Jahanara Imam (bengali জাহানারা ইমাম) (Murshidabad, 3 de maio de 1929Detroit, 26 de junho de 1994) foi uma escritora e ativista política bengali, conhecida por seus esforços em levar a julgamento pessoas acusadas de crimes de guerra durante a Guerra de Independência de Bangladesh. Chegou a ser chamada popularmente de "Shaheed Janani" (mãe dos mártires).

Jahanara Imam
জাহানারা ইমাম
Jahanara Imam
Jahanara Imam em 1993
Nascimento 3 de maio de 1929
Murshidabad, Província de Bengala
Índia Britânica
Morte 26 de junho de 1994 (65 anos)
Detroit, Michigan
Estados Unidos
Nacionalidade indiana
Cônjuge Sharif Imam (1948-1971)
Ocupação escritora e ativista política
Gênero literário ficção científica e fantasia

Biografia editar

Jahanara nasceu em 1929, na cidade de Murshidabad, em Bengala Ocidental, na então Índia Britânica. Era a filha mais velha entre três irmãos e quatro irmãs. Seu pai era Syed Abdul Ali, funcionário público do estado de Bengala e sua mãe era Hamida Ali. Por conta do trabalho do pai, a família morou em diversos lugares de Bengala. Numa época em que havia muita pressão da sociedade muçulmana para que mulheres não estudassem, Hamida apoiou as filhas a buscar estudo o quanto quisessem.[1][2]

Assim que terminou seus estudos no Carmichael College, em Rangpur, em 1945, Jahanara ingressou no Lady Brabourne College, da Universidade de Calcutá e em 1947 obteve um diploma de bacharelado.[3] Já desde seus tempos na universidade, Jahanara se envolveu com o ativismo. Depois da Partição da Índia, Jahanara se juntou à família em Mymensingh, que se tornaria parte do leste do Paquistão, onde começou a lecionar em uma escola de ensino médio para moças.[4][5][6]

Em 1948, casou-se com Shariful Alam Imam Ahmed, engenheiro civil que ela conheceu enquanto ainda estudava no Carmichael College.[6] O casal então se estabeleceu em Dhaka e ela ingressou na Siddheswari Girls School como diretora. Jahanara teve papel central na transformação da escola em uma das melhores do país.[5]

Jahanara foi a primeira editora de uma revista feminina mensal chamada "Khawateen".[5] Ela começou a ser publicada em 1952 e permaneceu em publicação por vários anos, com muito sucesso de público. Em 1960, Jahanara deixou seu trabalho como diretora escolar para se concentrar na criação de seus dois filhos, Rumi e Jami, nascido em 1952 e 1954, respectivamente.[5]

Neste meio tempo, Jahanara conseguiu terminar um mestrado em língua bengali e literatura, além de um bacharelado em educação pela Universidade de Daca em 1962 e 1963. De 1970 em diante, ela também lecionou por meio período no Instituto de Línguas Modernas da mesma universidade.[6]

Guerra de Independência de Bangladesh editar

Em 1971, depois da eclosão da guerra com o Paquistão em 25 de março, a Guerra de Independência de Bangladesh eclodiu. Muitos se juntaram à ao movimento de resistência, o Mukti Bahini, inclusive o marido, e o filho de Jahanara, Rumi. Durante a guerra, ela manteve um diário onde falava de seus sentimentos a respeito da luta e do custo da guera. Este depois se tornaria um dos mais importantes livros sobre a guerra em Bangladesh.[5]

Rumi acabou capturado pelo exército paquistanês e nunca mais foi visto. Jahanara e o filho mais novo, junto de outros membros da família, foram presos, torturados e interrogados. Seu marido nunca mais foi o mesmo após as seções de tortura e morreu três dias antes da libertação do país, em 16 de dezembro de 1971.[7][8]

Carreira editar

Após a independência do país, a carreira literária de Jahanara começou. Neste período, ela viajou bastante, percorrendo a Europa, indo para o Canadá e os Estados Unidos. Em 1986, publicou seu diário com as memórias da guerra, Ekatturer Dinguli (Os dias de 1971).[6] Seu diário é muito parecido com o de Anne Frank por conter relatos muito pessoais sobre a guerra. Seu estilo simples de escrever acabou tocando os leitores, principalmente as famílias que perderam parentes nos conflitos.[6]

Morte editar

Em 1981, Jahanara foi diagnosticada com câncer na boca e as sucessivas cirurgias lhe deixaram com grande dificuldade de falar. Ela continuou a escrever e a lutar para que os envolvidos na guerra de independência enfrentassem a justiça por crimes contra a humanidade. Ela morreu em 26 de junho de 1994, em Detroit, aos 64 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério dos Mártires Intelectuais, em Daca.[6]

Referências

  1. Islam, Sirajul (2012). «Imam, Jahanara». Banglapedia: National Encyclopedia of Bangladesh. [S.l.]: Asiatic Society of Bangladesh 
  2. «Portrait of Shaheed Janani Jahanara Imam». The Daily Star. 14 de fevereiro de 2013. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  3. «Jahanara Imam's 20th death anniversary today». Dhaka Tribune. 26 de junho de 2014. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  4. «Jahanara Imam's death anniversary on Wednesday». The Dhaka Tribune. 26 de junho de 2013. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  5. a b c d e Osama Rahman, ed. (10 de dezembro de 2013). «Revisiting the Revolution». The Daily Star. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  6. a b c d e f Philip Hensher, ed. (1 de março de 2013). «Bangladesh's bestseller about its brutal birth». The Guardian. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  7. Prasanta Karmakar, ed. (30 de outubro de 2009). «bn:মুক্তিযুদ্ধের নিভৃত এক সহযাত্রী». Prothom-Alo. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  8. «Jahanara Imam: An Unstoppable, Uniting Force». The Daily Star. Consultado em 21 de setembro de 2020