Lendas urbanas de viagens no tempo

Lendas urbanas de viagens no tempo são relatos de pessoas que, supostamente, viajaram através do tempo, divulgados pela imprensa ou espalhados pela Internet. Todos esses relatos tornaram-se ou brincadeiras, ou foram baseados em suposições incorretas, informações incompletas ou de interpretação de ficção como sendo fato.

Incidentes editar

Moberly–Jourdain editar

 
O Petit Trianon em 2005, onde o incidente supostamente ocorreu.
 Ver artigo principal: Incidente Moberly–Jourdain

O incidente Moberly–Jourdain, ou os fantasmas do Petit Trianon ou Versalhes foi um evento que ocorreu em 10 de agosto de 1901 nos jardins do Petit Trianon, envolvendo duas acadêmicas do sexo feminino, Charlotte Anne Moberly (1846–1937) e Eleanor Jourdain (1863–1924). Ambas as mulheres eram oriundas de famílias instruídas; o pai de Moberly era um professor e um bispo, e o pai de Jourdain era um vigário. Durante uma viagem a Versalhes, elas visitaram o Petit Trianon, um pequeno castelo no interior do parque do Palácio de Versailles, onde supostamente sofreram um lapso de tempo e viram Maria Antonieta, bem como outras pessoas do mesmo período.

Viajantes editar

Billy Meier editar

"Billy" Eduard Albert Meier (3 de fevereiro de 1937) é um cidadão suíço que afirma ser um contatado de UFO e profeta. Ele é também a fonte de muitas fotografias controversas de OVNIs, que ele afirma serem evidências de seus encontros. Meier relata o contato regular com os extraterrestres que ele chama de Plejaren (alienígenas de além das Plêiades) descrevendo-os como aliens humanóides Pleiadianos.

Como contou na versão completa da Message from the Pleiades, Vol. 2, na página 512, Meier foi levado de volta no tempo através do extraterrestre Asket, onde se encontrou pessoalmente com Jmmanuel, que alega ser o Jesus real, e que disse a Meier que a evolução de Meier foi maior do que a do próprio Jmmanuel, dizendo: "Na verdade, sua evolução continuou por mais de 2.000 anos, fato que eu não considerei." O contato com Jmmanuel durou quatro dias e Meier foi devolvido ao tempo presente. [1]

John Titor editar

 Ver artigo principal: John Titor

John Titor é o nome usado em vários bulletin boards durante os anos de 2000 e 2001 por um postador que alegava ser um viajante do tempo do ano de 2036. Nessas postagens, ele fez diversas predições (algumas vagas, outras bem específicas[2]) sobre eventos no futuro próximo, começando com eventos em 2004. Ele descreveu um futuro drasticamente modificado no qual os Estados Unidos foram partidos em cinco regiões menores, o meio ambiente e a infraestrutura foram devastados por um ataque nuclear e muitas outras potências mundiais foram destruídas.

Até hoje, a história tem sido recontada em diversos sites, em um livro, em uma peça de teatro e, recentemente, no anime Steins;Gate. Ele também foi discutido ocasionalmente no programa de rádio Coast to Coast AM.[3] Neste aspecto, a história de Titor pode ser única em termos do amplo apelo a partir de uma mídia originalmente limitada, um fórum de discussões da internet.

Andrew Carlssin editar

Andrew Carlssin é uma pessoa que teria sido presa em janeiro de 2003 por violações da Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) por fazer 126 operações de alto risco de ações e ser bem sucedido em cada uma delas. Conforme relatado, Carlssin começou com um investimento inicial de 800 dólares e terminou com mais de 350.000.000 de dólares, o que chamou a atenção da SEC. Mais tarde, os relatórios sugerem que depois de sua prisão, ele apresentou uma confissão de quatro horas em que ele afirmava ser um viajante do tempo de 200 anos no futuro. Ele se ofereceu para dizer aos investigadores coisas como o paradeiro de Osama bin Laden e a cura para a AIDS em troca de uma punição mais branda e ser autorizado a regressar à sua máquina do tempo,[4] embora ele se recusou a dizer aos investigadores a localização ou funcionamento de sua máquina. [5]

A história de Carlssin originou-se como uma peça de ficção no Weekly World News, um jornal satírico, e mais tarde foi repetida pelo Yahoo! News, onde a sua natureza fictícia tornou-se menos aparente. Logo foi noticiado por outros jornais e revistas como sendo um fato. Isso, por sua vez, levou a um marketing de boca-a-boca que se espalhou por caixas de entrada de e-mails e fóruns de internet, levando à descrições mais detalhadas dos eventos. [6]

Tecnologia editar

Experimento Filadélfia e Projeto Montauk editar

 
Foto do USS Eldridge (DE-173).
 Ver artigos principais: Experimento Filadélfia e Projeto Montauk

Experimento Filadélfia foi um suposto projeto naval militar realizado no Estaleiro Naval da Filadélfia em Filadélfia, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos, por volta de 28 de outubro de 1943, na qual o destróier de escolta USS Eldridge tornou-se invisível aos observadores por um breve período. É também referido como Projeto Rainbow .

