Invasão Mongol na Europa

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A invasão mongol da Europa por hordas comandadas por Batu Cã e Subedei atingiu a Polônia, Hungria e Romênia após os mongóis terem conquistado e devastado a Rússia. Alguns historiadores discutem se a campanha mongol do Leste Europeu teve alguma importância macro-histórica. A maioria dos historiadores militares acreditam que tais ataques foram essencialmente advertências, objetivando enfraquecer os poderes ocidentais de forma a não atrapalhar os interesses mongóis no oriente, principalmente na Rússia. Evidências indicam que Batu estava preocupado em assegurar as fronteiras ocidentais das conquistas russas, e só depois da destruição dos exércitos locais que passou a pensar em conquistar toda a Europa.[1][2]

Invasão Mongol na Europa
Partes das Conquistas e invasões mongóis

Invasão mongol da Europa 1236-1242
Data De meados ao final do século XIII
Local Europa Oriental e Central, Cáucaso e Balcãs
Desfecho Numerosas entidades políticas europeias destruídas, subjugadas ou invadidas e forçadas a pagar tributo. Devastação das populações, culturas e estruturas políticas na maior parte da Europa Oriental e do Cáucaso e em grande parte da Europa Central.
Mudanças territoriais Bulgária do Volga, Cumânia, Alânia e os principados russos conquistados pelo Império Mongol. A Reino da Geórgia subjugado. Partes do Hungria temporariamente controladas pelo Império Mongol. A Europa Central e Oriental e o Cáucaso do Norte estão repetidamente sujeitos a ataques e invasões.
Beligerantes
Rússia de Kiev
Reino da Polônia (1025–1385) Polônia
Reino da Hungria
Geórgia
Bulgária do Volga
Alânia
Império Mongol
Comandantes
Purgaz Batu Cã

A invasão da Europa editar

Estratégia editar

O ataque à Europa foi planejado e conduzida por Subedei, o qual talvez alcançou a sua vitória mais famosa. Após devastar os vários principados russos, ele enviou espiões para Polônia, Hungria e até a Áustria, preparando um ataque ao coração da Europa. Tendo uma noção clara dos reinos europeus, ele brilhantemente preparou um ataque teoricamente comandado por Batu Cã e outros dois príncipes de sangue. Batu era o líder supremo, porém no campo Subedei era o comandante, assim como foi nas campanhas na Rússia e na Ucrânia. Os ataques à Polônia e Romênia serviram para distrair os reinos vizinhos da Hungria, impedindo-os de ajudarem os húngaros e assim arruinarem seus planos para a Europa Central. O verdadeiro objetivo dos mongóis era a Hungria, que possuía uma área de estepes.

Divisão dos exércitos editar

Na Europa Central, os mongóis se dividiram em três grupos. Ao norte um grupo conquistou a Polônia, arrasando várias cidades do sul do país (dentre elas Sandomir, Lublim e Cracóvia) e derrotando em Legnica uma força combinada de tropas alemãs e polonesas sob o comando de Henrique o Piedoso, duque da Silésia e o grão-mestre da Ordem Teutônica. Ao sul, atravessaram os montes Cárpatos, na atual Romênia, e no centro o exército principal atravessou o Danúbio. Os três exércitos reagruparam-se e devastaram a Hungria em 1241, vencendo em 11 de abril os exércitos húngaros.

Os exércitos alcançaram as planícies húngaras no verão e na primavera de 1242 retomaram seu ímpeto e estendeu seu controle até a Áustria e a Dalmácia e a Boêmia. O exército novamente reunificado então se retirou do rio Sajo, onde alcançou uma tremenda vitória sobre o rei Bela IV da Hungria na batalha de Mohi. Subedei dirigiu a operação, e esta foi sem dúvida uma de suas maiores vitórias, se não a maior.

