José Dias de Melo

escritor português

José Dias de Melo OIH (Calheta de Nesquim, Lajes, Ilha do Pico, 8 de abril de 1925 - São José (Ponta Delgada), Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, 24 de setembro de 2008), foi um autor e escritor Açoriano.

Dias de Melo
José Dias de Melo
Nome completo José Dias de Melo
Nascimento 08 de abril de 1925
Calheta de Nesquim
Morte 24 de setembro de 2008 (83 anos)
São José (Ponta Delgada)
Nacionalidade Portugal Português
Ocupação Escritor, contista, romancista, poeta
Magnum opus Antologia poética (1962)
Escola/tradição Neorrealismo

Biografia editar

Dias de Melo concluiu os estudos liceais na cidade da Horta, Ilha do Faial, onde se estreou na imprensa. Colaborou com os jornais regionais O Telégrafo, Ilha, Correio dos Açores e Açoriano Oriental, bem como com os jornais nacionais Diário de Notícias e Diário de Lisboa. Fundou, juntamente com colegas do Liceu da Horta, a Associação Cultural Académica, em novembro de 1944.[1]

Em 1949, radicou-se em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, onde foi professor do Ensino primário e, posteriormente, do preparatório, nível em que também lecionou na Cova da Piedade, Almada (1976-1977) e nas Lajes do Pico, Ilha do Pico (1978-1979).

Faleceu aos 83 anos em Ponta Delgada, no dia 24 de setembro de 2008.[2]

A escrita de Dias de Melo editar

A sua estreia em livro fez-se com os poemas de Toadas do Mar e da Terra (1954), mas a sua escrita cedo infletiu para a narrativa com as «crónicas romanceadas» de Mar Rubro (1958). A partir daí, a sua obra construiu-se com uma notória regularidade e também sob o signo da diversidade, patente na publicação de crónicas, romances, contos, relatos de viagem, trabalhos de investigação e recolha etnográfica, havendo a destacar o vasto recurso ao testemunho oral, como ocorre em Na Memória das Gentes, obra em que as vozes individuais se entrecruzam na composição geral de um complexo tecido histórico e social picoense.

A diversidade da obra de Dias de Melo mantém-se, no entanto, fiel a um principal núcleo temático: a experiência de vida do homem açoriano, particularmente a do baleeiro picoense, cuja saga individual e histórica proporcionou ao autor algumas das suas páginas mais dramáticas e pungentes.

Entre a matéria de evocação e a de natureza ficcional, por vezes articuladas de modo indestrinçável, a obra de Dias de Melo dá-nos um vasto quadro da vivência humana numa comunidade rural-marítima fechada, com os seus sonhos e fracassos, as suas intrigas e os gestos solidários, a luta contra as forças da natureza e os interesses sociais.

Quando a sua narrativa se expande até ao espaço urbano, deparamo-nos igualmente com um narrador comprometido com a sorte dos mais fracos e das vítimas da engrenagem social. O autor assume, aliás, as suas afinidades com o posicionamento estético e a visão do mundo próprios dos neorrealistas e poderemos ainda detetar a sua proximidade em relação a autores como Erskine Caldwell ou John Steinbeck. Aliás, visita à casa e ao território deste último e das suas personagens deu origem a uma longa e efusiva crónica, «O Santuário de Steinbeck», incluída em Das Velas de Lona às Asas de Alumínio.[3]

A obra de Dias de Melo ocupa hoje um lugar singular no âmbito da literatura açoriana, como o atesta o reconhecimento das gerações que se lhe seguem.

Obras editar

  • Toadas do Mar e da Terra, poesia (1954)
  • Mar Rubro, crónicas romanceadas (1998)
  • Antologia poética (1962)
  • Pedras Negras, narrativa (1964)
  • Cidade Cinzenta, contos e crónicas (1971)
  • Tentativas de Teatro na Escola, dissertação didático-pedagógica (1973)
  • Na Noite Silenciosa, poesia (1973)
  • Mar pela Proa, romance (1976)
  • Vinde e Vede, contos e crónicas (1983)
  • Vida Vivida em Terras de Baleeiros, crónica (1985)
  • Na Memória das Gentes, Livro I, etnografia (1985)
  • Uma Estrela nas Mãos do Homem, conto (1986)
  • Lira Nossa Senhora Calhetense, monografia (1988)
  • Das Velas de Lona às Asas de Alumínio, crónicas de viagem (1990)
  • Na Memória das Gentes, Livro II, etnografia (1991)
  • Na Memória das Gentes, Livro III, etnografia (contos populares) (1991)
  • Nem Todos Têm Natal, novela (1991)
  • O Menino Deixou de Ser Menino, novela (1992)
  • Tempos Últimos, romance (1992)
  • Aquém e Além-Canal, crónicas (1992)
  • A Viagem do Medo Maior, novela (1993)
  • Pena Dela Saudades de Mim, contos (1994)
  • Crónicas do Alto da Rocha do Canto da Baía, crónicas (1995)
  • Inverno sem Primavera, estórias (1996)
  • O Autógrafo, romance (1999)
  • Reviver: Na Festa da Vida a Festa da Morte, narrativa (2000)
  • À Boquinha da Noite, crónicas (2001)
  • Milhas Contadas, romance (2002)
  • Poeira do Caminho, crónicas (2004)

Distinções editar

Ligações externas editar

Referências

  1. Atlântida (24/05/2008). «Atlântida». videos.sapo.pt. Consultado em 12 de outubro de 2013 
  2. «Morreu escritor Dias de Melo». Correio da Manhã. Consultado em 12 de outubro de 2013 
  3. «Melo, José Dias de». Direção Regional da Cultura. Consultado em 12 de outubro de 2013 
  4. «Roteiros Culturais dos Açores – Personalidades – Dias de Melo» (PDF). Direção Regional da Cultura. Consultado em 12 de outubro de 2013