João Filgueiras

arquiteto brasileiro responsável por diversas edificações publicas

João da Gama Filgueiras Lima (Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1932Salvador, 21 de maio de 2014) também conhecido como Lelé[1][2][3] foi um arquiteto brasileiro conhecido pelos projetos desenvolvidos junto à Rede Sarah de hospitais.[1] A maioria de suas obras encontram-se fora do eixo Rio-São Paulo, especialmente nos estados da região Nordeste do país e em Brasília, cuja construção acompanhou.[1][2]

João Filgueiras
Nome completo João da Gama Filgueiras Lima
Nascimento 10 de janeiro de 1932
Rio de Janeiro, RJ
Morte 21 de maio de 2014 (82 anos)
Salvador, BA
Nacionalidade brasileiro
Obras notáveis Rede de Hospitais Sarah Kubitschek
Prêmios Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia em 2003

Biografia editar

Apesar de ter nascido, crescido e se formado no Rio de Janeiro, passou a maior parte da vida adulta em Brasília e em Salvador. Formou-se arquiteto pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ), em 1955 e sob influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade.[1] Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade.[4][5] A necessidade de racionalização na construção de Brasília, despertou em Lelé o interesse na tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, levando-o ao leste europeu para conhecer as tecnologias de construções pré-fabricadas aplicadas em países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, em meados da década de 1960.

A obra arquitetônica de Lelé caracteriza-se especialmente pela busca da racionalização e da industrialização da arquitetura. Durante sua trajetória chegou a propor métodos e processos de pré-fabricação de elementos construtivos inéditos no país, sendo inclusive dono de uma fábrica de pré-fabricados (a qual não mais existe). A forma como a argamassa armada, em especial, e o aço foram explorados em sua obra também é fato revelador de tal preocupação.

Lelé atuou como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde desenvolveu os projetos e a execução dos novos hospitais da rede. Trabalhando para a CTRS, também desenvolveu projetos de mobiliário hospitalar, entre os quais destaca-se uma cama-maca móvel utilizada bastante pelos hospitais da rede. Com a CTRS, trabalhou ainda na construção de sedes do Tribunal de Contas da União em diversas cidades, como Salvador, Aracaju, Cuiabá, Teresina, Natal, Rio Grande do Norte, Vitória e Belo Horizonte.[6][7] Em muitas de suas obras verificam-se painéis e outras obras do artista plástico Athos Bulcão, com quem Lelé estabeleceu uma parceria criativa durante bastante tempo.

Além dos hospitais de Rede Sarah, destacam-se também em sua obra os projetos do Palácio Tomé de Sousa, sede provisória da Prefeitura de Salvador (a qual, apesar de ter sido construída na década de 1980 é usada até hoje), o Centro Administrativo da Bahia e de várias passarelas de Salvador.[2] Muitas das obras desenvolvidas pela prefeitura de Salvador nos anos de 1979-81 e 1986-88 saíram de sua prancheta, uma vez que Lelé se tornou uma espécie de arquiteto oficial da cidade nas gestões do prefeito Mário Kertész. Nesses dois períodos, desenvolveu um conjunto extenso de obras de infraestrutura urbana (micro e macrodrenagem, acessibilidade etc), mobiliário urbano, equipamentos públicos, entre outros, elaborados no Escritório de Projetos da prefeitura e produzidos nas fábricas públicas da RENURB e da FAEC.[8]

Foi reintegrado à Universidade de Brasília em 1990, quando se aposentou.[4]

Em 2003 recebeu o título de doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.

Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Riachuelo, existe uma rua residencial com seu nome.

Em 21 de maio de 2014 faleceu vítima de complicações de câncer de próstata, aos 82 anos, em Salvador.[1][2][3]

Principais projetos editar

Galeria editar

Referências

  1. a b c d e Arquiteto 'Lelé' morre aos 82 anos, em Salvador
  2. a b c d Governador decreta luto oficial de um dia pela morte do arquiteto Lelé
  3. a b «Morre em Salvador o arquiteto João Filgueiras, o Lelé». A Tarde. 21 de maio de 2014. Consultado em 21 de maio de 2014 [ligação inativa]
  4. a b «O predileto de Lúcio Costa». Consultado em 25 de setembro de 2010. Arquivado do original em 26 de outubro de 2011 
  5. «História da Universidade de Brasília». Consultado em 25 de setembro de 2010. Arquivado do original em 7 de outubro de 2010 
  6. «A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção». Consultado em 25 de setembro de 2010. Arquivado do original em 9 de outubro de 2010 
  7. A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção[ligação inativa]
  8. Vale, Michel Hoog Chaui do. «João Filgueiras Lima (Lelé): arquitetura pública e urbanismo em Salvador (1979-81 e 1986-88)» 

Referências bibliográficas editar

  • DERNTL, Maria Fernanda; "A necessidade da racionalização" in Revista AU n 140; São Paulo: PINI, novembro de 2005
  • LATORRACA, Giancarlo; João Filgueiras Lima - Lelé; São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 2000
  • COSTI, Marilice Costi. A influência da Luz e da Cor em Corredores e salas de espera hospitalares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002

Ligações externas editar

Ver também editar

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