Em Teoria de Controle,[1] o Lema de Hautus[2] é uma poderosa ferramenta matemática utilizada para o estudo das propriedades de sistemas lineares invariantes no tempo (SLIT) e que estejam na forma de espaço de estados.

Introdução

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Esse lema foi proposto por Malo Hautus, professor aposentado pela Technische Universiteit Eindhoven da Holanda, em seu trabalho Controllability and Observability Conditions of Linear Autonomous Systems[2] de Janeiro de 1969. Neste artigo, Hautus faz uma análise de sistema de controle lineares abordando diversos aspectos, como controlabilidade e observabilidade de sistemas. Existem diversas abordagens em que o Lema de Hautus se mostra útil para determinar características de sistemas:

  • controlabilidade;
  • observabilidade;
  • estabilidade;
  • e detectabilidade.

Nos tópicos a seguir, elas serão tratadas com maiores detalhes.

Lema de Hautus

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Controlabilidade

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O Lema de Hautus para controlabilidade[3][4][5] afirma que, dadas uma matriz   e uma matriz  , as seguintes afirmações são equivalentes:

  1. o par   é controlável;
  2. para todo  , segue que  ;
  3. para todo   que são autovalores de  , segue que  .

Observabilidade

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O Lema de Hautus para observabilidade[6][5] surge como corolário do Lema de Hautus para controlabilidade. Assim, dada uma matriz   e uma matriz  , o lema afirma que as seguintes afirmações são equivalentes:

  1. o par   é observável;
  2. para todo  , a matriz   tem posto-coluna pleno;

Estabilizabilidade

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O Lema de Hautus para estabilizabilidade afirma que, dadas uma matriz   e uma matriz  , as seguintes afirmações são equivalentes:

  1. o par   é estabilizável;
  2. para todo   e para os quais  , segue que  .

Detectabilidade

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O Lema de Hautus para detectabilidade[7] surge como corolário do Lema de Hautus para estabilizabilidade. Assim, dada uma matriz   e uma matriz  , o lema afirma que as seguintes afirmações são equivalentes:

  1. o par   é detectável;
  2. não há autovetores da matriz   associados a um autovalor de parte real não negativa que sejam ortogonais às linhas de  ;
  3. para todo   com   a matriz   tem posto-coluna pleno.

Exemplo

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Controlabilidade

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Considere um sistema linear dado pelas seguintes matrizes:

  e  

Calcula-se os autovalores da matriz   utilizando a fórmula  . Dela, os autovalores de   obtidos são  .

Em seguida, deve-se analisar o sistema ao calcular o posto das matrizes   e   concatenadas na forma   para cada autovalor encontrado. Nesse caso, três cálculos serão realizados:

  •  ;


  •  ;


  •  ;

Ao analisar os casos acima, percebe-se que apenas os casos em que o autovalor vale   e   são controláveis, pois a matriz   apresentou posto pleno:

 

Referências

  1. Zabczyk, Jerzy (1995). Mathematical Control Theory – An introduction. Boston: Birkhauser. ISBN 3-7643-3645-5 
  2. a b «Controllability and Observability Conditions of Linear Autonomous Systems». Consultado em 29 de junho de 2017 
  3. Sontag, Eduard D. (1998). Mathematical Control Theory: Deterministic Finite-Dimensional Systems. New York: Springer. ISBN 0-387-98489-5 
  4. «Chapter 3 - Controllability and Observability» (PDF). Consultado em 29 de junho de 2017 
  5. a b «Control Systems Design, SC4026» (PDF). Consultado em 29 de junho de 2017 
  6. Corless, Martin J., Frazho, Arthur E. (2007). Linear Systemas and Control: An Operator Perspective. New York: Marcel Dekker, Inc. p. 45. ISBN 0-8247-0729-X 
  7. Willians II, Robert L., Lawrence, Douglas A. (2007). Linear State-space Control Systems. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. ISBN 978-0-471-73555-7