Jandira Martini

atriz brasileira

Jandira Lúcia Lalia Martini (Santos, 10 de julho de 1945São Paulo, 29 de janeiro de 2024) foi uma atriz, autora, encenadora e produtora teatral brasileira.[1] Iniciou a carreira nos palcos teatrais, tendo atuado e escritos diversas peças, mas ficou mais conhecida por seus trabalhos na televisão. Ela é ganhadora de vários prêmios, incluindo um Molière, três Prêmios APCA, um Mambembe, um Prêmio Qualidade Brasil e um Prêmio Shell.

Jandira Martini
Jandira Martini
Martini durante evento.
Nome completo Jandira Lúcia Lalia Martini
Nascimento 10 de julho de 1945
Santos, SP
Morte 29 de janeiro de 2024 (78 anos)
São Paulo, SP
Causa da morte câncer de pulmão
Nacionalidade brasileira
Cônjuge José Geraldo Martini
Ocupação
Período de atividade 1964–2024

Martini fez sua estreia profissional na peça A Crônica, em 1965. Desde então, tornou-se recorrente nos palcos paulistas, com destaque em peças como A Falecida (1966), Medéia (1970), Ricardo III (1975), Bodas de Papel (1978), Morre o Rei (1982), e outras. Além do mais, é célebre por ter escrito e dirigido diversas peças de sucesso, muitas ao lado do amigo Marcos Caruso, como as premiadas Sua Excelência, o Candidato (1986), Jogo de Cintura (1988), A Vida É Uma Ópera (1992) e Porca Miséria (1993).[2]

Na década de 1980, transferiu-se para a televisão, onde ganhou destaque como a megera Teodora Abdala na telenovela Sassaricando (1987). Posteriormente vieram outros trabalhos, como Genu em Éramos Seis (1994); Zoraide El Adib em O Clone (2001–02); Puja em Caminho das Índias (2009); Madame Gilda em Escrito nas Estrelas (2010); e Salomé em Morde & Assopra (2011). Por seu trabalho em O Clone, Jandira foi amplamente elogiada pela crítica e público, ganhando um Prêmio Qualidade Brasil.

Biografia editar

Primeiros anos de vida e formação editar

Jandira nasceu em Santos, em São Paulo, em 10 de julho de 1945. Ela é filha do ourives Alfredo Lalia e da dona de casa Jandira Gião. Aos 22 anos, em 1967, graduou-se em Letras pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), ano em que começou a se envolver com projetos no teatro. Mais tarde, concluiu o curso de interpretação pela renomada Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD-USP).[3]

Carreira editar

1965–80: Início da carreira no teatro editar

Após concluir seus estudos, Jandira iniciou sua carreira artística participando da peça de teatro A Crônica, de Carlos Alberto Soffredini, com apresentação em Santos.[4] No mesmo ano, repete parceria nos palcos com Soffredini no espetáculo O Cristo Nu, que possui grande parte do elenco de seu primeiro trabalho.[5] No ano seguinte, participa de uma montagem de A Falecida, texto de Nelson Rodrigues com direção de Celso Nunes, que viria a se tornar um de seus grandes parceiros do teatro. Nesses três primeiros projetos, trabalhou em cena com os atores Ney Latorraca, Eliana Rocha e Rubens Ewald Filho. Em 1967, faz estreia em seu primeiro grande projeto, a peça Pedro Pedreiro, de Renata Pallottini e direção de Silnei Siqueira. O espetáculo, que contava com trilha sonora de Chico Buarque, foi apresentado na capital paulista.[6]

