L'Enfant au masculin

L’Enfant au masculin («A infância em masculino») é um ensaio do escritor francês Tony Duvert, publicado em 1980. Juntamente com O sexo bem comportado (1974), é o ensaio onde Tony Duvert expressa com mais força as suas ideais sobre a sexualidade e a pedofilia. É um dos livros teóricos de política sexual mais importantes e radicais publicados até hoje na França[1]. Foram publicadas edições do livro em inglés e italiano.

L’Enfant au masculin
Autor(es) Tony Duvert
Idioma francês
País França
Gênero ensaio
Editora Minuit
Lançamento 1980
Páginas 165 páginas
ISBN 2707303216

Idéias principais editar

Em L’Enfant au masculin, Tony Duvert analisa e denuncia o que ele considera a perpetuação de uma dominação moral e de «cultura sexual» sobre homossexuais, pedófilos e crianças, o que o autor chama de «heterocracia»[2], um autoritarismo que viria ser exercido tanto por heterossexuais masculinos como femininos, pais e mães, conservadores e progressistas.

Tony Duvert defende que as relações sexuais entre um homem adulto e um menino dependem da homossexualidade do menor e que a repressão da pedofilia faz parte integrante da persecução dos homossexuais[3]:

«¿Onde é que acaba a a pederastia e onde é que começa a homossexualidade pura e simples? É difícil de determinar. Essa nova divisão não faz mais sentido do que a otra: ela é apenas uma elaboração do Código penal.»

Diante disso, Tony Duvert reclama o reconhecimento do que ele considera o direito natural dos menores de terem uma vida sexual:

«Os pedófilos reclamam o direito de experimentar livremente o amor que lhes pode conceder uma criança, e de desfrutar livremente os prazeres amorosos, mesmo passageiros, com os quais descobriram que um menino e um homem podem ser felizes como diabos.»

Em relação à questão do consentimento, Tony Duvert escreve:

«[...] a liberdade para sair de uma situação para a quual haviamos consentido é, claramente, a garantia necesária e suficiente do valor do consentimento em si mesmo. Não há necessidade de discutir sobre a «capacidade» (do menor em particular) de alguém para consentir ou não com conhecimento de causa: sempre somos capazes, mesmo quando bebês, de distinguir o que gostamos o não gostamos, e de expressar essa valoração.»

Tony Duvert questiona o direito dos heterossexuis de «se reproduzir» nos seus filhos:

«O pedófilo nubla os valores paternos: entre o rebanho, entre o gado, entre as crianças normais, ele descobre os milagres humanos.»

A autêntica liberação do amor, do comportamento e do pensamento passa, segundo Duvert, pela abolição desse direito e pela desaparição dos «heterocratas»:

«A liberdade sexual não consiste em elaborar e difundir um «bom» standard de desejo, mas pelo contrário, em suprimir qualquer estándar.

[...] A sexualidade não é competência da moral pública: esse é o único princípio que deve ser estabelecido. [...]

Nem violência, nem coação, nem dominação, nem posse sobre os outros: esses são os únicos deveres aos quaus os nossos atos sexuais, como o resto dos nossos atos, devem cingir-se.»

Duvert denuncia a «necessidade feminina de poder sobre a criança», a «heterocracia», isto é, o «totalitarismo» que representa, segundo ele, a heterossexualidade erigida como norma, e a bissexualidade (masculina), que ele chama de «armadilha para bucetas»[4].

Referências

  1. Gerstner, David. Routledge International Encyclopedia of Queer Culture. Londres: Routledge, 2012. ISBN 1136761810.
  2. Sebhan, Gilles. Tony Duvert, l'enfant silencieux. Paris: Denoël, 2010, p. 105-6.
  3. Duvert, Tony, L'Enfant au masculin. Paris: Minuit, 1980, p. 178
  4. Duvert, Tony, op.cit., pp. 95-96
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