenofonte (430–354 a.C.) Os registos históricos revelam que a cidade foi dominada por Mileto, Persas, Romanos, Bizantinos e pelo Império de Trebizonda.

As partes mais antigas da cidade situam-se numa península dominada por uma fortaleza bizantina arruinada, que abriga um pequeno porto natural. Nas proximidades, a 4,2 km da costa, situa-se a ilha de Giresun, chamada Aretias, Ares, Areos Nesos, (Αρητιας νήσος ou Αρεώνησος) ou Puga na Antiguidade, a única ilha turca no mar Negro de dimensão apreciável.

Plínio, o Velho, chama esta ilha de Chalceritis (feita de bronze), e a identifica com a ilha de Ares, de onde saíam aves para atacar os estranhos com suas asas.[7]

A ilha de Ares, na lenda dos Argonautas, tinha um templo a Ares construído pelas rainhas amazonas Otrera e Antíope, no qual havia uma pedra negra sobre a qual as amazonas sacrificavam cavalos, antes de irem à guerra.[8] Esta ilha era habitada por aves semelhantes às que habitaram o lago Estínfalo.[9]

Atualmente ainda são praticados ritos de fertilidade na ilha, que embora agora se apresentem como uma prática popular, na realidade esta é a continuação de uma celebração com 4 000 anos de história.

Durante a Idade Média, Kerasunt pertenceu ao Império Bizantino e foi depois a segunda cidade do Império de Trebizonda. A partir de 1244, os Turcos seljúcidas Seljúcidas instalaram-se na região, que algumas vezes ali enfrentaram as hordas mongóis. No entanto, a cidade permaneceu no Império de Trebizonda. Em setembro de 1301, Aleixo II derrotou os Turcos "Koustoganes" em Kerasus, uma vitória de importância vital, pois se a cidade tivesse caído, os Turcos ganhariam acesso privilegiado ao mar e os dias do Império Trapezuntino estariam contados. Depois de 1301, Aleixo construiu uma fortaleza sobre o porto, cujas ruínas ainda hoje existem.

Entre 1398 e 1400 esteve brevemente sob o domínio do beilhique ou Emirado de Chalybia (Hacıemiroğlu). Finalmente, em 1461, toda a costa foi integrada no Império Otomano pelo sultão Maomé II, o Conquistador. No entanto, os Bizantinos mantiveram a ilha durante sete anos após a queda de Trebizonda, apesar da ameaça dos Otomanos.

Notas e referências editar

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Giresun», especificamente desta versão.
  1. «Giresun İlı». yerelnet.org.tr (em turco). YerelNET. Consultado em 8 de maio de 2013 
  2. «Giresun Beledıyesı». www.yerelnet.org.tr (em turco). YerelNET. Consultado em 8 de maio de 2013 
  3. «Districts of Turkey». www.statoids.com (em inglês). Administrative Divisions of Countries ("Statoids"). 2 de fevereiro de 2008. Consultado em 26 de maio de 2010. Cópia arquivada em 26 de maio de 2010 
  4. a b «Base de dados do sistema de registo de população baseada em moradas (ABPRS)». www.tuik.gov.tr (em turco). Instituto de Estatística da Turquia (TURKSTAT). Consultado em 8 de maio de 2013 
  5. Correia, Paulo (Outono de 2022). «Turquia — apontamentos para ficha de país» (PDF). a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  6. Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda. 
  7. Plínio, o Velho, História Natural, 6.32, citado em www.theoi.com [em linha]
  8. Apolónio de Rodes, Argonautica, Livro II, 306-407, 1168-1196 [em linha]
  9. Apolónio de Rodes, Argonautica, Livro II, 1030-1046

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Giresun
  • «Giresun». kurumsal.kulturturizm.gov.tr (em turco). Portal institucional do Ministério da Cultura e Turismo. Consultado em 8 de maio de 2013