O túmulo KV55 (acrônimo de "King's Valley #55"), no Vale dos Reis, foi descoberto por por Edward R. Ayrton em 6 de janeiro de 1907, sob o patrocínio de Theodore M. Davis que publicou uma nota da escavação (The Tomb of Queen Tîyi) em 1910.

KV55
Local de sepultamento de Tiy, Aquenáton ou Semencaré.
Localização Vale dos Reis, ao lado da KV6
Descoberta 1907 [1]
Escavação Edward Russell Ayrton (1907-08), Lyla Pinch Brock (1992-93) [1]
Extensão 27,61 m [1]
Área 84.3 [1]

A KV55 é um sítio arqueológico problemático da décima oitava dinastia. Ela pode ter sido usada para muitos enterros, mas é mais frequentemente atribuída primeiramente a rainha Tiy, baseando-se em madeiras de um santuário dedicado a ela encontradas no túmulo. Tiy foi possivelmente colocada aqui depois do abandono da cidade Aquetaton, no fim do reinado de Aquenáton, e depois sido movida para a KV35.

A múmia encontrada nesta tumba pode também ser de seu filho, o faraó Aquenáton, ou talvez de seu sucessor Semencaré.

A tumba editar

 
Tomb layout of KV55
A - Entrada
B - Corredor
J - Câmara do sarcófago
Ja - Câmara anexa

A KV55 é uma tumba real relativamente pequena, sua extensão total mede apenas 27,61 m.[1] Está localizada imediatamente adjacente a KV6 (tumba de Ramessés IX) e quase em frente a KV7 (tumba de Ramessés II).

Sua entrada, virada para o leste, segue para uma escadaria e, então, para um corredor levemente descendente acabando na câmara do sarcófago. Na parede sul da câmara do sarcófago há uma pequena câmara anexa, e marcas vermelhas de alvenaria indicam que ali seria aberta uma outra câmara, que deixaria a tumba com uma planta similar a de Tutancâmon (KV62).[2] As paredes são rebocadas e não decoradas, atípico para uma tumba real.

Esta tumba foi muito danificada na antiguidade tornando sua interpretação e estudo muito difíceis. Além de terem, talvez, sido depredadas na antiguidade para apagar a memória de Aquenáton, ela também foi danificada quando da construção da tumba próxima KV6, durante a vigésima dinastia

 
Um dos quatro vasos canopo encontrados na KV55, que se pensa ter o formato do rosto da rainha Kiya, esposa de Aquenáton.

As evidências dentro da tumba complicam ainda mais sua atribuição. A porta tem selos contendo o nome de Tutancâmon. Os vasos canopo encontrados assemelham-se fortemente às feições de uma esposa de menor importância de Aquenáton, Kiya. Pedaços do santuário quebrado apresentam o nome e representações da mãe de Aquenáton, a rainha Tiy. O próprio nome de Aquenáton aparece em uma série de "tijolos mágicos" encontrados na tumba, e em outras peças aparece o nome de Amenófis III, predecessor de Aquenáton, de sua filha e esposa Sitamon.[3] Todos esses achados remetem a grades figuras do período Amarna, no qual Aquenáton tentou acabar com o politeísmo egípcio, daí o nome popular da tumba "O Depósito de Amarna".

Acredita-se que a tumba foi construída inicialmente para um enterro privado e individual, e então foi assumida, por intermédio de um membro real, como uma possível tumba de Tutancâmon.[2]

Identificação da múmia editar

Entretanto, quando a tumba foi aberta em janeiro de 1907, uma única múmia masculina foi encontrada. Alguns acreditarem ser a múmia de Aquenáton, por causa da presença de alguns itens funerários do mesmo (principalmente tijolos mágicos e representações do deus Aton, em que ainda podia ser visto algo parecido com a silhueta de Aquentaton) e também pelo vandalismo ocorrido no sarcófago, já que Aquenáton era tido como um faraó herético.

A cartela com o nome da múmia estava destruída, ao contrário de outras mencionando o nome da rainha Tiy, e o Uraeus, adorno em forma de serpente, havia sido removido da múmia. Ainda, a múmia tinha várias características similares com a de Tutancâmon - lábio leporino, o crânio alongado e ligeira escoliose, bem como o quadril largo.[4] Ou seja, esta múmia poderia ser a múmia perdida de Aquenáton, transferida para o Vale dos Reis no reinado de seu possível filho, que seria o pequeno Tutancâmon.

 
Crânio encontrado na KV55.

Porém, exames recentes [5] estimaram que a pessoa mumificad morreu com aproximadamente 20 anos, muito jovem para ser Aquenáton. Outros, porém, deduziram, a partir da dentição, a idade de 30 anos para a múmia, o que estaria de acordo com a idade de Aquenáton. Apesar de não haver nada confirmado eficientemente ainda, ambas as estimativas destroem a possibilidade de a múmia ser Semencaré.

Teoria de Nicholas Reeves editar

Um outra possibilidade, sugerida por Nicholas Reeves, um consagrado egiptólogo, diz que Aquenáton e sua mãe, Tiy, foram originalmente enterrados na capital de Aquenáton, Aquetaton (atualmente conhecida como Tell el-Amarna), mas as múmias foram movidas para a KV55 na época do abandono de Aquetaton, durante o reinado de Tutancâmon, filho de Aquenáton com sua segunda esposa, Kiya. A porta foi então selada com o nome de Tutancâmon. Ali permaneceram as duas múmias por mais de 200 anos até serem redescobertas por trabalhadores que construíam a tumba de Ramessés IX, próxima a esta. E, naquela época, como Aquenáton era tido como o "Rei Herético", tiraram o sarcófago da rainha Tiy de perto de sua presença suja, exceto pelo seu santuário dourado que teria de ser desmontado para a sua remoção. A imagem de Aquenáton foi tirada do santuário. E então, a máscara dourada foi retirada do sarcófago de Aquenáton e os hieróglifos que identificavam-no foram apagados fadando, conseqüentemente, seu ocupante ao esquecimento. E, como um insulto final, uma grande pedra foi deixada sobre o sarcófago.[6]

Em 1923, Harry Burton, usou a KV55 como uma câmara escura para revelar as fotografias de Howard Carter documentando a escavação da tumba de Tutancâmon

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e «Theban Mapping Project (em inglês)». Consultado em 12 de setembro de 2008. Arquivado do original em 28 de maio de 2007 
  2. a b Reeves, Nicholas. Wilkinson, Richard H. The Complete Valley of the Kings. p.121. Thames & Hudson. 1997. (Reprint) ISBN 0-500-05080-5
  3. Reeves, Nicholas. Wilkinson, Richard H. The Complete Valley of the Kings. p.120. Thames & Hudson. 1997. (Reprint) ISBN 0-500-05080-5
  4. Nefertiti and the Lost Dynasty, National Geographic Channel 2007.
  5. Mark Rose, "Royal Coffin Controversy", Archaeology, September/October 2000 (Vol. 53, No. 5).
  6. Reeves, Nicholas. Akhenaten: Egypt's False Prophet. p.83. Thames & Hudson. 2005. ISBN 0-500-28552-7

Ligações externas editar