Henrique de Malaca

Henrique de Malaca (século XVI) foi um nativo do arquipélago malaio, provavelmente de Sumatra, que Fernão de Magalhães tomou como escravo em 1511, durante a conquista de Malaca. Henrique acompanhou Magalhães em todas as suas viagens, incluindo a primeira viagem de circum-navegação (Agosto 1519-Setembro 1522) que demonstrou definitivamente que a Terra é redonda, o que não se pode dizer que fosse desconhecido, mas principalmente provou que o planeta era circum-navegável, o que era desconhecido, pois não se sabia se havia ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico. Henrique participou como intérprete nesta viagem, e pode ser considerado uma das duas primeiras pessoas a completar em simultâneo uma volta ao mundo, porquanto Fernão de Magalhães partira de Lisboa em 1505 e chegara a Malaca em 1511 e às Molucas do Sul em 1512, decerto levando-o já como intérprete, e depois trouxe Henrique para Lisboa. Assim, ambos chegaram às Filipinas no mesmo dia.

Henrique de Malaca
Henrique de Malaca
Estátua de Henrique de Malaca no Museu Marítimo de Malaca, Malásia
Nascimento
Malaca
Ocupação Escravo e intérprete

O italiano Pigafetta, que fez o relato presencial da expedição, afirmou explicitamente que Henrique era nativo de Sumatra. É referido como "Henrique", o nome cristão com que fora batizado pelos seus captores, no relato de Pigafetta e em documentos oficiais da Casa de Contratación de las Indias sobre a expedição de Fernão de Magalhães às Filipinas.

Conforme escrito no testamento de Magalhães, este adquiriu-o como escravo em Malaca, provavelmente na fase inicial do cerco português em 1511. O nome de baptismo indica que sua captura terá ocorrido no dia de Santo Henrique, 13 de Julho, poucos depois do início do cerco sob a liderança de Afonso de Albuquerque. O seu baptismo é atestado pelo próprio Magalhães, que escreveu ser Henrique um cristão, afirmando explicitamente que era natural de Malaca. Testemunhos de Antonio Pigafetta, Ginés de Mafra, o piloto genovês, e de Antonio Herrera, Juan Sebastian Elcano e Bartolomé de las Casas, além de fontes secundárias como João de Barros e Francisco López de Gomara, referem-no como um escravo.

Henrique acompanhou Magalhães de regresso à Europa, e aprendeu com este português e espanhol, trabalhando como escravo e intérprete. Ginés de Mafra refere explicitamente que Henrique participou na expedição principalmente pela sua capacidade de falar o idioma malaio. "Ele [Magalhães]," escreveu, "disse aos seus homens que estavam agora na terra que tanto desejava, e enviou um homem chamado Heredia, que era funcionário do navio, a terra com um índio que haviam tomado, porque segundo disseram, ele era conhecido por falar malaio, a língua falada no arquipélago malaio." A ilha das Filipinas onde ele falou e foi entendido pelos nativos foi Mazaua que Ginés de Mafra localiza algures no Mindanau.

O piloto genovês da expedição de Magalhães afirma - erradamente - que os espanhóis não tinham intérprete quando chegaram a Cebu, porque Henrique havia morrido juntamente com Magalhães, durante a Batalha de Mactan em 1521. No entanto, Henrique estava vivo em 1 de Maio de 1521, e participou da festa dada pelo Rajá Humabon aos espanhóis. Antonio Pigafetta escreve que o sobrevivente João Serrão, ao pedir auxílio à tripulação para o salvar dos Cebuanos, disse que todos os que estavam no banquete haviam sido envenenados, excepto Henrique. Este facto levantou o rumor de que Henrique tinha sido conivente no plano do rajá Humabon, como forma de obter a liberdade. De acordo com vontade de Magalhães, com a sua morte violenta de Magalhães em Abril de 1521, na ilha filipina de Cebu, Henrique seria libertado da condição de escravo, contudo o novo capitão quis manter Henrique como intérprete. O certo é que, após esta celebração a maioria dos europeus foram mortos e perdeu-se o rasto de Henrique. Juan Sebastián Elcano e 17 tripulantes do Victoria, único navio sobrevivente da expedição, regressaram a Espanha a 6 de setembro de 1522.

References editar

Bibliografia editar

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