Foi ainda em 1967 que ela estreou no papel de protagonista com a peça Joana d'Arc Entre as Chamas, sob a direção de Paul Claudel, com a atuação de Umberto Magnani ao seu lado.[7] Concomitantemente, estreia na televisão com pequenas participações em telenovelas, como Ilusões Perdidas (1966) Beto Rockfeller (1968) e Uma Rosa Com Amor (1970).[8] Em 1968, atua em uma montagem de O Rato no Muro, de Hilda Hilst, sob direção de Tereza Aguiar.[9] No mesmo ano estrela o monólogo O Relicário, autoria de Coelho Neto e direção de Maria José de Carvalho.[10] Finalizando a década de 1960, atua no espetáculo Exercícios Americanos (1969), sendo dirigida por Ademar Guerra com Ney Latorraca, Carlos Alberto Riccelli, Esther Góes e grande elenco.[11]

Em 1970, atua no premiado espetáculo A Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Vianna. A peça foi um marco em sua carreira e muito elogiada pela crítica. Contava com um elenco renomado, como Beatriz Segall, Fernando Torres, Juca de Oliveira, Regina Braga e Sylvio Zilber.[12] No mesmo ano, é dirigida por Celso Nunes na peça O Interrogatório, que reaproveitou boa parte do elenco de A Longa Noite de Cristal.[13] Por fim, volta a ser dirigida por Silnei Siqueira na tragédia grega Medéia, de Eurípides.[14] Estrela com Regina Braga a peça Cândido, baseada no conto filosófico Cândido, ou O Otimismo, em 1971, de Voltaire.[15] Em 1973, interpreta "Carmem" na peça Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, de Carlos Alberto Soffredini.[16] Ao lado de Raul Cortez, destacou-se no espetáculo Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá (1974), sob direção de Léo Jusi.[17] No mesmo ano, ainda estrela O Que Você Vai Ser Quando Crescer?. Em 1975, integra o elenco da grande produção Ricardo III, adaptação de Antunes Filho da peça de teatro de William Shakespeare. Na obra, que é baseada na história verdadeira do rei Ricardo III da Inglaterra, retratando a ascensão maquiavélica de Ricardo III e sua iminente queda, ela interpreta três personagens: Margarida de Anjou; Dona York e Alegoria.[18]

Em 1976, estrela Vamos Brincar de Papai e Mamãe Enquanto Seu Freud Não Vem, de Carlos Castilho e Carlos Queiroz Telles, com direção de Mário Masetti, e também atua em Ai de Ti, Mata Hari.[19] Em 1977, é convidada por Fauzi Arap, um dos grandes nomes do teatro brasileiro, para o elenco de sua peça Um Ponto de Luz.[20] No ano seguinte, participa da aclamada peça Bodas de Papel, escrita por Maria Adelaide Amaral, que venceu os prêmios Molière, Governador do Estado, Ziembinski e APCA de melhor peça, e dirigida por Cecil Thiré. Martini não pôde continuar na peça até o fim de seu tempo em cartaz e foi substitúida por Irene Ravache no elenco.[21] Recém saída de Bodas de Papel, logo foi escalada para uma montagem de Os Saltimbancos, ao lado de Bruna Lombardi e Miguel Ramos.[22] Em 1978 aparece na televisão em uma participação especial na telenovela Dancin' Days, da TV Globo.[8] Foi dirigida por Irene Ravache no espetáculo As Avestruzes, em 1979, uma montagem do texto original de Micheline Bourday.[23]

1981–89: Consolidação no teatro e retorno à televisão editar

 
Martini em cena na telenovela Sassaricando, em 1987.

Em 1981, estreia na direção profissional no teatro com o espetáculo Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani. Em parceria com Eliana Rocha, que também dirige a peça, escreveram o roteiro da obra. Ambas também atuaram no elenco, ao lado de nomes como Noemi Gerbelli, Walter Breda, e outros. A obra retratava a vida do anarquista italiano Gigi Damiani, que imigrou para São Paulo juntando-se a grupos revolucionários.[24] Em 82, aparece como "Rei Bérenger I" e "Rainha Margarida" no espetáculo Morre o Rei, de Eugène Ionesco e direção de Tereza Aguiar. No ano seguinte, retorna à televisão na telenovela infantil Braço de Ferro, da Band. Em seu primeiro trabalho fixo na TV, Martini interpretou "Celina".[25] No ano de 1984, integra o elenco de Com a Pulga Atrás da Orelha, peça do francês Georges Feydeau.[26] Em 1985, encena seu quarto trabalho ao lado do diretor Celso Nunes em Pra Lá de Marrakesh.[27]

