História do Partido Comunista da União Soviética (Bolcheviques)

A História do Partido Comunista de Toda a União (Bolcheviques): Breve Curso (Russo: История Всесоюзной Всесоюзной коммунистической партии (большевиков). Краткий курс), é um livro didático sobre a história do Partido Comunista da União Soviética (Bolcheviques) (PCUS (B)) (Russo: Всесоюзная коммунистическая партия (большевиков) - ВКП(б), romanizado: Vsesoyuznaya kommunisticheskaya partiya (bol'shevikov) - VKP(b)), publicado pela primeira vez em 1938. Coloquialmente conhecido como Breve Curso (Russo: Краткий курс), tornou-se o livro mais difundido durante a época (até 1952) em que Joseph Stalin serviu como Secretário-Geral do Comité Central do PCUS (B) e uma das obras mais importantes elucidando o Marxismo-leninismo.

História do Partido Comunista da União Soviética (Bolcheviques): Breve Curso
История Всесоюзной коммунистической партии (большевиков). Краткий курс
Autor(es) Autoria colectiva
Idioma Russo
País  União Soviética
Género História
Editora OGIZ Gosizdat (primeira edição)
Formato Impressão
Lançamento 1 de outubro de 1938
Páginas 350 (primeira edição)

Visão geral editar

O livro foi encomendado por Stalin em 1935.[1] Sobre os motivos para compilá-lo, Robert Service citou um oficial bolchevique que disse haver necessidade de um livro que "em vez da Bíblia" "desse uma resposta rigorosa [...] [a] muitas questões importantes". Na época, o partido preocupava-se com a abundância de publicações sobre a história do PCUS (B) e buscava um livro único, simples e confiável sobre o assunto. O livro foi escrito por uma equipe de historiadores e membros do partido, sendo os principais autores Vilhelm Knorin, Pyotr Pospelov e Yemelyan Yaroslavsky. Stalin escreveu o capítulo sobre o materialismo dialético.

Em 1937, um esboço do Breve Curso foi submetido a Stalin, que por sua vez solicitou várias revisões do texto, incluindo mais referências históricas. A 16 de Abril, o Politburo decretou que Knoriņ, Pospelov e Yaroslavsky seriam dispensados de todas as suas outras obrigações partidárias durante um período de quatro meses, a fim de completar o Breve Curso.[2]

Entre 8 de setembro e 17 de setembro de 1938, Pospelov, Yaroslavsky, Vyacheslav Molotov e Andrei Zhdanov (Knorin foi preso no Grande Expurgo e executado em 29 de julho de 1938) reuniram-se diariamente com Stalin no seu escritório, no Kremlin, para fazer as últimas edições do manuscrito. O primeiro capítulo apareceu no Pravda em 9 de setembro de 1938 e o restante do texto foi publicado em série, sendo o último capítulo lançado a 19 de setembro. Naquele dia, o Politburo decidiu ter uma primeira edição de seis milhões de exemplares, a ser vendida a um preço particularmente baixo - três rublos a cópia, o equivalente ao preço de um litro e meio de leite na época.[3] Em 1º de outubro, o livro foi lançado.[4]

Em 14 de Novembro, o Comité Central emitiu uma resolução sobre A Conduta da Propaganda do Partido em Relação à Publicação do Breve Curso,[5] declarando que "acaba com toda arbitrariedade e confusão na apresentação da história do partido" e transformando o livro em leitura obrigatória no currículo de todos os estudantes universitários e frequentadores de escolas partidárias.[6]

Até à morte de Stalin em Março de 1953, o Breve Curso foi reimpresso 301 vezes e teve 42.816.000 exemplares emitidos apenas em russo.[3] Além disso, foi traduzido para 66 outros idiomas.[7] Na Hungria, 530.000 cópias foram impressas entre 1948 e 1950.[8] Na Tchecoslováquia, mais de 652.000 cópias foram impressas de 1950 a 1954.[9] Foi o trabalho mais difundido no tempo de Stalin e nenhuma publicação comunista bateu o seu recorde até às Citações do Presidente Mao.[10]

Em 1956, Nikita Khrushchev repudiou formalmente o Breve Curso no seu "Discurso Secreto". Uma nova história oficial do partido escrita por uma equipa liderada por Boris Ponomarev foi publicada em 1962 sob o nome de A História do Partido Comunista da União Soviética.[11]

Mudanças no texto editar

A versão da história do partido descrita na primeira edição de 1938 foi significativamente alterada para corresponder às preferências de Stalin e mudou durante as reimpressões subsequentes, seguindo as mudanças na liderança do partido.[carece de fontes?]

