"Largo al factotum" (Abra caminho para o faz-tudo) é uma ária de O Barbeiro de Sevilha de Gioachino Rossini, cantada na primeira entrada da personagem-título; os repetidos "Fígaro"s antes da última seção é um ícone na cultura popular no canto lírico. O termo "factotum" refere-se a um servente geral e vem do latim, que significa literalmente "faz-tudo".

Devido à constante cantoria de tercinas em compasso 6/8 em um tempo allegro vivace, a peça é frequentemente notada como uma das mais difíceis árias para barítono de se realizar. Isso, juntamente com a natureza trava-língua da alguns versos e a insistência nos superlativos italianos (sempre terminados em "-issimo"), fez dela uma pièce de résistance, onde um barítono habilidoso tem a chance de destacar todas as suas qualidades.

Libreto editar

Largo al factotum della città.
Presto a bottega che l'alba è già.
Ah, che bel vivere, che bel piacere
per un barbiere di qualità! di qualità!
Abram caminho para o faz-tudo da cidade.
Apressem-se a sua loja que desde a madrugada está aqui.
Ah, que boa vida, que bom prazer
por um barbeiro de qualidade! de qualidade!
Ah, bravo Figaro!
Bravo, bravissimo!
Fortunatissimo per verità!
Ah, bravo Fígaro!
Bravo, bravíssimo!
Sortudo de verdade!
Pronto a far tutto,
la notte e il giorno
sempre d'intorno in giro sta.
Miglior cuccagna per un barbiere,
vita più nobile, no, non si da.
Pronto para fazer tudo,
noite e dia
sempre movendo-se.
Melhor bonança para uma barbeiro,
vida mais nobre, não, não dá.
Rasori e pettini
lancette e forbici,
al mio comando
tutto qui sta.
V'è la risorsa,
poi, del mestiere
colla donnetta... col cavaliere...
Navalhas e pentes,
bisturi e tesouras,
ao meu comando
tudo aqui está.
Aqui estão as ferramentas,
então, de trabalho
com as damas... com os cavaleiros...
Tutti mi chiedono, tutti mi vogliono,
donne, ragazzi, vecchi, fanciulle:
Qua la parrucca... Presto la barba...
Qua la sanguigna...
Presto il biglietto...
Qua la parrucca, presto la barba,
Presto il biglietto, ehi!
Todos perguntam por mim, todos querem a mim,
Senhoras, senhoritas, velhos, meninas:
Toma a peruca... logo com a barba...
Toma a sangria...
Logo com o bilhete...
Toma a peruca, logo com a barba,
Logo com o bilhete, ei!
Figaro! Figaro! Figaro!, ecc.
Ahimè, che folla!
Ahimè, che furia!
Uno alla volta, per carità!
Ehi, Figaro! Son qua.
Figaro qua, Figaro là,
Figaro su, Figaro giù.
Fígaro! Fígaro! Fígaro! etc.
Ah, quanta gente!
Ah, que fúria!
Um por vez, por favor!
Ei, Fígaro! Estou aqui.
Fígaro aqui, Fígaro lá
Fígaro acima, Fígaro abaixo.
Pronto prontissimo son come il fulmine:
sono il factotum della città.
Ah, bravo Figaro! Bravo, bravissimo;
a te fortuna non mancherà.
Pronto, tudo pronto, sou um raio:
Eu sou o factotum da cidade.
Ah, bravo Fígaro! Bravo, bravíssimo,
Felizmente, você não vai falhar!

Na cultura popular editar

A abertura da ópera e "Largo al factotum" têm sido parodiadas famosamente em desenhos animados estrelando Pica-Pau (The Barber of Seville), Pernalonga (Rabbit of Seville e Long-Haired Hare), Gaguinho e Patolino (You Ought to Be in Pictures), Frajola (Back Alley Oproar), Tom e Jerry (The Cat Above and the Mouse Below), como também no Magical Maestro de Tex Avery, no One Froggy Evening da Warner Bros. e em Uma Babá Quase Perfeita da 20th Century Fox.