Ladislau II da Valáquia

Ladislau II (Antes de 1 de Junho de 1431 - 20 de Agosto de 1456) foi Príncipe da Valáquia entre 4 de Dezembro de 1447 e 3 de Julho de 1456, com uma pequena interrupção de Vlad III, o Empalador entre Outubro e Novembro de 1448.

Ladislau II
Príncipe da Valáquia
Ladislau II da Valáquia
Retrato de Ladislau II
Reinado 4 de Dezembro de 1447 - Outubro de 1448; Novembro de 1448 -
Consorte Neacșa
Antecessor(a) Vlad II Dracul (1º reinado), Vlad III, o Empalador (2º reinado),
Sucessor(a) Vlad III, o Empalador (1ºe 2º reinados)
Nascimento Antes de 1 de Junho de 1431
  Valáquia
Morte 20 de agosto de 1456
  Târguşor
Sepultado em Mosteiro de Dealu
Dinastia Bassarabe
Pai Dan II
Mãe Desconhecida
Filho(s) Ladislau Dan

Biografia editar

Ladislau era filho de Dan II da Valáquia, pertencendo portanto à casa-ramo dos Daneşti da Dinastia Bassarabe. Desconhece-se a sua data de nascimento. No verão de 1437, na corte de João Corvino, chegou um, "seu parente próximo", juntamente com sua comitiva, filho de Dan e pretendente ao trono dos seus pais. Certamente que se tratava de Ladislau. Corvino manteve-o perto dele como joguete para os seus planos ambiciosos de invadir a Valáquia, e, com esta luta pelo trono, enviou-o para Brașov. Esta política de Corvino na Valáquia e na Moldávia acabou por gerar polémica na corte do rei Ladislau V da Hungria, que a criticou. Nessa crítica terá sido referido o assassinato de Vlad II Dracul, em Dezembro de 1447, quando "a morte chegou à vila Bălteni" (DRH, B, vol.III, p.289). A teoria geralmente aceite é que Vlad tenha sido morto a mando de Corvino, mas também há historiadores (ver Nicolae Iorga "História dos romenos", Vol. IV, p.90-91), que colocam Dan Danciul, irmão de Ladislau, como encomendador do assassinato.

Corvino empreendeu uma expedição militar contra Vlad II em Novembro de 1447. Com a morte deste último no mês seguinte, era necessário eleger um novo governante. Em geral, os cronistas contemporâneos referem-no como "filho de Dan". Na historiografia moderna há duas teorias: a primeira, de Francis Pall (no seu livro "Intervenção de João Corvino na Valáquia e Moldávia em 1447-1448",em "Educação", XVI, nº5, 1963) afirma que poderia ser Dan III (Dan Danciul, irmão de Ladislau),o entronizado por Corvino e Ladislau suceder ao irmão somente no verão de 1448, mas o historiador Nicolae Stoicescu afirma que, Ladislau II subiu ao trono apoiado por Corvino e que Dan nada teria a ver com esta política.

A partir de documentos internos que foram preservados apenas um resumo de um documento emitido por Ladislau não pôde ser datado de forma precisa, podendo ser de aproximadamente no intervalo de 1 de Setembro de 1447 - 31 de Agosto de 1448.

A primeira referência de Ladislau como príncipe da Valáquia é uma carta de Corvino, datada de 7 de Agosto de 1448, anunciando a participação "[...] do príncipe ilustre, o Príncipe Ladislau da Valáquia, país transalpino [...] ".

A confiança demonstrada pelo príncipe da Transilvânia não foi traída por Ladislau, que o auxiliou na grande ofensiva da Batalha do Kosovo de 18-19 de outubro de 1448, com um destacamento de 6.000 (10.000 de acordo com outras versões, o que significa mais de 1/3 do exército cristão) homens. A frente turca acabou por perder a batalha.

Enquanto isso, no país, apoiado por um exército de 30.000 turcos, Vlad, filho de Vlad II Dracul, segundo fontes turcas, ocupou o trono valaquiano. O reinado é curto, uma vez que foi interrompido um mês depois, com a sua deposição por João Corvino. Ladislau regressa assim ao trono ainda antes do final de 1448.