A história é amplamente considerada como uma farsa.[7][8][9] A marinha norte-americana afirma que tais experimentos jamais ocorreram, além disso, detalhes sobre a história contradizem os fatos sobre o USS-Eldridge.[10] Isso, contudo, criou ondas de círculos envolvendo teoria da conspiração, e participantes do Experimento Filadélfia foram relatados em outras teorias da conspiração envolvendo o governo norte-americano.

O Projeto Montauk foi acusado de ser uma série de projetos secretos do governo dos Estados Unidos realizado em Camp Hero ou Air Force Station em Montauk em Montauk, Long Island com a finalidade de desenvolver técnicas de guerra psicológica e investigações exóticas, incluindo a viagem no tempo, viagem no hiperespaço, invisibilidade a luz visível, infravermelha e radar. Devido à falta de evidências para apoiar grupo de hipóteses, os críticos argumentam que o Projeto Montauk é uma teoria da conspiração ou apenas uma lenda urbana ou um absurdo. Jacques Vallée[11] descreve as alegações do Projeto Montauk como uma conseqüência de histórias sobre o Experimento Filadélfia.

Outros editar

Vítima de acidente que veio do passado editar

 Ver artigo principal: Rudolph Fentz

Rudolph Fentz (supostamente nascido em 1847 — Nova Iorque, junho de 1950, também conhecido como Rudolf Fenz) é o personagem fictício central de uma lenda urbana.

A história de Rudolph Fentz é uma das lendas urbanas mais significativas da década de 1970 e tem sido repetida desde então; com a propagação da Internet na década de 1990, tem sido relatada com mais frequência como uma reprodução de fatos e apresentada como evidência para a existência (involuntária) da viagem no tempo.

O folclorista Chris Aubeck investigou a história e descobriu que ela tinha origem em um livro de ficção científica dos anos 1950, A Voice from the Gallery de Ralph M. Holland, que tinha copiado do conto "I'm Scared", obra de Jack Finney (1911–1995), do qual a história de Fentz teve origem.[12]

Spammer de viagem no tempo editar

Semelhante aos casos de John Titor, Bob White ou Tim Jones, foi enviado um número desconhecido de e-mails com spam para a internet entre 2001 2003. O conteúdo dos e-mails era sempre o mesmo, uma pessoa estava tentando encontrar alguém para suprir um "gerador de distorção dimensional". Em algumas ocasiões, ele afirmou ser um viajante do tempo preso no ano de 2003[13], em outras, afirmou apenas estar a procura de parceiros para viagens no tempo.[14] Algumas das pessoas que receberam as mensagens começaram a responder no mesmo tom, alegando possuírem equipamentos tais como o solicitado "gerador de distorção dimensional". Umas dessas pessoas, Dave Hill, montou uma loja virtual na qual o viajante do tempo poderia compar um "gerador de distorção". (antes um motor hard drive).[15] Logo depois, o viajante do tempo foi identificado como o spammer profissional James R. Todino (conhecido como "Robby"). As tentativas de Todino de viajar no tempo eram uma crença séria, e enquanto ele acreditava que era "perfeito e mentalmente estável", seu pai estava preocupado com todas aquelas respostas de seus e-mails e achava que tudo isso estava alimentando os problemas psicológicos de Todino. Em seu livro, "Spam Kings", o jornalista Brian S. McWilliams, que havia descoberto a identidade de Todino para a revista Wired, revelou que Todino havia sido anteriormente diagnosticado com transtorno dissociativo e esquizofrenia, explicando os problemas psicológicos dos quais o pai de Todino havia falado.[16][17] Todino, o viajante do tempo, foi imortalizado na canção "Rewind" do trio de jazz GrooveLily, em seu álbum de 2003, Are we there yet?. A canção usa frases retiradas de e-mails de Todino em sua letra.[17]

Homem moderno em fotografia de 1941 editar

 

Uma fotografia de 1941 da reabertura da South Forks Bridge em Gold Bridge, Colúmbia Britânica, Canadá, foi declarada por mostrar um viajante do tempo.[18] Alegou-se que suas roupas e óculos de sol eram modernos e não faziam parte da moda usada na década de 1940.[19][20] A foto é oriunda do Pioneer Bralorne Museum, e foi apresentada em sua exposição virtual Their Past Lives Here, produzida e apresentada por meio de investimentos do Museu Virtual do Canadá(VMC).[21]