Líderes bolcheviques veteranos como Nikolai Bukharin, Lev Kamenev, Alexei Rykov, Leon Trotsky e Grigory Zinovyev, que entraram em conflito com Stalin e foram mortos na década de 1930, foram descritos como "mencheviques" que desde o início "se opuseram a Lenin e ao partido Bolchevique".[carece de fontes?] Os nomes de Filipp Goloshchyokin e Nikolai Yezhov, inicialmente descritos como "líderes experientes engajados no esclarecimento do Exército Vermelho" em 1938, foram excluídos do livro depois que ambos foram presos em 1939.[carece de fontes?]

Influência na China editar

Embora o Breve Curso tenha acabado por ser rejeitado pela liderança soviética durante o Degelo de Kruschev, as suas formulações, especialmente a ideia de que a luta de classes não só continuou, como se intensificou à medida que o Estado avançava para o socialismo, continuaram a ter uma importância fundamental na China, onde Mao Tsé-Tung atacou repetidamente os seus opositores no Partido Comunista da China como "via capitalista" e agentes de conspirações burguesas, contra-revolucionárias e do Kuomintang.[12] Mao sentiu que o Breve Curso combinava melhor os ensinamentos de Karl Marx e Vladimir Lenin, além de ser um projecto para aplicar os ideais comunistas no mundo real.[13] A China continuava a crescer para um estado Marxista-leninista e isso aconteceu plenamente em 1949, tornando praticamente um terço da população do mundo sob o comando do Marxismo-leninismo.[14]

Referências

  1. Rappaport, Helen (1999). Joseph Stalin: A Biographical Companion. ABC-CLIO. ISBN 978-1576070840. p. 130.
  2. Torchinov, Valeri ; Leontiuk, Alexei (2000). Vokrug Stalina: Istoriko-Biograficheskii Spravochnik. Filologicheskii Fakultet Sankt-Peterburgskogo Universitet. ISBN 5-8465-0005-6. p. 255.
  3. a b Boterbloem, Kees (2004). Life and Times of Andrei Zhdanov, 1896-1948. McGill-Queen's Press. ISBN 9780773526662. p. 176.
  4. Volkogonov, Dmitri (1989). Triumf i tragediia : politicheskii portret I.V. Stalina. Novosti. OCLC 20665799. p. 147.
  5. «О постановке партийной пропаганды в связи с выпуском "Краткого курса истории ВКП(б)": Русская философия : Руниверс». Runivers 
  6. Banerji, Arup (2008). Writing History in the Soviet Union: Making the Past Work. Berghahn Books. ISBN 9788187358374. pp. 143-144.
  7. Bernstein, Thomas P.; Hua-Yu, Li (2010). China Learns from the Soviet Union, 1949-Present. Rowman & Littlefield. ISBN 9780739142226. p. 113.
  8. Botos, János (1988). Magyar hétköznapok : Rákosi Mátyás két emigrációja között, 1945-1956. Minerva. ISBN 9789632234373. p. 304.
  9. Elman Zareco, Kimberly (2011). Manufacturing a Socialist Modernity: Housing in Czechoslovakia, 1945-1960. University of Pittsburgh Press. ISBN 9780822944041. p. 309.
  10. Eley, Geoff (2002). Forging Democracy: The History of the Left in Europe, 1850-2000. Oxford University Press. ISBN 9780195044799. p. 256.
  11. Banerji. p. 148.
  12. Walder, Andrew G. (2015), China under Mao: A revolution derailed. Harvard University Press. ISBN 9780674058156. pp 25-26.
  13. Zedong, Mao (1 January 1971). Selected Work of Mao Tse-Tung. Foreign Languages Press. p. 24.
  14. McCauley, Martin (2014). Stalin and Stalinism. New York, New York: Routledge.

Ligações externas editar