Cleobis e Bitão

(Redirecionado de Kleobis e Biton)

Cleobis e Bitão (em grego: Κλέοβις καὶ ΒίτωνKléobi kai Bítona; 216 cm de altura, com a base 235 cm) refere-se a uma cópia de um grupo escultórico, em mármore de Paros, de duas figuras masculinas desnudas,[1] que remonta a c. 585 a.C. e encontra-se preservada no Museu Arqueológico de Delfos. Trata-se de um dos mais antigos exemplares da escultura grega arcaica, dos princípios da iconografia dos Kouroi.

Grupo escultórico achado em Delfos.

História editar

As duas esculturas de Delfos foram encontradas durante as escavações de 1893 e 1894 no santuário de Delfos, perto do tesouro dos atenienses, e identificadas com base nas inscrições presentes nas bases das esculturas, pertencentes à escola dórico-peloponesa, mais próxima do estilema arcaico.[2] A partir de uma inscrição nas duas bases, na parte superior do plinto, que começa na figura da esquerda e termina na da direita, o conjunto é atribuído a Polimedes de Argo. A inscrição incompleta na primeira base apresenta a seguinte citação: «[Pol]imedes de Argos fez-me», a qual é entendida como a assinatura do escultor. Na segunda base, descoberta em 1907, foram reconhecidas algumas letras interpretadas como o nome de Bitão.[3]

Cleobis e Bitão eram dois jovens heróis, gémeos, filhos de Cídipe, que se sacrificaram pela deusa Hera. No primeiro livro de Histórias de Heródoto (1.31) reporta o conto de Sólon ao rei Creso relativo à história mítica de Cleobis e Bitão em que a sua história foi divulgada como um exemplo da moral, da vida virtuosa e plena, apesar da sua morte prematura, não foi, contudo, encarada como um facto negativo, mas como o maior presente que os deuses poderiam conceder. Heródoto conta que "os argivos teriam erguido as suas estátuas e as teriam consagrado em Delfos, como é feito com os homens realmente distintos."[4]

A identificação da cópia como Cleobis e Bitão foi efectuada em 1895 pelo diretor das escavações Théophile Homolle, que em 1900 tentara rectificar a identificação de duas estátuas dos Dióscuros. Esta última identificação foi revitalizada nos anos setenta e oitenta do século XX, por Claude Vatin e Paul Faure. Nas poucas letras deixadas na segunda base, lê-se o nome do segundo escultor, uma hipótese vislumbrada em 1961 por Lilian Hamilton Jeffery.[5]

Referências

  1. Hurwit 1985, p. 200.
  2. De Vecchi-Cerchiari, cit., pp. 52-53.
  3. Perseus Digital Library Delphi, Kleobis and Biton (Sculpture) (1 de janeiro de 2015)
  4. Heródoto História, livro I, 31
  5. Faure & 1985 passim.

Bibliografia editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Cleobis e Bitão
  • Charbonneaux, Jean; Roland Martin; François Villard (1978). La Grecia arcaica : (620-480 a.C.) (em italiano). Milão: Rizzoli 
  • Hurwit, Jeffrey Mark (1985). The art and culture of early Greece : 1100-480 b.C. (em inglês). Londres: Cornell University Press. ISBN 0-8014-1767-8 
  • Paul Faure (1985). «Les dioscures à Delphes». L’Antiquité Classique (em italiano). 54: 56-65. ISSN 0770-2817 
  • Bianchi Bandinelli, Ranuccio; Enrico Paribeni (1986). L'arte dell'antichità classica. Grecia (em italiano). Turim: UTET Libreria. ISBN 88-7750-183-9 
  • Giuliano, Antonio (1998). Storia dell'arte greca (em italiano). Roma: Carocci. ISBN 88-430-1565-6 
  • Pierluigi De Vecchi ed Elda Cerchiari, I tempi dell'arte, volume 1, Bompiani, Milão 1999. ISBN 88-451-7107-8