No ano 1986, inicia uma longa parceria no teatro com o ator Marcos Caruso, que tornou-se um de seus melhores amigos. Juntos, a dupla escreveu e montou a peça Sua Excelência, o Candidato. O espetáculo, que mostra os bastidores da "politicagem" brasileira, levou os dois para o sucesso da crítica e lhes rendendo o festejado Prêmio Molière de melhor autoria.[28] A peça foi montada diversas vezes por grandes nomes, incluindo Bibi Ferreira, e tornou-se um dos clássicos do teatro brasileiro.[29] No mesmo ano, retorna ao posto de diretora em Ao Sol do Novo Mundo.[30] Por fim, regressa ao horário nobre da TV Globo na telenovela Roda de Fogo, em uma participação especial no papel de "Filomena Liberato".[31] No entanto, foi em 1987 que ela conseguiu seu maior papel na televisão até então, em Sassaricando, novela do horário das sete da TV Globo. Na trama, sua personagem é a megera "Teodora Abdalla", uma mulher rica que morre nos primeiros capítulos mas retorna em forma de espírito para atormentar seu marido "Aparício" (Paulo Autran).[32]

Também teve uma carreira de destaque no teatro por ser uma das fundadoras do grupo Royal Bexiga's Company. Em 1988, retorna aos palcos com Marcos Caruso no espetáculo Jogo de Cintura. A dupla, além de protagonizar a peça, também são os autores.[33] A peça marca o segundo sucesso da dupla nos palcos. Junto com a obra anterior (Sua Excelência, o Candidato), venderam mais de 650 mil ingressos ao longo das apresentações, números respeitáveis para o cenário do teatro.[33] Em 1989, mais uma vez retorna à direção com A Revolução Está Chegando e Eu Não Tenho o Que Vestir, texto de Humberto Simonetta e Lívia Cerrini, protagonizada por Ileana Kwasinski, amiga de longa data de Martini.[34]

1990–99: Contratação pelo SBT e companhia de teatro editar

Em 1990, Jandira retornou aos cinemas após trezes anos com a comédia Uma Escola Atrapalhada, de Del Rangel. No filme, estrelado por Angélica e Supla, ela interpreta a diretora de um colégio que está prestes a ser demolido por uma grande imobiliária.[35] Em dezembro de 1990, é contratada pela Rede Manchete para trabalhar como colaboradora do roteiro da telenovela A História de Ana Raio e Zé Trovão, escrita por Marcos Caruso e Rita Buzzar. Além da escrita do roteiro, também foi convidada para fazer uma participação especial como a estelionatária "Vitória Imperial (Martina Ferraz)".[36] Ainda contratada pela Manchete, é convidada para o elenco da minissérie O Fantasma da Ópera (1991) no papel de "Marion Leik Fitzgerald", uma cantora da ópera em que a trama se concentra.[37] Em 1992, é agraciada com o Prêmio APCA de melhor autora por seu trabalho em A Vida É Uma Ópera, estrelado pela própria atriz. O enredo gira em torno das peripécias de mulheres de meia-idade refletem sarcasticamente as ações políticas na cultura em meio à corrupção.[38]

No ano seguinte, estreia um de seus maiores sucessos no teatro. Ao lado, mais uma vez, de Marcos Caruso, escreve, produz e protagoniza a peça Porca Miséria, vencedora dos prêmios APCA e Shell de melhor autoria.[39] O espetáculo foi sucesso de crítica e público, registrando recordes de bilheteria.[2] A narrativa da montagem destaca a trajetória dos irmãos Buongermino, personagens centrais da trama, e evidencia a degradação urbana, moral e econômica presente na sociedade brasileira, com foco particular no centro da cidade de São Paulo. O espetáculo retrata o dia a dia de uma família de ascendência italiana, residente no bairro do Bixiga.[2] Em 1994, mais uma parceria da dupla, O Céu da Pátria.[40]