A guerra contra a Hungria e a batalha de Mohi editar

O rei da Hungria convocou um conselho de guerra em Gran (Estrigônia), um grande e importante assentamento acima do rio em Buda e Peste. Batu avançava sobre a Hungria vindo do nordeste e foi decidido pelo próprio rei que suas forças se concentrariam em Pest e então se dirigiram ao norte para enfrentar o exército mongol. Quando as notícias da estratégia de batalha húngara chegaram aos ouvidos dos comandantes mongóis, eles lentamente se retiraram, arrastando os seus inimigos. Esta era a estratégia mongol clássica, aperfeiçoada por Subedei. Ele preparou o campo de batalha e esperou. Era uma forte posição, por que as árvores impediam que seus fileiras fossem claramente rastreados ou vistos, enquanto que ao longo do rio na planície de Mohi, o exército húngaro encontrava-se extrememente exposto.

Então na noite de 10 de abril de 1241 Subedei lançou a batalha de Mohi, apenas um dia antes de o exército menor na Polônia vencer a Batalha de Legnica. Em Mohi, uma divisão cruzou o rio em segredo para avançar no campo húngaro pelo flanco sul o corpo principal começou a cruzar o Sajo pela ponte em Mohi. Após enfrentar forte resistência, foram utilizadas catapultas para limpar a margem oposta. Quando a travessia foi completada o outro contingente atacou ao mesmo tempo. O resultado foi pânico, e para impedir que os húngaros não lutassem desesperadamente até o último homem os mongóis deixaram uma brecha óbvia no seu cerco. Isto, junto com a retirada fingida, foi uma das estratégias mongóis mais valorizadas.

Como Subedei planejou, os húngaros em fuga se dirigiram ao redor deste buraco aparente nas linhas, que os levou a uma área pantanosa. Quando os cavaleiros húngaros se dividiram, os arqueiros mongóis ligeiros os aporrinharam à vontade e depois foi notado que cadáveres se espalharam pelo interior em um espaço de uma jornada de dois dias. Dois arcebispos e três bispos foram mortos no Sajo, somados a 40 000 homens em combate, o orgulho da Hungria. No final de 1241 Subedei estava discutindo planos de invadir Áustria, Itália e os estados germânicos, quando chegaram notícias da morte de Oguedai Cã, e como resultado os mongóis tiveram de se retiraram, já que o Príncipe do Sangue e Subedei foram chamados à Mongólia. Depois disso os exércitos mongóis nunca mais avançaram tão a oeste, concentrando-se mais na conquista da China.

Ataques posteriores editar

Depois do grande ataque de 1241, os mongóis ainda promoveriam alguns ataques, só que em pequena escala, contra reinos vizinhos da Europa Central e Oriental. Em 1259, sob a liderança de Burundai e Nogai Cã foi promovido um novo ataque à Lituânia e Polônia, que tal como o primeiro foi bem-sucedido. Com um exército de 20 000 homens (ou seja 2 tumens), Lublim, Zawichost, Sirádia, Sandomir, Cracóvia e Bytom foram saqueadas neste reide, que serviu basicamente para colecionar butim para financiar a guerra de Berke contra Hulagu. E ainda um terceiro ataque ainda ocorreria em 1287. De início foi bem-sucedido porém fracassou em tomar Cracóvia. Em 1265, ouve um reide bem sucedido contra a Trácia, e como resultado o imperador bizantino Miguel VIII Paleólogo deu sua filha Eufrósine em casamento a Nogai. Na Hungria, ainda houve uma segunda tentativa de invasão mongol em 1285, liderada por Nogai. Após atacarem com sucesso a Transilvânia, pilhando cidades como Brasov, Reghin, Bistrita e Arad, a força invasora foi detida próxima a Peste pelo exército do rei Ladislau IV e emboscado pelos Szekély no retorno. A Bulgária foi alvo de investidas mongóis em 1271, 1274, 1280 e 1285, e a Lituânia sofreu novos ataques em 1275 e 1277.

Ver também editar

Referências

  1. Allsen, Thomas T. (25 de março de 2004). Culture and Conquest in Mongol Eurasia. [S.l.]: Cambridge UP. ISBN 9780521602709 
  2. Chambers, James. The Devil's Horsemen: The Mongol Invasion of Europe (London: Weidenfeld and Nicolson, 1979)