Bats

batsba motjiti

Falado(a) em: Geórgia
Região: Zemo-Alvani em Caquécia
Total de falantes: 3.420 (2000)
Família: Caucasiana Nordeste
 Nakh
  Bats
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: bbl

Bats (Batsi, Batsbi, Batsb, Batsaw, Tsova-Tush) é a língua do povo bats, uma etnia minoritária do Cáucaso, faz parte das Línguas nakh, família das línguas caucasianas. Eram 2500 a 3000 falantes em 1975, sendo em 3.420 em 2000.

Existe numa forma única, sendo que seus falantes preferencialmente usam a língua georgiana para escrita. Outras línguas Nakh são o checheno e o inguche, com as quais não tem inteligibilidade mútua.

História editar

Até meados do século XIX, os Tsoviansos viviam na região montanhosa da Tuchétia do nordeste da Geórgia. Acredita-se que essa etnia ali se estabeleceu bem antes junto com os Tuches alguns séculos depois foram assimilados a esse povo, sendo hoje um quatro subgrupos Tushes. A região do Tsova foi habitada por quatro grupos Bats: Sagirta, Otelta, Mozarta, Indurta, os quais depois vieram a se estabelecer em Zemo-Alvani.

Geografia editar

A maioria dos falantes de Bats vive na vila de Zemo-Alvani, distrito de Akhmeta na planície da Caquécia. Há algumas famílias Bats em Tbilisi e em outras cidades maiores da Geórgia.

Fonologia editar

Vogais editar

Batsbi apresenta um típico sistema triangular com cinco vogais, com diferenciação entre curtas e longas (exceto para u que é somente curta). Há também seis ditongos, ei, ui, oi, ai, ou, au.[1] Todas vogais e ditongos apresentam formas alofones nasalizadasl como resultado de processos morfonêmicos ou fonéticos. Isso é representado por um sobrescrito n, como em kʼnateⁿ menino GEN.

Frontal Posterior
Fechada i, u
Média e [ɛ], o,
Baixa a,

Consoantes editar

Batsbi tem um inventário de consoantes bem típico das línguas Caucasianas do nordeste. De forma diversa do Checheno e do Inguche, a lingua Bats manteve a consoante lateral fricativa /ɬ/.

Consonant phonemes of Bats[2]
Modo Labial Dental1 Alveolar Palatal Velar Uvular Faringeal Glotal
Oclusiva Nasal m n
Surda p [pʰ] t [tʰ], c [t͜sʰ] č [t͡ʃʰ] k [kʰ] q [qʰ], ʔ
Sonora b d ʒ [d͜z] ǯ [d͡ʒ] g
Ejetiva tʼ tʼː [t͜sʼ] čʼ [t͡ʃʼ] qʼ qʼː
Fricativa Surda s sː ɬ š [ʃ] x xː ħ h
VSonora v z ž [ʒ] ǧ [ɣ] ʕ
Aproximante l lː r [ɾ] j

Escrita editar

A língua Bats é escrita numa variante própria da escrita Mkhedruli (alfabeto georgiano) com 48 letras e também em menor escala com o alfabeto cirílico.

Gramática editar

A primeira gramática do Bats – Über die Thusch-Sprache – foi compilada pelo estudioso orientalista alemão Anton Schiefner (1817–1879). Foi a primeira gramática feita com baseada em princípios científicos para uma língua Caucasiana. [3]

Classes de substantivos editar

Análises tradicionais identificaram que Bats apresenta oito classes de substantivos, a maior quantidade dentre as línguas caucasianas do nordeste. Porém, análises mais modernas reduziram esse número para cinco classes. Essa análise (similar para a língua lak se resume conforme segue:

Ident. Sing. Plur. Descrição Exemplos
M v b humanos machos mar "marido"
ʕuv "pastor"
voħ "filho"
F j d humanos fêmeas nan "mãe"
pstʼu "esposa"
joħ "filha"
D d d diversos bader "criança"
kʼuit’ĭ "gato"
dokʼ "coraçãt"
ditx "carne"
Bd b d animais carkʼ "dente"
maiqĭ "pão"
qʼar "chuva"
J j j diversos pħu "cão"
ča "urso"
matx "sol"
*Bd/J b j partes do corpo (15 substantivos) bak "pulso"
bʕarkʼ "olho"
čʼqʼempʼŏ ‘garganta’
*D/J d j partes do corpo (4 substantivos) batʼr "lábio", larkʼ "ouvido"
tʼotʼ "mão", čʼamaǧ "bochecha"
*B/B b b somente 3 palavras borag "chinelo"
čekam "bota"
kakam "pullover"