Através do Tratado de Paz de Adrianópolis, assinado em 1451, a expansão do Império Otomano parou na Valáquia, Transilvânia, Hungria e Sérvia, pois foi proibida a construção de novas fortificações ao longo do Danúbio e o Principado da Valáquia alcançou a independência, mas teria de continuara pagar tributo ao Império Otomano e, ao mesmo tempo, atender às suas obrigações de vassalagem do Reino da Hungria. Nestas circunstâncias, a política externa perseguida por Ladislau tende a manter as garantias de equilíbrio entre ambas as potências que dominavam o Principado. O compromisso com estes dois poderes deu a possibilidade de fortalecer a economia nacional e de se adaptar às novas condições impostas pelo poder que ameaçava engolir a Europa.

No outono de 1452, deu início a uma reforma tributária substituindo o grande sistema ponderado de inspiração ocidental, adaptando-o à maneira turca, da corte de Murade II, e emite 800 ducados de prata com um peso de 0,6 e 0,3 gramas. Esta reforma assegurou, em perspectiva, uma certa estabilidade e desenvolvimento e, especialmente, a independência económica do país através do modelo adaptativo que seria adotado politicamente, evitando uma anexação real.

Em Outubro desse ano, Corvino pede a Braşov para não receber "qualquer moeda rude de um príncipe transalpino", e ameaçando anexar dois feudos na Transilvânia de Amlas e Fagaras.

Mas as mudanças radicais de Ladislau sentir-se-iam ainda mais a partir de 29 de Maio de 1453, quando Constantinopla (capital do antigo Império Bizantino e que havia sido ocupada recentemente pelo Império Otomano) decide impor novas condições nas relações com a Valáquia e a Moldávia. Estas altas pressões refletem-se em Enea Silvio Piccolomini pelo Núncio apostólico(o futuro Papa Pio II ao afirmar que os valaquianos e os moldavos tinham que obedecer aos turcos.

Esta mudança de atitude de Ladislau, levou a uma tentativa de João Corvino de o substituir em agosto desse ano, mas o seu exército foi derrotado e como retaliação Ladislau II sitiou e ocupou Sibiu. Precisando da paz na Valáquia, aceita a retomada das boas relações com Ladislau, desde que este pagasse uma indemnização pela cidade devolvida.

O ano de 1455 traz novas pressões do Império Otomano nos Principados da Valáquia e Moldávia. Após passar o Danúbio, os turcos pilharam cruelmente a Moldávia. Corvino pode ter sido solicitado para tentar substituir os dois governantes e normalizar as relações, mas mais uma vez, Ladislau enviou um corpo expedicionário para sitiar e conquistar uma fortaleza do reino húngaro (talvez Bran ou Ada Kaleh).

Na primavera de 1456, Ladislau entra na Transilvânia, e vê-se no meio de tumultos da população ortodoxa contra tentativas de forçar o catolicismo iniciado pelo Reino da Hungria na área, sitiando assim Fagaras e devastando as aldeias saxónicas do sul, levando Ladislau V da Hungria, a pressionar Ladislau II para por um fim à ação militar lançada contra João Corvino.

No verão daquele ano, Corvino decidiu apoiar Vlad III, o Empalador para o trono valaquiano, do qual havia sido deposto em 1448 pelo próprio Corvino. Porém, esta ação foi adiada devido a uma poderosa ofensiva dos turcos, que ameaçava Belgrado. Porém, logo após esta campanha, vários boiardos apoiaram Vlad para o trono.

Ladislau II "pereceu pela espada no meio de Târguşor" e foi enterrado no Mosteiro de Dealu. Como o final do seu governo data de 3 de Julho de 1456, Ladislau, à altura da morte, teria já abdicado, pois morreu a 20 de Agosto.

Casamento e descendência editar

Em data desconhecida, Ladislau casou-se com Neacșa, de quem teve:

Bibliografia editar

  • Nicolae Stoicescu „Vlad Țepeș“, Bucareste, 1976.

Precedido por
Vlad II Dracul
 
Príncipe da Valáquia

1447–1448
Sucedido por
Vlad III, o Empalador
Precedido por
Vlad III, o Empalador
 
Príncipe da Valáquia

1448–1456
Sucedido por
Vlad III, o Empalador