Joaquim Simões Ferreira

jornalista e político português

Joaquim Simões Ferreira (Coimbra, 1 de abril de 1837Lisboa, 1912?), bacharel pela Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, iniciou a sua carreira como professor e jornalista, mas, depois de casar numa das mais influentes famílias de Pinhel,[1] ingressou na política, tendo sido governador civil e deputado eleito nas listas do Partido Progressista durante mais de duas décadas, representando os círculos de Castelo Rodrigo e da Guarda. Foi ainda chefe da Repartição do Comércio no Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1887-1911). Ligado à Maçonaria, foi durante alguns anos jornalista político profissional, publicando em diversos periódicos de Coimbra, Porto e Lisboa.[2]

Joaquim Simões Ferreira
Nascimento 1 de abril de 1837
Coimbra
Morte 1912
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação jornalista, político

Biografia editar

Joaquim Simões Ferreira, nasceu na freguesia de Santa Cruz, em Coimbra, filho de Antonio Simões Ferreira, negociante, e de Maria da Encarnação Monteiro Marques. Foi neto paterno de Francisco Simões Ferreira, da Póvoa do Pereiro, no concelho da Anadia. O seu avô materno foi também negociante em Coimbra.[1]

Concluiu a 9 de junho de 1858 a formatura na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, mas embora obtivesse informações para frequentar o sexto ano desisitiu porque não podia matricular-se sem se ordenar presbítero. Iniciou-se então no jornalismo, e logo em julho daquele ano (1858) principiou a publicar em Coimbra o Recreio Juvenil, um pequeno jornal literário.

Em outubro desse mesmo ano de 1858, foi lecionar oratória e história para o Real Estabelecimento Central das Missões Portuguesas Ultramarinas, em Cernache do Bonjardim. Contudo, o governo suspendeu em 1859 o subsídio qque concedia àquele estabelecimento, e este foi obrigado a reduzir o corpo docente, passando oJoaquim Simões Ferreira, para o Colégio da Formiga, nos arredores do Porto, onde nos anos letivos de 1859 a 1860, e de 1860 a 1861 lecionou latinidade, retórica, história e filosofia racional.[1]

Voltou em seguida para Coimbra, onde, nos anos de 1862, 1863 e 1864, lecionou diversos preparatórios e redigiu O Instituto, havendo sido, em 1859, eleito sócio da associação literária com aquele título. Colaborou em diversos jornais de Coimbra e de Lisboa, e nos fins de 1862 principiou a escrever as correspondências de Coimbra para o Jornal do Porto, substituindo no encargo Augusto César Barjona de Freitas, que então ingressara na vida política a tempo inteiro.

Em fevereiro de 1863 passou a dedicar-se a tempo inteiro ao jornalismo político, tomando a direção do jornal A Liberdade, de Coimbra, que estava no seu 3.º número. Neste periódico, que era propriedade de um grupo ligado à loja maçónica homónima e à qual Simões Ferreira pertencia,, e no Jornal do Porto, escreveu nos anos de 1863 e de 1864. Em 1864 fez parte, como jornalista, de uma comissão de socorros a Cabo Verde, arquipélago que ao tempo foi fustigado por secas que conduziram à fome generalizada entre a população.[2] Em setembro deste último ano, foi despachado amanuense para a Secretaria de Estado da Justiça, em Lisboa.

De Lisboa continuou a colaborar em A Liberdade, mas a 31 de dezembro de 1865, despediu-se dos seus leitores com um notável artigo intitulado «Revista Política». Esse artigo foi transcrito por diversos jornais do país, ou todo ou parte, entre os quais a Gazeta de Portugal, que o precedeu de uma introdução altamente lisonjeira.[1]

Em outubro de 1866, voltou a colaborar no Jornal do Porto, onde escreveu sem interrupção, a princípio na correspondência de Lisboa, e por último, revistas políticas semanais, até junho de 1868. Neste mês e ano, foi convidado a entrar na vida político-administrativa, principiando pelo lugar de secretário-geral do governo civil do Distrito da Guarda, para o que foi despachado em 27 de junho de 1868. Por decreto de 30 de junho de 1869 foi transferido para idêntico lugar no Distrito de Aveiro.