Ainda em 1994, é contratada pelo SBT para integrar o elenco da telenovela Éramos Seis, interpretando um de seus papéis mais memoráveis, a solidária "Dona Genú".[41] Na trama, ela formava o divertido par romântico com "Virgulino", personagem de Marcos Caruso, sendo eles um casal de amigos da família protagonista da trama.[42] Em 1995, é escalada para a telenovela Sangue do Meu Sangue. A trama não repetiu o sucesso da produção anterior do SBT e passou por crise de audiência. Sua personagem é "Rebeca".[43] Ainda na emissora, em 1996, criou e protagonizou a série Brava Gente, com Caruso.[44] A trama, semelhante à peça de sucesso Porca Miséria, acompanha as aventuras de uma família paulistana de classe média baixa, os Messinari, moradora do Bixiga, em São Paulo. Ela interpreta a matriarca "Augusta Messinari". Era a segunda vez que os atores Marcos Caruso e Jandira Martini repetiam a dobradinha de marido e mulher, em razão do sucesso de seus personagens "Virgulino" e "Dona Genu", em Éramos Seis.[44]

Em 1996, entra como sócia da companhia teatral Teatro Paulista de Comédia (TPC), ao lado de Marcos Caruso, Nilton Travesso e Carlos Duque.[33] O grupo funcionou como produtor de diversas comédias nos teatros de São Paulo.[33] A primeira montagem da companhia foi Os Reis do Improviso, que tinha seu script criado por Martini e Caruso.[33] Em 1999, volta a trabalhar com um texto de Georges Feydeau no espetáculo Gato por Lebre, onde assume o posto de diretora e produtora. Ela também foi responsável pela tradução e adaptação do texto.[26] Na escolha do elenco, Martini convidou atores com quem já tinha trabalhado formando uma espécie de cooperativa pois não conseguiu patrocínio para a obra.[26]

2000–09: Volta à TV Globo e sucesso nas telenovelas editar

 
Jandira como "Zoraide" em O Clone, em 2001.

Em 2001, foi recontratada pela TV Globo. Logo foi escalada para o elenco da minissérie Os Maias, de Maria Adelaide Amaral, livremente inspirada no romance homônimo de Eça de Queiroz. Na trama, sua personagem é "Eugênia Silveira", uma mulher religiosa e amiga da família Maia.[45] Em outubro de 2001, interpreta "Zoraide El Adib" na novela do horário nobre O Clone, de Glória Perez. Sua personagem é a governanta da casa da protagonista "Jade" (Giovanna Antonelli), com quem mantém uma forte amizade.[46] A novela foi um sucesso de audiência e tornou a atriz ainda mais popular no cenário nacional. Por seu trabalho em O Clone, Jandira foi amplamente elogiada pela crítica e público, ganhando um Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz Coadjuvante em Televisão.[47]

Em 2003, volta às telas na minissérie histórica A Casa das Sete Mulheres interpretando "Antônia Gonçalves", a irmã mais velha de Bento Gonçalves (Werner Schünemann) que vive em uma estância próxima a que se passa a trama central das sete mulheres.[48] No mesmo ano, escreve a peça Sonho de Uma Noite de Outono, uma comédia que conta a história do teatro operário do início século XX no Brasil. Jandira divide a direção com Eliana Rocha, em mais uma parceria no teatro.[49] Em 2004, realiza uma participação especial no episódio "Aquele com os Loucos" do seriado A Diarista, no papel de "Dilma", diretora de uma clínica psiquiátrica. Ainda em 2004, atua no drama biográfico Olga, de Jayme Monjardim, que tem Camila Morgado no papel de Olga Benário. No filme, ela é "Sarah", uma mulher judia no campo de concentração da Alemanha Nazista.[50]

