Kerma (Kinetic Energy Released per unit of MAss, em português energia cinética liberada por unidade de massa) é uma grandeza radiológica definida como a soma das energias cinéticas iniciais de todas as partículas carregadas liberadas por radiações ionizantes não carregada (como fótons e nêutrons) em um elemento de volume de massa[1]. A unidade do Kerma (K) é o mesmo para dose, em Gray (Gy), que é Joule por quilograma (J/kg)[2].

Kerma em um meio editar

Para um feixe de fótons atravessando um determinado meio, podemos afirmar que o kerma em um certo ponto é diretamente proporcional à fluência de energia do fóton e é dada por[1][2]:

 

em que μ/ρ é o coeficiente mássico de transferência de energia, que pode ser encontrado na tabela: X-Ray Mass Attenuation Coefficients, e Ψ é a fluência de energia, que caracteriza um dado campo de radiação.

Processos de transferência de energia editar

Podemos separar os processos de transferência de energia do kerma em dois processos. Kerma devido à colisão (Kc) com elétrons e kerma devido à produção de radiação de freamento, ou bremsstrahlung, (Kr).

 

Relação entre kerma (K) e dose absorvida (D) editar

Kerma e dose absorvida são duas grandezas com mesma unidade (Gy), mas não representam a mesma coisa. O kerma depende da energia total que foi transferida ao material pela radiação ionizante sem carga e ocorre no ponto de interação com a radiação. Já a dose absorvida depende da energia média absorvida na região onde ocorre a interação com a radiação ionizante qualquer, ocorrendo durante toda a trajetória da radiação. Ainda, da energia transferida pelo kerma, uma parte é dissipada pela radiação de freamento e outra na forma de luz ou raio X característico[1][3].

Para relacionar as duas grandezas, é preciso que haja equilíbrio de partículas carregadas ou equilíbrio eletrônico, que ocorre quando: a composição dos átomos do meio e a densidade do meio são homogêneas; existe um campo uniforme de radiação indiretamente ionizante; e não existem campos elétricos ou magnéticos não homogêneos. Estando nestas condições, podemos relacionar o kerma de colisão (Kc) como sendo igual à dose absorvida (D)[3]:

 

Referências

  1. a b c Okuno, Emico; Yoshimura, Elisabeth Mateus (2010). Física das radiações. [S.l.]: Oficina de Textos. p. 192 
  2. a b Khan, Faiz M.; Gibbons (Jr.), John P. (2014). Khan's The Physics of Radiation Therapy (em inglês). [S.l.]: Lippincott Williams & Wilkins. p. 97 
  3. a b Tauhata, Luiz; Salati, Ivan; Di Prinzio, Renato; Di Prinzio, Antonieta R. (2013). RADIOPROTEÇÃO E DOSIMETRIA: FUNDAMENTOS (PDF) 9ª Revisão ed. Rio de Janeiro: IRD/CNEN. p. 155