Guiné Espanhola foi uma colônia africana da Espanha, juntamente com o Protetorado Espanhol de Marrocos e o Saara Espanhol. Localizada no Golfo da Guiné, converteu-se em uma nação independente, denominada Guiné Equatorial, em 1968.

Territorios Españoles del Golfo de Guinea

Protetorado (1858-1885)
Colónia (1885-1956)
Província (1956-1968)


 

1778 – 1968
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Guiné Espanhola
Localização de Guiné Espanhola
Continente África
Capital Santa Isabel
Governo Monarquia (1778-1873; 1874-1931)
República (1873-1874; 1931-1939)
Ditadura (1939-1968)
Chefe de Estado
 • 1778-1788 Carlos III de Espanha (Monarca)
 • 1931-1939 Francisco Franco (Ditador)
Governador-geral
 • 1858-1859 Carlos Chacon y Michelina
 • 1966-1968 Víctor Suances Díaz del Rio
Período histórico Império Espanhol
 • 1778 Colonização
 • 1926 de 1778 Unificação colonial
 • 1956 Elevação a província
 • 1968 Independência
 • 1968 Dissolução
Moeda Peseta

Esta colonia se formou a partir da Colônia de Rio Muni (formada em 1900), da ilha de Fernando Pó (atual Bioco), da Colônia de Elobey, Annobón e Corisco e de outras ilhas adjacentes. O período de domínio espanhol iniciou-se em 1777 e os territórios de Fernando Pó e Rio Muni formavam colônias distintas. Elas foram unificadas em 1926, convertendo-se na colônia da Guiné Espanhola.

História editar

O explorador português Fernão do Pó, que buscava a rota marítima para as Índias, é considerado o descobridor da ilha de Bioko em 1472. Chamou a ilha de Formosa, mas ela rapidamente passou a ser chamada pelo nome do descobridor português. As ilhas de Fernando Pó e Ano Bom começaram a ser colonizadas por Portugal em 1474.

Os portugueses administraram a ilha até 1777, quando Fernando Pó, Ano Bom e ilhéus adjacentes, bem como os direitos de exploração na costa entre os rios Níger e Ogoué, foram cedidos à Espanha; esta cedeu em troca a ilha de Santa Catarina e territórios do sul da colônia do Brasil, de acordo com os Tratados de Santo Ildefonso e de El Pardo, assinados entre a rainha D. Maria I de Portugal e o rei D. Carlos III de Espanha. A partir desse momento, o território espanhol da Guiné fez parte do Vice-Reino do Rio da Prata, (fundado em 1776), até seu desmembramento definitivo com a Revolução de Maio (1810) em Buenos Aires, quando foi declarada a independência argentina.

Entre os anos de 1827 e 1843, o Reino Unido estabeleceu uma base na ilha de Fernando Pó, supostamente para combater o tráfico de escravos, fundando na ilha a cidade de Port Clarence (atual Malabo). Porém, o tráfico negreiro prosseguiu através das redes de captura e venda de escravos que existiam antes da colonização europeia.

Colônia espanhola editar

A posse dos territórios espanhóis na África foi reconhecida pela Conferência de Berlim em 1885. Com isso, a porção continental, Rio Muni, tornou-se protetorado espanhol. Em 1900, Rio Muni recebeu o estatuto de colônia. Questões de fronteira com os territórios franceses da África Ocidental foram resolvidas no mesmo ano através da assinatura do Tratado de Paris, o que tornou possível a efetiva ocupação do território continental da colônia pela Espanha.

Em 1926, a ilha de Fernando Pó e o território de Rio Muni foram reunidos em uma só colônia sob o nome de Guiné Espanhola, assim chamada até 1959.

Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), forças militares monarquistas rebelaram-se contra o governo da Segunda República Espanhola em 19 de setembro de 1936 e depuseram o governo pró-republicano de Rio Muni em 14 de outubro do mesmo ano.

Processo de independência editar

Em 1959, os territórios espanhóis do Golfo da Guiné foram agrupados em duas províncias espanholas ultramarinas – Fernando Pó e Rio Muni –, com o mesmo estatuto político das províncias da Metrópole. As províncias equatoriais foram controladas por um governador geral, exercendo todos os poderes civis e militares. No mesmo ano, foram realizadas as primeiras eleições locais e escolhidos os primeiros procuradores de tribunais na região equatorial.

A Lei Básica de dezembro de 1963 unificou as duas províncias e a região na África passou a ser chamada Guiné Equatorial. A região ultramarina passou a ser dotada de uma autonomia limitada, com órgãos comuns para todo o território – inclusive um órgão legislativo, a Assembleia Geral da Guiné Equatorial –, além de organismos legislativos e administrativos para cada uma das duas províncias. Embora o comissionado geral escolhido pelo governo do Estado espanhol tinha poderes amplos, a Assembleia Geral da Guiné Equatorial tinha iniciativa para formular leis e regulações.

Em março de 1968, sob pressão dos movimentos de independência dos países da África, dos nacionalistas equatoriais e das Nações Unidas, o Estado espanhol anunciou que concederia a independência ao território. Formou-se uma convenção constituinte que produziu uma lei eleitoral e um projeto de Constituição.

O referendo sobre a Constituição foi realizado em 11 de agosto de 1968, com a supervisão de uma equipe de observadores das Nações Unidas. O projeto constitucional foi aprovado por 63% do eleitorado: assim, foi promulgada a Constituição que previa um governo com uma Assembleia Geral e um Tribunal Supremo, com juízes escolhidos pelo presidente. As primeiras eleições da Guiné Equatorial deram vitória a Francisco Macías Nguema. Porém, ele governou de forma ditatorial até ser deposto, julgado e condenado à morte por fuzilamento por seu sobrinho, Teodoro Obiang, em 29 de setembro de 1979.

População editar

A população colonial era rigidamente estratificada em:

  1. Peninsulares, brancos espanhóis, cuja imigração era controlada pelo governo espanhol.
  2. Emancipados, Os menino inbicou no ajil assimilada aos brancos. Recebiam educação católica espanhola. Alguns deles descendiam de escravos cubanos, trazidos à África pelas Ordenanças Reais de 13 de setembro de 1845 (ingresso voluntário) e de 20 de junho de 1861 (por deportação). Neste grupo estão incluídos os mestizos (mulatos) reconhecidos por pai de cor branca.
  3. "Indivíduos de cor" mantidos sob o regime do padroado real. Abrangia os mestizos não reconhecidos e a maioria da população negra nativa, de diversos grupos étnicos, sobretudo, bantos. Não lhes era permitido ter propriedades e eram submetidos a trabalho forçado.
  4. Trabalhadores africanos dos atuais territórios da Nigéria e de Camarões, além de chineses e indianos.

Bibliografia editar

  • Castro, Mariano L. de; Calle, María Luisa de la. La colonización española en Guinea ecuatorial (1858–1900). Barcelona, CEIBA Ediciones, 2007, 363 pp.
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PS.: Há um filme de origem espanhola ("Palmeiras na Neve" - 2015) que retrata o período entre os anos 50 e a independência da Guiné Equatorial. Ambientado na Ilha de Fernando Pó, transita entre o presente e passado, Europa e África, entre etnias, livres e escravos, tempos e culturas diversas. Vale assistir: Direção: Fernando González Molina, Música composta por: Lucas Vidal, Autora: Luz Gabás.