À convite de Glória Perez, regressa às telenovelas em América (2005). Na trama, exibida no horário nobre da TV Globo, ela dá vida a "Odaléia", uma mulher batalhadora que vive apreensiva com o sonho de sua filha, Sol (Déborah Secco), de morar nos Estados Unidos.[51] Em 2006, retoma sua parceria no teatro com Marcos Caruso e escreve a obra Operação Abafa, a qual também atua como atriz.[52] Em 2007, participa do elenco da segunda fase da minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, sua terceira contribuição com Glória Perez na televisão.[53] Entre novembro de 2007 e maio de 2008, esteve no ar na telenovela Desejo Proibido, de Walther Negrão, como "Dona Guará". Sua personagem é uma costureira, a maior fofoqueira da pequena cidade da trama, que mantém todos informados e é casada com o barbeiro "Dioclécio" (Roberto Bonfim).[54]

Ainda em 2007, em novembro, realiza novamente uma montagem de sua peça A Vida É Uma Ópera, encenada originalmente em 1992.[55] No ano de 2008, escreve e protagoniza o espetáculo de comédia dramática O Eclipse. Dirigida por Jô Soares, ela interpreta a diva italiana Eleonora Duse em um imaginário de sua passagem pela cidade de São Paulo.[56] A peça recebeu muitos elogios da crítica, lhe rendendo seu terceiro Prêmio APCA de melhor autoria em peça de teatro, além de ser indicada à mesma categoria do Prêmio Shell. Em 2009, interpreta a dalit "Puja" em Caminho das Índias. Na trama, ela luta pela inserção dos intocáveis (os dalits no sistema de castas na Índia) na sociedade.[57]

2010–23: Trabalhos recentes editar

 
Martini em 2013 na peça Prof! Profa!.

Em 2010, destaca-se como a cartomante "Madame Gilda" em Escrito nas Estrelas. A personagem se tornou popular na trama por seu tom cômico, pois trata-se de uma vidente charlatã que possui muita intuição. No decorrer do enredo, ela passa a se conectar com o espírito de Daniel (Jayme Matarazzo), protagonista que morre no início da novela. A performance lhe rendeu a indicação de Melhor Atriz Coadjuvante no Prêmio Quem de Televisão.[58] Em 2011, interpreta mais uma personagem de destaque na novela Morde & Assopra, de Walcyr Carrasco. Na obra, ela é a vilã "Salomé Sampaio", uma mulher mesquinha que esconde sua fortuna e atormenta a vida das pessoas ao seu redor por sua ambição.[59]

Em 2012, atua em sua última telenovela, Salve Jorge, encerrando sua parceria com Glória Perez. Ela deu vida à turca "Farid Khalid", uma mulher que tem constantes fugas da realidades, imaginando seus familiares como personagens do império otomano em seus devaneios.[60] Em 2013, foi aclamada pela crítica no monólogo Prof! Profa!. Indicada ao Prêmio APCA de Melhor Atriz de Teatro, ela interpreta uma professora que, em um surto, matou seus alunos do 3° ano.[61] Em 2017, atua em uma participação especial no episódio "Ctrl + Alt + Del" da série Manual para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis, da Warner. Foi convida por Glória Perez para atuar na novela A Força do Querer em 2017, que marcaria seu retorno ao gênero, no entanto recusou o convite por querer diminuir a carga de gravações e se dedicar ao teatro.[62]

Nos últimos anos de sua carreira, dedicou-se mais a pequenos projetos, sobretudo no cinema. Em 2019, foi convidada para o elenco da comédia Chorar de Rir, dirigida por Toniko Melo e estrelada por Leandro Hassum, onde interpreta a mãe do protagonista, "Julieta". Em 2020, aparece no filme infantil 10 Horas para o Natal, como "Vó Nena". Após sete anos afastada dos palcos, retornou ao teatro com a peça Em Busca do Bonde Perdido, de sua autoria, que narra a descoberta de uma doença e as mudanças de perspectivas de vida após esse acontecimento.[63] Em 2022, atua como mãe de Fabiana Karla na comédia Uma Pitada de Sorte.[64]

Vida pessoal editar

Durante 57 anos, Jandira foi casada com Geraldo Dias Martini, com quem teve dois filhos, Lucas e Maria Fernanda. Jandira foi amiga muito próxima do também ator e autor teatral Marcos Caruso, com quem co-escreveu diversos sucessos para o teatro e televisão.

