Incompetência istmocervical

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Incompetência istmo-cervical (IIC) ou insuficiência cervical é a condição médica em que o colo uterino reduz de tamanho e se dilata antes do fim da gravidez, geralmente durante o segundo trimestre. Pode ser causado por defeitos anatômicos ou lesões locais. Afeta cerca de 1% das mulheres.[1]

Incompetência istmocervical
Incompetência istmocervical
Cerclagem do cérvix (em inglês).
Especialidade ginecologia e obstetrícia
Classificação e recursos externos
CID-10 N88.3
CID-9 622.5
CID-11 1232629655
DiseasesDB 2292
MedlinePlus 000595
eMedicine 1979914
MeSH D002581
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Causas editar

As causas de incompetência istmo-cervical podem ser de dois tipos: congênitas ou adquiridas. As causas congênitas são aquelas que levam a uma má-formação do canal ístmico-cervical, exemplo: maior concentração de fibras elásticas que fibras musculares. As causas adquiridas, por sua vez, são aquelas que levam a uma deformidade deste canal após o nascimento como partos com utilização de fórceps, partos traumáticos, dilatação forçada do colo uterino, conização, tumores istmo-cervical (como miomas ou papilomas), etc.[2][3]

A IIC leva a perdas gestacionais a partir da décima oitava semana, quando o bebê ainda não está pronto para viver fora do útero materno. Geralmente as perdas são inevitáveis, quando não monitoradas por um bom profissional, pois o colo dilatada sem dor. Por vezes a bolsa estoura sem aviso prévio.

Sinais e sintomas editar

Geralmente não causa sintomas antes do parto prematuro, logo o diagnóstico quase sempre só é feito após uma ou mais partos prematuros ou abortos sem motivo aparente. Pode causar pequeno sangrado e sensação de pressão. O cérvix apagado pode ser visto em uma colposcopia a partir das 15 semanas.

Diagnóstico editar

Com ultrassonografia transvaginal a partir da 16a semana. A incompetência cervical pode ser definida como comprimento cervical inferior a 25 mm antes da 24a semana de gestação. Quanto menor maior o risco de parto prematuro.[4]

Tratamento editar

As medidas de precaução geralmente são:

  • Repouso moderado à absoluto
  • Cerclagem na 12-14ª semana de gestação
  • Medicamentos inibidores de contração uterina precoce (Inibina, Dactil), AAS. Mas os médicos também não concordam plenamente com esses medicamentos, existindo ressalvas quanto a seu uso.

O que se sabe até hoje é que o repouso absoluto costuma ajudar a manter a gestação até pelo menos a 34ª semana, quando então o pulmão do bebê estará melhor desenvolvido. Quando detectada, administrar corticosteroides para amadurecimento dos pulmões fetais é uma medida importante para preparar o feto para o parto.

O uso de pessário cervical está sendo estudado como uma alternativa às cerclagens cervicais, pois há menos complicações potenciais. Um anel de silicone é colocado na abertura do colo do útero no início da gravidez e removido quando nas últimas semanas da gravidez (37-40a semana).[5]

Cerclagem editar

A cerclagem é uma cirurgia para manter o cérvix fechado e é associada a utilização de progesterona tópica como medida preventiva, nas mulheres história prévia de incompetência cervical ou em casos de pacientes em urgência com cervicodilatação, na ausência de contraindicações. O relato isolado de largura cervical inferior a 25 mm não é considerado critério absoluto para realização desse procedimento.

Cerclagem é como uma costura em volta do colo uterino antes da 13ª semana de gestação com um, dois ou mais pontos, dependendo do grau da IIC. É feita com anestesia local ou radial e, na maioria das vezes, não há necessidade de internação. A linha utilizada é em sua maioria a mesma usada em cardiologia. Além disso, existem diversas técnicas de cerclagem ou ainda, circlagem, como é escrita em alguns livros.

Não é uma técnica 100% garantida, mas, mesmo assim, consegue aumentar as chances de uma gravidez com sucesso.

Também existe a cerclagem interna, pouco usada no Brasil. Esta é feita com uma cirurgia de grau maior, e tem mais riscos que a outra. Antes de recorrer à cerclagem, converse com seu ginecologista para saber se ele está habilitado para esse procedimento. Apesar de simples, a realização da cerclagem exige estudo e acompanhamento por parte do médico.

Após a cirurgia, como medida cautelar, deve-se realizar o ultrassom mensalmente para medir o colo uterino. Colo uterino menor que 3cm exige cautela e repouso absoluto, pois corre-se risco de rompimento dos pontos da cerclagem.

Referências

  1. American College of Obstetricians and, Gynecologists (Feb 2014). "ACOG Practice Bulletin No.142: Cerclage for the management of cervical insufficiency". Obstetrics and Gynecology. 123 (2 Pt 1): 372–9. doi:10.1097/01.AOG.0000443276.68274.cc. PMID 24451674.
  2. Althuisius, Sietske M.; Dekker, Gustaaf A; Hummel, Pieter; Bekedam, Dick J; van Geijn, Herman P. (novembro de 2001). «Final results of the Cervical Incompetence Prevention Randomized Cerclage Trial (CIPRACT): Therapeutic cerclage with bed rest versus bed rest alone». American Journal of Obstetrics and Gynecology (em inglês). 185. EUA. pp. 1106–1112. Consultado em 13 de abril de 2012 
  3. «Cervical Incompetence - Protocol #40» (PDF). Maternal Fetal Medicine, University of New Mexico (em inglês). Março de 2011. Consultado em 14 de abril de 2012. Arquivado do original (PDF) em 17 de junho de 2012 
  4. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-na-gesta%C3%A7%C3%A3o/insufici%C3%AAncia-cervical
  5. Abdel-Aleem, H; Shaaban, OM; Abdel-Aleem, MA (May 31, 2013). "Cervical pessary for preventing preterm birth". The Cochrane Database of Systematic Reviews. 5 (5): CD007873. doi:10.1002/14651858.CD007873.pub3. PMID 23728668.

Relato de Caso: [1]