João Roiz de Castel-Branco

poeta português
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João Rodrigues de Castelo Branco ou Joam Roiz de Castel-Branco, também grafado João Ruiz de Castello-Branco, foi um militar e nobre português, fidalgo da Casa Real,[1] cortesão e poeta humanista.

João Roiz de Castel-Branco
Nascimento século XV
Lisboa / Castelo Branco?, Portugal
Morte após 1515
Castelo Branco, Portugal
Nacionalidade Reino de Portugal
Brasão da família Castelo-Branco

Família editar

Filho legítimo e primogénito de D. Rui Gonçalves de Castelo-Branco, fidalgo do Conselho do rei D. Afonso V, Vedor da Fazenda do Algarve e Contador da comarca da Guarda (que então abrangia quase toda a Beira-Baixa) [2] , e de sua mulher, D. Guiomar Vaz de Castelo Branco, senhora da Torre e Devesa de Paredes, em Cabeço de Vide.

Biografia editar

Nasceu presumivelmente em Lisboa ou em Castelo Branco em meados do século XV e parece ter falecido nesta última cidade depois de 1515.

Fez parte das cortes de D. Manuel I e D. João III. Militou pelo Norte de África. Por carta régia de 21 de Agosto de 1515 foi nomeado contador da fazenda da Beira e almoxarifado da cidade da Guarda, cargo que já pertencera a seu pai .[1][2]

Jaz sepultado na capela-mor da igreja de Santa Maria do Castelo (Castelo Branco), em jazigo armoriado da família de sua mulher, D. Catarina Vaz de Sequeira, descendente do mestre da Ordem de Aviz e regente do Reino, D. Fernão Rodrigues de Sequeira.[2]

Casamento e descendência editar

Do seu casamento com D. Catarina Vaz de Siqueira, nasceram dois filhos e quatro filhas, de quem ficou numerosa e ilustre descendência, encontrando-se a sua representação genealógica na casa dos Viscondes de Alter do Chão (família Caldeira de Castel-Branco).

Obra editar

Celebrizou-se como poeta, encontrando-se algumas de suas composições integradas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, publicado em 1516.[3] Nessa compilação de poemas dos séculos XV e XVI, Roiz de Castel-Branco é um dos mais destacados, junto a Diogo Brandão, Duarte de Brito, Jorge de Aguiar, Francisco da Silveira, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e o próprio compilador, Garcia de Resende.[3][4]

O seu poema mais conhecido é Cantiga sua partindo-se, poema de amor possivelmente dedicado a uma dama da corte.[3]

Este poema, musicado por Alain Oulman, foi cantado pela fadista Amália Rodrigues no seu disco Fado Português.[3][5] Já o escritor José Saramago, em seu livro Os Poemas Possíveis (1966), usa Partindo-se como base para o seu poema Lembrança de Joam Roiz de Castel'Branco.[6]

Em outro poema do Cancioneiro, escrito em resposta a uma carta de seu primo António Pacheco, que era cortesão em Lisboa, Roiz de Castel-Branco dá uma resposta moralizante em que revela sua aversão à vida cortesã e sua preocupação com o destino dos que vão combater além mar ("Armadas idas d’além | já sabeis como se fazem, | quantos cativos lá jazem, | quantos lá vão que não vem"). O poeta afirma que prefere a vida rústica na Beira apesar de todas as dificuldades, e que "por não ser cortesão | fugirei d'aqui té Roma"[3]

Ver também editar

Referências

  1. a b IANTT, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 24, fol. 102
  2. a b c José Lopes Dias. Antepassados e descendentes de João Roiz de Castel-Branco, poeta do "Cancioneiro Geral" de Garcia de Resende. Arquivo de Bibliografia Portuguesa. Janeiro-Junho. Coimbra. 1960 [1]
  3. a b c d e Andrée Crabbé Rocha. Garcia de Resende e o Cancioneiro Geral. ICALP Biblioteca Breve. Vol. 31. 1979 [2] Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine. (buscar por "Cancioneiro Geral")
  4. Massaud Moisés. A literatura portuguesa. Editora Cultrix, 1999. ISBN 8531602319 [3]
  5. Vítor Pavão dos Santos. Amália, uma história. RTP [4] Arquivado em 22 de janeiro de 2015, no Wayback Machine.
  6. Dominique Simone y. Laura Hersh Rychen, Horácio Costa. José Saramago: el periodo formativo. Fondo de Cultura Economica, 2004. ISBN 9681672313 [5]