La science au péril de sa vie

O livro La science au péril de sa vie (Riscando a vida pela ciência), escrito por Arkan Simaan, descreve três séries de expedições científicas do século XVIII.

Publicado em francês, em 2001, conjuntamente por Vuibert e Adapt Éditions, ele tem dois prefácios, um de Jean-Claude Pecker e outro de Jean Rosmorduc.

Conteúdo da obra editar

Primeira série de expedições editar

Em ciência, o século XVIII começou com a violenta briga entre os cartesianos e os newtonianos a respeito da lei da Atração Universal, introduzida por Newton, em 1687. De acordo com ela, matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado da distancia que as separa. Ela exercia, por exemplo, entre o Sol e os planetas, entre a Terra e a Lua. A mecânica de Newton dava resultados espetaculares: ela explicava fenômenos até então considerados como misteriosos (o movimento das marés, a precessão dos equinócios, etc.), e abria novos horizontes de teorização. O grande problema vinha do fato que Newton postulava a existência de vácuo no espaço sideral, o que os cartesianos recusavam categoricamente. Para eles, toda ação necessitava obrigatoriamente de suporte material. Como validar a teoria de Newton? Ela previa um fenômeno mensurável: a forma da Terra, denominada pelos franceses “figure de la Terre”. Para os newtonianos, ela era achatada nos pólos, para os cartesianos, alongada segundo o eixo da Terra. Esta controvérsia virou briga violenta, onde cada campo desferia golpes baixos. Para resolvê-la, A Académie des Sciences enviou duas expedições científicas medirem o “grau do meridiano”, uma em Quito (então no Vice-Reino do Peru) e outra na Lapônia. A primeira (de 1735 a 1743) foi composta por Louis Godin, Charles Marie de La Condamine, Pierre Bouguer e Joseph de Jussieu; a segunda (de 1737 a 1738) integrou Pierre Louis Moreau de Maupertuis, Alexis Claude Clairaut, Anders Celsius.

Segunda série de expedições editar

Em 1761 e em 1769, Vênus passou diante do Sol, fenômeno astronômico raríssimo denominado também trânsito de Vênus. A ocasião foi aproveitada para medir a distância Terra-Vênus e, a partir dela e da terceira lei de Kepler, deduzir a distância Terra-Sol. Em 1756, estourou o primeiro conflito verdadeiramente internacional, a guerra dos Sete Anos, que incendiou a Europa, as colônias das Américas, da África e da Ásia, sem esquecer os mares. A medição supunha o envio de astrônomos para os quatro cantos do mundo, onde eles deveriam cronometrar o evento (que dura mais ou menos seis horas) de concerto com os astrônomos de Paris e de Londres. Foi então em plena guerra que os cientistas, em 1761, enfrentaram os canhões dos beligerantes. O livro conta as aventuras (e, às vezes, as mortes) de muitos astrônomos durante os dois trânsitos: Chappe d’Auteroche, Le Gentil de la Galaisière, Charles Mason, Jeremiah Dixon, Alexandre Guy Pingré, Charles Green, James Cook e muitos outros.

Terceira série de expedições editar

Em 1789, eclodiu a Revolução Francesa cujo lema era “Liberté, Égalité, Fraternité” (Liberdade, Igualdade, Fraternidade). Para satisfazer o princípio de igualdade entre os cidadãos, ela decidiu o estabelecimento do sistema métrico, e a decimalização tanto das medidas quanto das operações matemáticas, até então efetuadas na base doze. Foram também instituídas outras unidades como o “litro”. O metro tendo sido definido como uma fração do meridiano terrestre, os revolucionários decidiram remedir o meridiano de Paris, de Dunkerque até Barcelona. A operação foi efetuada por Jean Baptiste Joseph Delambre e Pierre Méchain ao mesmo tempo em que a França, em plena guerra civil, era invadida por tropas contra revolucionarias inglesas, espanholas e prussianas. É esta história conturbada do nascimento do sistema métrico que constitui a última seção do “La Science au péril de sa vie”.

Prêmio editar

Este livro obteve, em 2002, o Prix Spécial du livre d’astronomie.

Justificação do júri:

“Um prêmio especial foi atribuido a Arkan Simaan para o livro "La science au péril de sa vie: les aventuriers de la mesure du monde" das edições Vuibert e Adapt. O júri quis recompensar uma obra que revela muito bem a dimensão de aventura humana que comporta a ciência, e que restitui de maneira viva o contexto histórico do século XVIII, século no qual grandes astrônomos tentaram resolver a difícil questão da medição do mundo. O júri apreciou que o livro não se cale sobre a relação existente entre ciência, Estado e política. Um aspecto da aventura que nos interessa ainda hoje.”

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