Entretanto, em 6 de outubro de 1869 casou em Pinhel com Mariana Júlia Baltazar de Campos Ferreira, filha do conselheiro José Alexandre de Campos, professor da Universidade de Coimbra e político. Em 13 de novembro daquele ano foi transferido para o governo civil de Angra do Heroísmo, onde nunca chegou a ir, sendo por isso foi exonerado por decreto de 31 de janeiro de 1870, pois já naquele tempo estava na casa da família da esposa em Pinhel.

Entretanto a esposa foi herdeira do conselheiro Pedro Baltasar de Campos, que faleceu a 22 de dezembro de 1870, contando 75 anos de idade e, como não tivesse filhos, instituíra por herdeira sua sobrinha, filha segunda de seu irmão. Deste casamento e herança resultou ficar na posse de uma das melhores casas de Pinhel e de uma considerável fortuna. A casa onde viveu em Pinhel, edificada no século XVII por Diogo Rodrigues de Campos e sua esposa, é atualmente é conhecida por Casa Simões Ferreira. Propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Pinhel, é residência da Comunidade de Misericórdia Irmãs de Santa Doroteia.[3][4]

Ainda nesse mesmo ano de 1870, por decreto de 6 de dezembro, foi nomeado governador civil de Vila Real, mas não chegou a tomar posse, por embaraços domésticos, e em fevereiro de 1871 pediu e obteve a exoneração.[1] Em meados da década de 1870 foi procurador à Junta Geral do Distrito da Guarda.[2]

Foi em 1879 que iniciou, de facto, a sua longa carreira política, inicialmente ligada ao Partido Histórico e depois ao Partido Progressista. Neste ano foi nomeado governador civil do Distrito de Castelo Branco, cargo que exerceu de 6 de setembro a 11 de dezembro de 1879.

Nas eleições legislativas portuguesas de 1879 foi eleito deputado pelo círculo de Castelo Rodrigo, integrado nas listas do Partido Progressista. A partir daí foi eleito deputado pelo círculo da Guarda nas legislaturas do período que vai de 1880 a 1900: nas eleições gerais de 1884, com juramento a 27 de dezembro de 1884; nas eleições gerais de 1887, com juramento a 13 de abril de 1887; nas eleições gerais de 1890, com juramento a 15 de janeiro de 1890; nas eleições gerais de 1890, com juramento a 15 de janeiro de 1890; nas eleições gerais de 1884, com juramento a 17 de outubro de 1894; nas eleições gerais de 1897, pelo círculo plurinominal da Guarda, com juramento a 30 de junho de 1897; nas eleições gerais de 1899, sendo vice-presidente da Câmara dos Deputados; e nas eleições gerais de 1900, com juramento a 10 de janeiro de 1900, e novamente leito vice-presidente.[2]

Neste longo percurso parlamentar pertenceu a diversas comissões, mantendo intervenções centradas nos interesses dos municípios e populações das Beiras, com destaque para o seu círculo eleitoral da Guarda. Nas últimas legislaturas em que esteve presente no parlamento (1900 e 1900-1901) foi vice-presidente da Câmara dos Deputados, presidindo a algumas das sessões.

Entretanto, em 1887 foi nomeado chefe da Repartição do Comércio do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, cargo que exerceu até 1911. Em 1890 foi feito sócio honorário do Clube Hermínio, uma associação destinada a promover o melhoramento da Serra da Estrela como estação sanitária para o tratamento da tuberculose.

Ligado à Maçonaria, publicou em diversos periódicos, tendo sido membro dos corpos diretivos do Instituto de Coimbra.

Referências editar