O jequitibá-rosa (nome científico: Cariniana legalis), árvore emergente brasileira da família Lecythidaceae, é a árvore-símbolo dos estados de São Paulo e do Espírito Santo. Seu porte e beleza fizeram com que seu nome fosse dado a cidades, ruas e palácios.[7]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaJequitibá-rosa

Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 2.3) [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Filo: Tracheophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
Gênero: Cariniana
Espécie: C. legalis[2][3]
Nome binomial
Cariniana legalis
(Mart.) Kuntze, 1898
Distribuição geográfica
Mapa mostrando a distribuição confirmada de C. legalis em pontos amarelos.[4]
Mapa mostrando a distribuição confirmada de C. legalis em pontos amarelos.[4]
Sinónimos

No Estado do Espírito Santo é considerada árvore símbolo e tem data comemorativa, o dia 21 de setembro conforme lei nº 6.146, de 8 de fevereiro de 2000.[8] O Projeto Jequitibá-Rosa, da Associação Ecológica Força Verde, esteve à procura da maior árvore dessa espécie no Espírito Santo. Acabou encontrando um jequitibá-rosa gigantesco, em Barra do Triunfo, município de João Neiva. Medições comparativas indicam claramente que esta é a maior árvore da Mata Atlântica brasileira, medindo 11,85 metros de circunferência.

Existe alguma confusão a respeito do nome vulgar dessa espécie, que, dependendo da região do Brasil, pode referir-se a qualquer uma das espécies de jequitibás.

É a espécie tipo do gênero Cariniana, descrita como Cariniana brasiliensis por Casaretto, em 1842, no Rio de Janeiro. No entanto, foi descrita pela primeira vez por von Martius em 1837 como Couratari legalis. A revisão de gêneros botânicos feita por Kuntze em 1898 a renomeou como Cariniana legalis.[6]

Sinonímia: congolo-de-porco, estopa, jequitibá-de-agulheiro, jequitibá-branco, jequitibá-cedro, jequitibá-grande, jequitibá-vermelho, pau-carga, pau-caixão, sapucaia-de-apito.

Características morfológicas editar

 
Jequitibá-rosa no Jardim Botânico de São Paulo.

É considerada a maior árvore nativa do Brasil, porque pode atingir até 50 metros de altura e um tronco com diâmetro de até sete metros.[9]

Suas folhas membranáceas medem até 4 x 7 cm. As flores, pequenas, que surgem de dezembro a fevereiro, são de cor creme.

O fruto é um pixídio lenhoso, cuja abertura espontânea, em agosto-setembro, libera as pequenas sementes de dispersão eólia. Um quilograma contém cerca de 22 mil sementes, que germinam em ambiente semi-sombreado, emergindo o broto entre 12 e 20 dias.

Ocorrência editar

Originalmente encontrada no centro e sudeste do país (estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul), e também em Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco, na Mata Atlântica, tanto na pluvial quanto na latifoliada semidecidual, sempre em solos férteis. Talvez ocorra também na Colômbia e na Venezuela.[4][10][11]

O maior e mais antigo espécime vivo do jequitibá-rosa se encontra em Camacã/BA, com 48 metros de altura total e 4,35 metros de diâmetro.[12] O Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro-SP, preserva a maior coleção de jequitibás conhecida e possui os dois maiores exemplares do Estado de São Paulo; o "Patriarca", com cerca de 600 anos, 4,03 metros de diâmetro, 42 metros de altura e 162,7 m³ em volume lenhoso,[13][14] e a "Matriarca", com 43,8 metros em altura e 3,60 metros de diâmetro, estando entre os seres mais antigos do planeta.[15][16][17]

Leia mais: https://www.arvoresgigantes.org/lista-de-arvores-gigantes2/jequitiba-rosa/42 m e seu diâmetro 4 m.[14][18] Outro espécime importante fica no Parque Estadual dos Três Picos, RJ.

Ecologia editar

Semidecídua, heliófita, aparece em dispersão irregular e descontínua: por exemplo, no Parque Estadual Vassununga aparece na forma de um grupo.

Ocupa o estrato superior da floresta primária densa, na qual é maior sua ocorrência.

A ameaça à espécie, que cresce em terras férteis, vem da expansão agrícola e urbana.

Usos editar

Suas sementes são muito apreciadas por macacos.

É planta medicinal, sua casca é usada em extrato fluido.[19]

A madeira, leve, é usada na construção civil apenas em obras internas, e na fabricação de móveis, pois é pouco resistente ao ataque de xilófagos.

Ornamental e de porte monumental, pode ser usada no paisagismo de parques, praças e áreas rurais.

Tolera a luz, por isso pode ser usada na revegetação de áreas desmatadas. O que tem sido feito para preservá-los.

Ver também editar

Referências

  1. «Cariniana legalis». http://apiv3.iucnredlist.org/api/v3/website/Cariniana%20legalis. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  2. «Cariniana legalis». http://eol.org/. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  3. Roskov Y., Abucay L., Orrell T., Nicolson D., Bailly N., Kirk P.M., Bourgoin T., DeWalt R.E., Decock W., De Wever A., Nieukerken E. van, Zarucchi J., Penev L., eds (2017). «Cariniana legalis Kuntze». Species 2000 & ITIS Catalogue of Life, 2017 Annual Checklist. Digital resource at www.catalogueoflife.org/annual-checklist/2017. Species 2000: Naturalis, Leiden, the Netherlands. ISSN 2405-884X. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  4. a b «Cariniana legalis Kuntze». https://www.gbif.org/. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  5. a b «Cariniana legalis (Mart.) Kuntze». The Plant List. Version 1.1.; http://www.theplantlist.org/. 2013. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  6. a b c «Cariniana legalis (Mart.) Kuntze». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  7. «Instituto de pesquisas e estudos florestais». 2018. Consultado em 20 de agosto de 2018 
  8. «Lei nº 6.146». Assembleia Legislativa do Espírito Santo 
  9. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica-ÁRVORES GIGANTESCAS DA TERRA E AS MAIORES ASSINALADAS NO BRASIL: Alceo Magnanini, Cristina Magnanini
  10. Catenacci, F.S.; Ribeiro, M.; Smith, N.P. «Lecythidaceae». Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  11. «Cariniana legalis». Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). 25 de maio de 2012. Consultado em 27 de setembro de 2017 
  12. «Maior jequitibá do Brasil é encontrado no sul da Bahia.». Portal Vida no Campo. 17 de março de 2017. Consultado em 16 de abril de 2019 
  13. «1º Patriarca - Parque Estadual Vassununga :: ÁRVORES GIGANTES». www.arvoresgigantes.org. Consultado em 8 de outubro de 2019 
  14. a b «Jequitibá-Rosa de 600 anos é descoberto por pesquisadores em Santa Rita do Passa Quatro». G1. Consultado em 16 de abril de 2019 
  15. «Qual é a árvore mais alta da Terra?». Terra. Consultado em 31 de Agosto de 2015 
  16. «A Última Arca de Noé». Consultado em 1 de setembro de 2006. Arquivado do original em 19 de novembro de 2008 
  17. «Planeta Sustentável: espécies que desafiam os séculos». Consultado em 20 de dezembro de 2008. Arquivado do original em 9 de julho de 2009 
  18. Árvores Gigantescas da Terra e as Maiores Assinaladas no Brasil[ligação inativa]
  19. Farmacopéia brasileira de 1929

Fontes editar

  • Lorenzi, Harri, Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol 1, 4a. edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002. ISBN 85-86714-16-X