Morte editar

Martini faleceu em 29 de janeiro de 2024, aos 78 anos; ela estava internada no Hospital 9 de Julho em São Paulo e enfrentava uma longa batalha contra um câncer de pulmão. A notícia foi divulgada por Caruso através das redes sociais.[65]

Teatro editar

Ano Título Personagem Notas
1965 A Crônica
O Cristo Nu
1966 A Falecida
1967 Pedro Pedreiro
Joana d'Arc Entre as Chamas Joana D'arc
1968 O Rato no Muro
O Relicário
1969 Exercícios Americanos
1970 A Longa Noite de Cristal
O Interrogatório
Medéia
1971 Cândido
1973 Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube Carmem; Corista
1974 Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá Greta Garbo
O Que Você Vai Ser Quando Crescer?
1975 Ricardo III Margarida de Anjou; D. York; Alegoria
1976 Vamos Brincar de Papai e Mamãe Enquanto Seu Freud Não Vem
Ai de Ti, Mata Hari
1977 Um Ponto de Luz
1978 Bodas de Papel
Os Saltimbancos
1979 As Avestruzes
1981 Em Defesa do Companheiro Gigi Damiani Também autora e diretora
1982 Morre o Rei Rei Bérenger I; Rainha Margarida
1984 Com a Pulga Atrás da Orelha
1985 Pra Lá de Marrakesh
1986 Sua Excelência, o Candidato Diversos Também como autora
Ao Sol do Novo Mundo Como diretora
1988 Jogo de Cintura Também como autora
1989 A Revolução Está Chegando e Eu Não Tenho o Que Vestir Como diretora
1992 A Vida É Uma Ópera Também como autora
1993-95 Porca Miséria Também autora e produtora
1994 O Céu da Pátria Como autora
1997 Os Reis do Improviso Manolita Gonçalves[66] Também como autora
1998 Porca Miséria Também autora e produtora
1999 Gato por Lebre Também como diretora
2003 Sonho de Uma Noite de Outono Como autora e diretora
2006 Operação Abafa Também como autora
2008 O Eclipse Eleonora Duse[56] Também como autora
2013 Prof! Profa!
2017 O Velho Como autora
2020 Em Busca do Bonde Perdido Também como autora[63]

Filmografia editar

Televisão editar

Ano Título Papel Nota
1983 Braço de Ferro Celina
1986 Roda de Fogo Filomena Liberato[67] Participação especial
1987 Sassaricando Teodora Abdala Varela
1990 Ana Raio e Zé Trovão Vitória Imperial / Martina Ferraz Também co-roteirista
1991 O Fantasma da Ópera Marion Leik Fitzgerald
1994 Éramos Seis Genuína D'Angelo (Genu)
1995 Sangue do meu Sangue Rebecca Camargo[68]
1996 Brava Gente Augusta Messinari
2001 Os Maias Eugênia Silveira
O Clone Zoraide El Adib
2003 A Casa das Sete Mulheres Antônia Gonçalves da Silva
2004 A Diarista Dilma Episódio: "Aquele com os Loucos"
2005 América Odaléia de Oliveira Pardal
2007 Amazônia, de Galvez a Chico Mendes Donana
Desejo Proibido Guaracyaba dos Anjos (Dona Guará)
2009 Caminho das Índias Puja Hitid
2010 Escrito nas Estrelas Gildete Salmon (Madame Gilda)[67]
2011 Morde & Assopra Salomé de Sousa Sampaio
2012 Salve Jorge Farid Khalid (Vó Farid)
2017 Manual para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis Margô Episódio: "Ctrl + Alt + Del"
2018 Viver do Riso Ela mesma Episódio: "O Humor no Auditório"

