Hikikomori

Fenômeno de reclusão social

Hikikomori (ひきこもり ou 引き篭もり lit. isolado em casa?) é um termo de origem japonesa que designa um comportamento de extremo isolamento doméstico. O vocábulo refere-se tanto ao fenômeno em geral quanto aos próprios reclusos. Os hikikomori, que foram descritos como solitários ou "eremitas modernos",[1] são pessoas geralmente jovens, entre treze a trinta e nove anos,[2] que se retiram completamente da sociedade, de modo a evitar o contato com outras pessoas.[3] Estimativas sugerem que meio milhão de jovens japoneses se tornaram reclusos sociais,[4] assim como mais de meio milhão de indivíduos de meia-idade.[5] Enquanto hikikomori é principalmente um fenômeno japonês, casos foram encontrados nos Estados Unidos,[6]Reino Unido, Omã, Espanha, Alemanha,[7] Itália, Índia, Suécia, Coreia do Sul[8] e França.[9]

Japão editar

Esse tipo de comportamento é atualmente tido como problema de saúde pública no Japão onde milhares de jovens se encontram nesta situação devido ao alto grau de perfeição exigido das pessoas em tarefas diárias e à pressão acarretada por tal exigência, o que acaba levando muitas pessoas a problemas psicológicos de baixa autoestima e em alguns casos extremos tendências psiquiátricas graves. Há casos extremos onde filhos chegam aos quarenta anos ainda dependentes dos pais e sem experiência profissional.

O Ministério da Saúde no Japão estima que cerca de quinhentos mil japoneses são vítimas do fenômeno.[2] Os dados do psicólogo Tamaki Saitō, criador do termo e pioneiro na pesquisa sobre tal fenômeno, indicam um quadro muito mais sombrio: um milhão de jovens do sexo masculino seriam vítimas desse distúrbio, o que leva ao assombroso quadro de 2% da população adolescente masculina (ou 1% da população do país inteiro) vivendo em reclusão quase que total. É um tanto óbvio que graças ao comportamento isolacionista ao extremo das vítimas, o número exato de hikikomori existentes atualmente não pode ser medido com exatidão, e provavelmente está entre um dos dois extremos propostos pelos dados fornecidos. Há informações de que Tamaki teria posteriormente admitido na sua autobiografia (Hakushi no kimyo na shishunki) que esse número não tem base factual e foi empregado apenas para chocar e chamar atenção para o problema.

Mundo editar

Não apenas no Japão, os hikikomoris podem ser encontrados em qualquer grande centro urbano do mundo, e com maior incidência em famílias cujo poder aquisitivo é maior. Com o recente avanço tecnológico e o aumento da renda familiar, estas podem propiciar aos filhos conforto e tecnologia, assim desmotivando-os a enfrentar o mundo, a buscar seu espaço e seguir seu caminho, dando-lhes ocupação permanente em seus lares. Estima-se que nos Estados Unidos, a incidência de hikikomoris é alta, o que fez o sistema de saúde americano elaborar uma cartilha aos psicólogos e psiquiatras. Uma pesquisa no Reino Unido mostrou que os hikikomoris britânicos são centrados em cultura de massa japonesa.

Tratamento editar

Em 2007 o governo japonês implantou um programa de assistência aos hikikomoris, assistentes sociais estabelecem contato com eles através de cartas, telefonemas e depois os convidam a sair para cinema, praças, shoppings, estimulando o contato social e, consequentemente, de modo a diminuir o estado de isolamento. Essas assistentes sociais são chamadas de "super irmãs", por serem do sexo feminino e conseguirem reerguer muitos jovens masculinos nessa situação.

O tratamento é feito estimulando o jovem a atividades sociais, culturais e esportivas, porém, a companhia constante de outra pessoa apoiando é fundamental, visto que os hikikomoris são extremamente sensíveis a interações humanas. Na Inglaterra, grupos de apoio dos que sofrem o mesmo problema se mostraram bastante eficientes.

Ver também editar

Referências

  1. Teo, Alan (8 de novembro de 2012). Modern-Day Hermits: The Story Hikkomori in Japan and Beyond (YouTube). University of Michigan Center for Japanese Studies. Consultado em 26 de fevereiro de 2014. Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2014 
  2. a b Jornal "Asahi Shinbun" (texto em japonês). Site visitado em 23 de julho de 2010.
  3. «Apoio ao "Hikikomori" Para quem enfrenta a "Síndrome do isolamento social"» (PDF). Consulado-Geral do Brasil em Nagoia 
  4. Jozuka, Emiko (12 de setembro de 2016). «Why won't 541,000 young Japanese leave the house?». CNN News. Consultado em 27 de março de 2018. Cópia arquivada em 11 de novembro de 2017 
  5. «613,000 in Japan aged 40 to 64 are recluses, says first government survey of hikikomori». The Japan Times Online (em inglês). 29 de março de 2019. ISSN 0447-5763. Consultado em 29 de março de 2019. Cópia arquivada em 29 de março de 2019 
  6. Chen, Carol W. Berman,Xi (19 de janeiro de 2022). «COVID Threatens to Bring a Wave of Hikikomori to America». Scientific American (em inglês). Consultado em 23 de janeiro de 2022 
  7. «Ein rein japanisches Phänomen?». @GI_weltweit (em alemão). Consultado em 26 de abril de 2023 
  8. bbc.com/ Por que Coreia do Sul paga jovens reclusos para saírem de casa
  9. Kato, Takahiro A.; Kanba, Shigenobu; Teo, Alan R. (2018). «Hikikomori: experience in Japan and international relevance». World Psychiatry. 17 (1): 105–106. PMC 5775123 . PMID 29352535. doi:10.1002/wps.20497 

Bibliografia editar

  • Muraro, Rose Marie (1969). A automação e o futuro do homem 2 ed. Petrópolis: Vozes. 154 páginas 
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