Jandaia-de-testa-vermelha

Jandaia-de-testa-vermelha (nome científico: Aratinga auricapillus)[2][3] também conhecida popularmente como jubacanga e ajurujubacanga,[4] é uma ave da família dos psitacídeos (psittacidae) do Brasil e Paraguai. Os seus habitats naturais são: floresta subtropical ou tropical seca, floresta tropical e subtropical úmida, savana seca e plantações. Está ameaçada por perda do habitat. A jandaia-de-testa-vermelha é um bom indicador biológico devido à sua vulnerabilidade, alta detectabilidade e sensibilidade à fragmentação florestal.[5][6]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaJandaia-de-testa-vermelha
Aratinga auricapilla no Zoológico Zoológico de Breslávia, na Polônia
Aratinga auricapilla no Zoológico Zoológico de Breslávia, na Polônia
Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Psittaciformes
Família: Psittacidae
Género: Aratinga
Espécie: A. auricapilla
Nome binomial
Aratinga auricapilla
(Kuhl, 1820)
Distribuição geográfica
Distribuição no Brasil
Distribuição no Brasil
Exemplar exposto no Jardim Zoológico de Breslávia, na Polônia

Descrição editar

A jandaia-de-testa-vermelha tem 30 centímetros (12 polegadas) de comprimento e é principalmente verde com um bico preto, olhos brancos, barriga vermelho-alaranjada e rosto vermelho desbotando para amarelo sobre a coroa.[7] Os membros juvenis do grupo desenvolvem suas marcas amarelas na cabeça e coloração vermelha na parte inferior do corpo na idade adulta. Seu peso aproximado é de 4,9 oz (0,139 kg) - 5,25 oz (0,149 kg).[8]

Taxonomia editar

O nome do gênero Aratinga foi criado para descrever periquitos e papagaios sul-americanos de médio a pequeno porte.[1] Dentro do grupo de espécies jandaia-amarela, a jandaia-de-testa-vermelha é o único membro considerado politípico: é dito conter a subespécie A. a. aurifrons. A variável medida para esta base é a coloração ligeiramente variada entre os dois (menos vermelho no dorso e amarelo na cabeça para A. a. aurifrons do que para A. auricapillus). Outras variáveis, como tamanho, apresentaram pouca variabilidade entre os dois e, portanto, a distinção ainda está em questão.[9]

Comportamento editar

Como membros da subespécie Aratinga solstitialis, as jandaias-de-testa-vermelha tendem a povoar suas áreas de residência dentro de florestas em grupos, que podem variar de 4 a 15 indivíduos.[9] A época de reprodução ocorre durante o verão austral, que no hemisfério sul é de dezembro a março, com pares sendo avistados em novembro e filhotes dependentes em março. Jandaias-de-testa-vermelha têm um tamanho de ninhada de cerca de 3 a 5 ovos por nidificação; o período de incubação desses ovos é estimado em cerca de 25 dias, e os filhotes levam cerca de 7 a 8 semanas antes de poderem voar.[8]

Habitat editar

A jandaia-de-testa-vermelha habita principalmente as florestas semidecíduas do nordeste do Brasil, embora ao longo do tempo tenha se adaptado às áreas agrícolas rurais e às vezes até às cidades, espalhando-se pelos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Paraná.[1][10]

Dieta editar

O comportamento alimentar da jandaia-de-testa-vermelha é classificado como frugívoro.[11] No entanto, tem outras fontes de alimento, incluindo sementes, pétalas e botões de flores, néctar e líquens. Durante um estudo de 2010 a 2012 sobre os hábitos alimentares das jandaias-de-testa-vermelha, observou-se que os pássaros ignoravam principalmente o exocarpo e o mesocarpo ou as camadas externas dos frutos para comer as sementes dentro. Entre os alimentos ingeridos, os pesquisadores observaram que comiam vários materiais vegetais de mutamba (Guazuma ulmifolia), milho (Zea mays), paineira (Ceiba speciosa), goiabeira (Psidium guajava), amendoim-bravo (Pterogynes nitens) e cinamomo (Melia azedarach). Além disso, a crescente paisagem antropogênica em torno do habitat da jandaia-de-testa-vermelha levou a um aumento no consumo de sementes e frutas exóticas cultivadas, incluindo cítricos, mamão, manga e milho.[10]