Cinema editar

Ano Título Papel Notas
1977 Será Que Ela Aguenta? Diretora[69]
1990 Uma Escola Atrapalhada[70] Dona Alma[71]
2004 Olga[72] Sarah
2005 O Casamento de Romeu e Julieta como roteirista e produtora associada
2006 Trair e Coçar É Só Começar como roteirista
2019 Chorar de Rir Julieta[73]
2020 10 Horas para o Natal Vó Nena
2021 Doce Encanto Irene
2022 Uma Pitada de Sorte Regina "Gina" Brandão[74]

Prêmios e indicações editar

Ano Associações Categoria Nomeações Resultado Ref
1986 Prêmio Molière Melhor Autora (com Marcos Caruso)
Sua Excelência, o Candidato
Venceu [28]
1992 Prêmio APCA de Teatro Melhor Autora — Teatro
A Vida É uma Ópera
Venceu [38]
1993 Prêmio Shell Melhor Autora (com Marcos Caruso)
Porca Miséria
Venceu [75]
Prêmio Mambembe Melhor Autora (com Marcos Caruso) Venceu
Prêmio APCA de Teatro Melhor Autora — Teatro Venceu
2002 Prêmio Qualidade Brasil Televisão: Melhor Atriz Coadjuvante
O Clone
Venceu [76]
2008 Prêmio APCA de Teatro Melhor Autora — Teatro
O Eclipse
Venceu
2009 Prêmio Shell Melhor Autora Indicada [77]
2010 Prêmio Quem de Televisão Melhor Atriz Coadjuvante de Televisão
Escrito nas Estrelas
Indicada [78]
2013 Prêmio APCA de Teatro Melhor Atriz — Teatro
Prof! Profa!
Indicada

Referências

  1. «Jandira Martini, a Zoraide de 'O Clone', morre aos 78 anos em São Paulo». G1. 30 de janeiro de 2024. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  2. a b c «Folha de S.Paulo - Teatro: "Porca Miséria", recorde de público, estará em Jundiaí - 11/09/98». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  3. Szoka, Elzbieta (1 de janeiro de 2002). Fourteen Female Voices from Brazil: Interviews and Works (em inglês). [S.l.]: Host Publications, Inc. ISBN 9780924047220 
  4. «A Crônica». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  5. «O Cristo Nu». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  6. «Pedro Pedreiro». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  7. «Joana d'Arc Entre as Chamas». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
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  9. «O Rato no Muro». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  10. «O Relicário». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  11. «Exercícios Americanos». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  12. «A Longa Noite de Cristal». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  13. «O Interrogatório». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  14. «Medéia». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
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  19. «Vamos Brincar de Papai e Mamãe Enquanto Seu Freud Não Vem». Itaú Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  20. UM Ponto de Luz. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento389689/um-ponto-de-luz. Acesso em: 03 de fevereiro de 2024. Verbete da Enciclopédia. ISBN 978-85-7979-060-7
  21. «Com a peça "Bodas de Papel", nascia uma autora - 02/10/2016 - Ilustríssima». Folha de S.Paulo. 3 de fevereiro de 2024. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  22. «Os Saltimbancos». Itaú Cultural. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
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  25. Conteúdo, Estadão (30 de janeiro de 2024). «Jandira Martini: Relembre os principais trabalhos da atriz que morreu aos 78 anos». Correio do Povo. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  26. a b c «Folha de S.Paulo - Teatro: Jandira Martini monta comédia "Gato por Lebre" - 17/07/99». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
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  28. a b Online, Gisele Rossi-Gazeta do Povo. «Reynaldo Gianecchini apresenta "Sua Excelência, o Candidato"». Gazeta do Povo. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  29. «Folha de S.Paulo - Estréia nova versão de 'Sua Excelência' - 10/8/1994». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
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