Hipocampo (mitologia)

Personagem

O hipocampo (em grego: ἱππόκαμπος, junção de ἵππος, cavalo, mais κάμπος kampos, monstro[1]) é uma criatura mitológica partilhada pela mitologia fenícia[2] e grega. Tem tipicamente sido descrito como cavalo na parte anterior do seu corpo e peixe na parte posterior com a cauda escamosa, como um cavalo-marinho.[3]

Escultura de um hipocampo heráldico, de um escultor francês não identificado, atualmente em exibição no Museu Marítimo Nacional, em Sydney, Austrália.

Mitologia editar

Fenícios editar

Moedas cunhadas em Tiro por volta do século IV a.C. mostram Melcarte, o deus tutelar da cidade, em um hipocampo alado e acompanhado por golfinhos.[2] Moedas de prata do mesmo período de Biblos exibem um hipocampo mergulhando sob uma galé com três hoplitas em seu anverso.[4]

Gregos e romanos editar

Na mitologia grega, o hipocampo servia de companhia e montaria às nereidas e de animal de tração ao carro de Poseidon. Seres com características semelhantes aparecem na arte de outras culturas, inclusive a Mesopotâmia e a Índia. Também foi representado em bronzes, prataria e pinturas da Antiguidade romana ao período barroco.

 
Hipocampo alado e Tritão na Fonte dos Trevos, Roma

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Criados por Poseidon a partir da espuma do mar, são animais com caudas de peixe brilhantes, semelhantes ao arco-íris, e a parte frontal de seus corpos são de corcel branco. Os hipocampos são as montarias do exército de Poseidon. Homero associa Poseidon, que era o deus dos cavalos, tremores na terra e no mar, causados pelos cascos de bronze dos cavalos sobre a superfície do mar, e Apolónio de Rodes, sendo conscientemente arcaico em Argonautica, descreve o cavalo de Poseidon que emerge do mar e galopando para longe do outro lado das areias líbias.

Em imagens helenísticas e romanas, no entanto, Posídon (ou Netuno) muitas vezes leva uma carruagem marítima puxada por hipocampos. Assim, hipocampos são associados com esse deus em ambas as representações antigas e as mais modernas, como nas águas do século XVIII na Fonte de Trevi em Roma.[carece de fontes?]

O aparecimento de hipocampos em água doce e água salgada é contra-intuitivo para uma audiência moderna, embora não a antiga. A imagem grega do natural ciclo hidrológico não tem em conta a condensação de água na atmosfera em forma de chuva para reabastecer o lençol freático, mas imaginou a água do mar sendo "reabastecida" através de cavernas e aquíferos.

Influências editar

O gênero taxonômico Hippocampus, dos cavalos-marinhos, possui seu nome derivado do hipocampo, assim como o órgão hipocampo, principal sede da memória e importante componente do sistema límbico humano, que foi assim nomeado por Giulio Cesare Aranzio em 1587 devido a sua semelhança a um cavalo-marinho.[5][6]

Como integrante da mitologia grega, o hipocampo aparece em várias obras da cultura popular, como Saint Seya.[7]

Ver também editar

 
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Referências

  1. «Consultório Etimológico: Hipódromo marítmo». Origem da Palavra. 23 de outubro de 2015. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  2. a b «Yizre'el Valley silver hoard - Israel Antiquities Authority». Antiquities.org.il. Consultado em 4 de janeiro de 2017. The coins were minted in the Phoenician coastal city of Tyre and depict the local god Melqarth riding into the waves on a winged hippocamp - a mythological sea monster - accompanied by a dolphin. 
  3. «Hippocampus - Define Hippocampus at Dictionary.com» (em inglês). Dictionary.com. Consultado em 4 de janeiro de 2017 
  4. «Starter of Byblos with galley» (em inglês). Museu de Belas Artes de Boston. Obverse: Galley with lion’s head prow left containing three hoplites with round shields facing left. Below, hippocamp to left. Above its tail: monogram. 
  5. Joseph LeDoux (1996). O Cérebro Emocional. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. p. 86. ISBN 8573021853 
  6. Duvernoy, Henri M.; Cattin, Francoise; Risold, Pierre-Yves (2013). The Human Hippocampus: Functional Anatomy, Vascularization and Serial Sections with MRI (em inglês). Berlim, Nova Iorque: Springer Science & Business Media. ISBN 3642336035 
  7. Dutra, Daniel de Souza (14 de abril de 2015). A mitologia grega no Mangá Saint Seiya – Cavaleiros do Zodíaco (PDF) (Monografia de Graduação em História). Lajeado: Centro Universitário UNIVATES