Juqueri

antigo município brasileiro do estado de São Paulo
 Nota: Para outros significados, veja Juqueri (desambiguação).

Juqueri (FO 1943: Juquery) era a denominação de um antigo município do estado de São Paulo, no Brasil, formado pelos atuais municípios de Caieiras (até 1944) , Francisco Morato, Franco da Rocha (até 1944) e Mairiporã. Em 1948, foi, oficialmente, renomeado como Mairiporã.

Um dos edifícios do complexo hospitalar do Juqueri

Etimologia editar

Existem duas origens possíveis para o topônimo "Juqueri":

  • é proveniente do tupi yu-ker-i-y, "o rio do espinheiro que dorme, propenso a dormir", em alusão às folhas do juqueri, que, quando tocadas, se deitam.[1][2]
  • provém do tupi antigo îukeri, que designa as plantas do gênero Mimosa.[3]

História editar

O povoamento de origem europeia da região começou com pequenos núcleos nas cercanias da vila de São Paulo de Piratininga em fins do século XVI, como ligação entre o planalto e o sertão inexplorado. O primeiro nome do povoamento foi Nossa Senhora do Desterro de Juqueri, tendo sido elevado à categoria de vila em 1696. Em vista disso, administrativamente, Juqueri foi um distrito do município de São Paulo até 1880, quando passou a fazer parte da Província de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos.

Em 1696 é constituído o povoado de Nossa Senhora do Desterro de Juqueri, palavra tupi que designa uma planta leguminosa, conhecida também como dormideira. No ano de 1783 passou a ser paróquia; a capela transformou-se em igreja e passou por diversas modificações (1841, década de 1940 e 1982). A última reforma descaracterizou o antigo templo, conservando apenas a torre. A vila de Juqueri adentrou o século XVIII como fonte de produtos agrícolas para São Paulo, chegando a produzir algodão e vinho para exportação. Não prosperou como outras localidades inseridas nas regiões das lavras de ouro e pedras preciosas, caracterizando-se como pouso de tropeiros que faziam o abastecimento das Minas Gerais.

Em 1769, a Câmara paulistana determinou a abertura de uma estrada entre Juqueri e São Paulo. O "Caminho de Juqueri" transformou-se mais tarde na Estrada Velha de Bragança. Antes distrito da capital (1874 a 1880) e de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos (1881 a 1888), Juqueri passou a ser município por meio da Lei Provincial 67, de 27 de março de 1889.[4] Um ano antes da emancipação, a São Paulo Railway (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) construiu a Estação do Juqueri. Em 1898, o governo do estado inaugurou o Hospital-colônia de Juqueri para doentes mentais, dirigido pelo médico Francisco Franco da Rocha. A associação do nome de Juqueri ao hospital, causando confusão na entrega de correspondências e desconforto entre os juquerienses, criou um movimento para mudar o nome do município.

Situava-se, em Juqueri (em Franco da Rocha a partir da emancipação política em 1944), um dos mais célebres hospitais psiquiátricos do Brasil, o Hospital Psiquiátrico do Juqueri,[5] o que fez com que a palavra "juqueri" se tornasse sinônimo de "loucura", ou de doença mental de forma geral. Por este motivo, o nome do município foi modificado por lei estadual aprovada em 24 de dezembro de 1948.[carece de fontes?] Entre os novos nomes sugeridos, foi adotado "Mairiporã", termo formado artificialmente pela junção do termo da língua geral setentrional mauri, "cidade", e do termo guarani porã, "bonita", significando, portanto, "cidade bonita".[6]

Demografia editar

População editar

Crescimento da população urbana
Censo Pop.
193413 741
194024 85180,9%
Fonte: Listas de municípios do Est. de SP por pop 1934 e 1940

Referências

  1. Confraria do IHGRS (1925). Revista do Instituto Histórico e Geográphico do Rio Grande do Sul, Volumes 5-6. [S.l.]: O Instituto 
  2. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, Edições 15-16. [S.l.]: Diretoria do Protocolo e Arquivo da Prefeitura. 1935 
  3. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 583.
  4. «Lei nº 67, de 27/03/1889». www.al.sp.gov.br. 27 de março de 1889. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  5. Evelin Naked de Castro Sá, e Cid Pimentel (1991). Juqueri, o espinho adormecido. [S.l.]: Editora Hucitec. ISBN 8527101211 
  6. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 584.

Ver também editar