Conservação editar

Embora observado em declínio devido ao desmatamento com base em dados registrados nas áreas afetadas, as jandaias-de-testa-vermelha são mais comumente encontrados fora das florestas primárias e têm uma distribuição populacional em toda a Guiana, Brasil e Paraguai.[9] Durante um levantamento publicado em 2018 de espécies de aves locais em Minas Gerais, no Brasil, receberam uma Frequência de Ocorrência “Frequente” em toda a região, e outros levantamentos relatando avistamentos no Parque Nacional da Chapada Diamantina e na Serra de Ouricana revelaram que a pequena população de jandaias-de-testa-vermelha consegue relativamente manter seus números.[11][12][13] Os esforços de conservação direcionados às jandaias-de-testa-vermelha e à proteção de seu habitat também ajudaram a retardar o declínio, mas uma preocupação contínua com a possibilidade de caçadores furtivos que capturam pássaros exóticos como animais de estimação e a perda de habitat para gado, café, cana-de-açúcar e fazendas de soja mantém a espécie na categoria “quase ameaçada” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN / IUCN).[1] Em 2005, foi classificada como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] em 2014, como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[15] e como Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[16][17]

Referências

  1. a b c d BirdLife International (2016). «Aratinga auricapillus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22685710A93084117. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22685710A93084117.en . Consultado em 12 de novembro de 2021 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 184. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. «Jandaia-de-testa-vermelha». Parque Ecológico Klabin. Consultado em 12 de abril de 2022 
  4. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 991 
  5. Bochio, Gabriela Menezes; Anjos, Luiz dos (2012). «The Importance of Considering Bird Detectability for Assessing Biological Integrity». Natureza & Conservação. 10 (1): 72–76. ISSN 1679-0073. doi:10.4322/natcon.2012.012  
  6. Anjos, Luiz dos (junho de 2007). «Efficiency of the point count method in bird richness evaluation». Revista Brasileira de Ornitologia. 15: 239–243 – via ORCID 
  7. «Golden-capped Parakeet - BirdLife Species Factsheet». BirdLife International (2008). Consultado em 3 de janeiro de 2009 
  8. a b “Golden-capped Conure”. World Parrot Trust (2021). Retrieved 9 March 2021.
  9. a b c Silveira, Luís Fábio; Lima, Flávio César Thadeo de; Höfling, Elizabeth (1 de janeiro de 2005). «A New Species of Aratinga Parakeet (Psittaciformes: Psittacidae) from Brazil, With Taxonomic Remarks on the Aratinga Solstitialis Complex». The Auk. 122 (1): 292–305. doi:10.1093/auk/122.1.292 
  10. a b Silva, Antonio P.; Melo, Celine (2013). «Foraging of the Golden-Capped Parakeet (Aratinga Auricapillus) in the Anthropogenic Landscape in Brazil» (PDF). The Neotropical Ornithological Society 
  11. a b Vitorino, Breno Dias; Rodrigues, Marisa Brandão; Frota, Angélica Vilas Boas da; Avelar, Daniel Moreira de; Rodrigues, Wellington Luiz; Castrillon, Solange Kimie Ikeda; Nunes, Josué Ribeiro da Silva (12 de abril de 2018). «Aves de paisagem rural na região Centro-oeste do estado de Minas Gerais, Brasil». Neotropical Biology and Conservation. 13 (1): 62–73. ISSN 2236-3777. doi:10.4013/nbc.2018.131.08  
  12. Parrini, Ricardo (1999). «Birds of the Chapada Dimantina, Bahia, Brazil». Continga. 11: 86–95 
  13. Gonzaga, L. P.; Pacheco, J. F.; Bauer, C.; Castiglioni, G. D. A. (setembro de 1995). «An avifaunal survey of the vanishing montane Atlantic forest of southern Bahia, Brazil». Bird Conservation International. 5 (2–3): 279–290. ISSN 0959-2709. doi:10.1017/s0959270900001040  
  14. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  15. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  16. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  17. «Aratinga auricapillus (Kuhl, 1825)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 22 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Jandaia-de-testa-vermelha
 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Jandaia-de-testa-vermelha