Língua enindhilyagwa

língua indígena australiana
Enindhilyagwa
Falado(a) em: Austrália
Região: Groote Eylandt no Golfo de Carpentária, Território do Norte
Total de falantes: >1.000
Família: Língua isolada
 Gunwingguan
  Arnhem?
   Arnhem oriental?
    Enindhilyagwa
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: aus
ISO 639-3: aoi

Enindhilyagwa (muitos outros nomes, ver abaixo) é uma língua isolada dentre as línguas aborígenes australianas falada pelo povo Warnindhilyagwa em Groote Eylandt, Golfo de Carpentária no norte da Austrália. Um estudo de 2001 do governo australiano[1] localizou pouco mais de mil falantes da língua, embora tenha havido registro de até 3 mil. Em 2008, a língua foi citada num estudo acerca do fato dos seres humanos terem ou não uma habiidade inata de contar mesmo sem ter palavras para números (Enindhilyagwa não tem).[2][3]

A língua Enindhilyagwa teria como mais relacionada a Nunggubuyu, falada na área continental mais próxima, mas isso ainda carece de conformação.

Nomes editar

Há outros modos de transliterar seu nome

  • Andiljangwa
  • Andilyaugwa
  • Anindilyakwa (Ethnologue)
  • Aninhdhilyagwa (Conf. R. M. W. Dixon em Australian Languages)
  • Enindiljaugwa
  • Enindhilyagwa
  • Wanindilyaugwa

Também chamada Groote Eylandt, por sua localização. Outros nomes: Ingura, Yingguru, Ngandi [nid], Nunggubuyu [nuy]

Classificação editar

Muitas vezes o Enindhilyagwa é agrupado entre as línguas Gunwinyguan, mas o mais aparente é que não tenha relação com nenhuma outra língua da Austrália. Recente classificação das línguas do país feita por Nicholas Evans reduziu a quantidade de famílias linguísticas presents e o Enindhilyagwa ficou isolado.

Fonologia editar

Vogais editar

As análises das vogais do Enindhilyagwa ainda não foram conclusivas. Stokes (1981) analisou que haveria quarto vogais fonêmicas /i e a u/. Leeding (1989) considera que haja somente duas, /ɨ a/.

Consoantes editar

Periférica Laminal Apical
Bilabial Velar Palatal Dental Alveolar Retroflexa
Não arredondada Arredondada labial
Oclusiva p k c t ʈ
Nasal m ŋ ŋʷ ɲ n ɳ
Lateral ʎ (ɭ)
Rótica r ɻ
Semivogal w j

Todas palavras do Enindhilyagwa terminam em vogal. Pode haver até três consoantes juntas em algumas palavras.

Gramática editar

Classes de substantivos editar

Enindhilyagwa tem cinco classes de substantivos, ou gêneros, cada uma marcado por seu prefixo. Todos substantivos nativos têm prefixos de classe, mas palavras de origem externa (outras línguas) podem não ter.

Para pronomes limítrofes, de ligação, há uma classe simples de “macho” que agrupa as classes “macho humano” e “macho não humano”.

  • Macho humano
  • Macho não-humano
  • Fêmea (humana ou não)
  • Inanimado "que brilha", prefixo a-.
  • Inanimado "que não brilha", prefixo mwa-.

Numerais editar

Conforme Stokes[4] a língua tinha tradicionalmente numerais até vinte, porém, depois da introdução do inglês, numerais nessa língua são usados exclusivamente para números acima de cinco.

Exemplo de texto editar

A canção a seguir é uma tradução da canção de igreja "This is the day", cantada pelos fiéis locais da comunidade de Angurugu. A transliteração e a tradução requerem melhor confirmação.

Anindilyakwa Português
Mema mamawurra

Mema mamawurra

Ngumanekburrakama God

Ngumanekburrakama God

Narriyekiyerra, Akuwerikilyelyingmajungwuna

Narriyekiyerra

Mema mamawurra Ngumanekburrakama God

Akuwerikilyelyingmajungwuna

Mema mamawurra

Mema mamawurra

Ngumanekburrakama God

Este dia

Este dia

Feito por Deus

Feito por Deus

Nós nos rejubilamos e nos alegramos n’Ele

Este é o dia feito por Deus

Nós nos rejubilamos n’Ele

Este dia

Este dia

Feito por Deus

Referências

  1. Estudo linguístico
  2. UCL Media Relations, "Aboriginal kids can count without numbers" Arquivado em 20 de junho de 2018, no Wayback Machine.
  3. The Science Show, Genetic anomaly could explain severe difficulty with arithmetic, Australian Broadcasting Corporation
  4. Stokes, J. (1982). «A description of the mathematical concepts of Groote Eylandt Aborigines». In: Hargrave, S. Work Papers of SIL-AAB: Language and Culture. Darwin: Summer Institute of Linguistics, Australian Aborigines Branch. pp. 33–152 

Bibliografia editar

  • Leeding, V. J. (1989). Anindilyakwa phonology and morphology. PhD dissertation. [S.l.]: University of Sydney 
  • Leeding, V. J. (1996). «Body parts and possession in Anindilyakwa». In: Chappell, H. and McGregor, W. The grammar of inalienability: a typological perspective on body part terms and the part-whole relation. Berlin: Mounton de Gruyter. pp. 193–249 
  • Stokes, J. (1981). «Anindilyakwa phonology from phoneme to syllable». In: Waters, B. Australian phonologies: collected papers. Darwin: Summer Institute of Linguistics, Australian Aborigines Branch. pp. 138–81 

Ligações externas editar