Nessa análise, as três últimas classes acima são exemplos de “gênero não definível” e apresentam poucos casos, em quantidades insuficientes para que se definam classes independentes das demais cinco. Pode-se dizer que são casos de declinação com uma classe no singular, uma noplural. Exemplo: o grupo chamado B/B se comporta no singular como se fosse da classe Bd e no plural como se fosse “humano macho”.

Casos de substantivos editar

Batsbi tem nove casos gramaticais, embora na grande maioria dos casos os substantivos nas suas formas Ergativa e Instrumental sejam idênticos.

Cases Singular Plural Singular Plural
Nominativo nekʼ nekʼi cokʼal cokʼli
Genitivo nekʼen nekʼan cokʼlen cokʼlan
Dativo nekʼen nekʼin cokʼlen cokʼlin
Ergativo ,
Instrumental
nekʼev nekʼiv cokʼlev cokʼliv
De contato nek’ex nekʼax cokʼlex cokʼlax
Alativo nekʼegŏ nekʼigŏ cokʼlegŏ cokʼligŏ
Adverbial nekʼeǧ nekʼiǧ cokʼleǧ cokʼliǧ
Comitivo nekʼcin,
nekʼecin
nekʼicin cokʼlecin cokʼlicin
“faca” “raposa”

Numerais editar

Assim como nas demais línguas Caucasianas, a numeração Batsbi é de base vigesimal (20), o que leva décadas maiores. 40 šauztʼqʼ é formado por 2 × 20 e 200 icʼatʼqʼ por 10 × 20. Quando modificam substantivos, o numeral precede o substantivo.

Números básicos
1 cħa 11 cħajtʼː 1+10
2 ši 12 šiitʼː 2+10
3 qo 13 qoitʼː 3+10
4 Dʕivʔ 14 Dʕevajtʼː 4+10
5 pxi 15 pxiitʼː 5+10
6 jetx 16 jetxajtʼː 6+10
7 vorɬ 17 vorɬajtʼː 7+10
8 barɬ 18 barɬajtʼː 18+10
9 isː 19 tʼqʼexc’ 20-
10 itʼː 20 tʼqʼa
Décadas maiores
21 tʼqʼacħa 20+1
22 tʼqʼaš 20+2
30 tʼqʼaitʼː 20+10
31 tʼqʼacħaitʼː (20+10)+1
32 tʼqʼašiitʼː (20+10)+2
40 šauztʼqʼ 2×20
50 šauztʼqʼaitʼː (2×20)+10
60 qouztʼqʼ 3×20
70 qouztʼqʼaitʼː (3×20)+10
80 Dʕe(v)uztʼqʼ 4×20
90 Dʕe(v)uztʼqʼaitʼː (4×20)+10
100 pxauztʼqʼ 5×20
120 jexcʼatʼqʼ de jetxcʼatʼqʼ
160 barɬcʼatʼqʼ 8×20
200 icʼatʼqʼ de itʼːcʼatʼqʼ
1000 atas do Georgiano

Em Bats, bem como em suas línguas mais aproximadas, o chechano e o inguche, o numeral Dʕivʔ "quatro" em verdade se inicia com um marcador de classe representado por D (condição default, ou outra letra maiúscula para outras classes). Esse marcador vai concordar com a classe do substantivo que é modificado pelo numeral, mesmo se esse substantivo não esteja claramente expresso e somente aparente através do contexto pragmático ou discursivo. Ex: Vʕivʔev "quatro (machos)". Isso é visível na palavra "quatro" em si, como em suas derivadas.

Notas editar

  1. HG1994
  2. Holisky, Dee Ann and Gagua, Rusudan, 1994. "Tsova-Tush (Batsbi)", in The indigenous languages of the Caucasus Vol 4, Rieks Smeets, editor. Caravan Books, pp. 147-212
  3. Kevin Tuite (2007). The rise and fall and revival of the Ibero-Caucasian hypothesis, pp. 7-8. Historiographia Linguistica, 35 #1.

Ligações externas editar