Outras pesquisas sugerem que a aparência moderna do homem pode não ter sido tão moderna. O estilo de óculos de sol apareceu pela primeira vez na década de 1920, e de fato, Barbara Stanwyck pode ser vista usando um par similar no filme, Double Indemnity, três anos depois. À primeira vista, alega-se que o homem está vestindo uma moderna camiseta estampada, mas em um exame mais atento, parece ser um suéter com um emblema costurado, o tipo de roupa frequentemente usado por equipes esportivas da época. O restante de sua roupa aparentemente estava disponível na época, embora suas roupas fossem muito mais casuais do que as usadas pelos outros indivíduos na fotografia.[21]

Grupos debatem sobre se a imagem realmente mostra um viajante do tempo, foi foto manipulada, ou está simplesmente sendo confundida como anacrônica.[21] O "Time Traveling Hipster" tornou-se um caso estudo em fenômenos virais da Internet em museus que foi apresentado na conferência Museums and the Web em 2011, na Filadélfia. [22]

 

Usuário de telefone celular de 1928 editar

Em outubro de 2010, o cineasta norte-irlandês George Clarke enviou um vídeo intitulado "Chaplin's Time Traveler" para o YouTube. O clipe analisa o material bônus em um DVD do filme de Charlie Chaplin, The Circus. Incluído no DVD está a metragem da premiere do filme em Los Angeles no Grauman's Chinese Theatre em 1928. Em um ponto, uma mulher é vista andando, segurando um objeto junto ao ouvido. Clarke disse que, num exame mais minucioso, ela estava falando em um dispositivo fino e preto que parecia ser um "telefone".[23] Clarke concluiu que a mulher era, possivelmente, uma viajante do tempo.[20] O vídeo recebeu milhões de visitas e foi o assunto de notícias televisivas.[24]

Nicholas Jackson, editor associado da revista The Atlantic, diz que a resposta mais provável é que ela está usando um novo aparelho auditivo portátil, tecnologia que estava sendo desenvolvida no momento.[20] Philip Skroska, um arquivista da Bernard Becker Medical Library da Universidade Washington em St. Louis, acha que a mulher talvez tivesse segurando uma corneta acústica retangular.[25] O jornalista do Daily News, Michael Sheridan disse que o aparelho era provavelmente um aparelho auditivo antigo, talvez fabricado pela Acousticon.[20]

John Krasinski
Carl Adolf Feilberg
Uma comparação de John Krasinski e a pintura de Carl Feilberg

John Krasinski editar

Um retrato de 1835, obra do pintor dinamarquês Christen Købke, no Statens Museum for Kunst, Copenhague, chamou a atenção por ser muito parecido com o ator John Krasinski.[26] John Krasinski respondeu dizendo: "Uau! Parece um pouco intelectual para o marketing da NBC... Mas eu gosto!".[27]

A pintura, na verdade, retrata Carl Adolf Feilberg[28], um fabricante de sabão. A semelhança de Krasinski e Feilberg levou a uma campanha viral debatendo se Krasinski havia posado para o quadro em 1835.[27]

Referências

  1. Message From the Pleiades, Vol. 2 (Unabridged) Translated by Wendelle Stevens
  2. Karl Simanonok. «JOHN TITOR VALIDITY TEST BASED ON PREDICTION OF CIVIL WAR BY 2004-2005». Johntitor.strategicbrains.com. Consultado em 9 de junho de 2012 
  3. George Noory (8 de junho de 2004). «John Titor, Recap». Consultado em 9 de junho de 2012 
  4. «Easts makes a packet as James stays away». The Sydney Morning Herald. 31 de março de 2003 
  5. Huw Davies; Knife & Packer (2005). Huw Davies, ed. Pedestrian Safety Expert Gets Hit by Bus: Another Weird Year of Bizarre News Stories from Around the World. [S.l.]: Andrews McMeel Publishing. p. 201. 320 páginas. ISBN 0740754645. Consultado em 9 de junho de 2012 
  6. «Insider Trading». Articles. Consultado em 9 de junho de 2012 
  7. Robert Todd Carroll (3 de dezembro de 2007). «Philadelphia experiment». The Skeptic's Dictionary. Consultado em 9 de junho de 2012 
  8. Mike Dash (2000) [1997]. Borderlands. Woodstock, New York: Overlook Press. ISBN ISBN 9780879517243 Verifique |isbn= (ajuda). OCLC 41932447 
  9. Cecil Adams (23 de outubro de 1987). «Did the U.S. Navy teleport ships in the Philadelphia Experiment?». The Straight Dope. Consultado em 9 de junho de 2012 
  10. «The "Philadelphia Experiment"». Naval Historical Center of the United States Navy. 28 de novembro de 2000. Consultado em 9 de junho de 2012. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2007 
  11. Jacques F. Vallée. «"Anatomy of a Hoax: The Philadelphia Experiment Fifty Years Later"» (PDF). Consultado em 9 de junho de 2012. Arquivado do original (PDF) em 22 de dezembro de 2009 
  12. Rob Schwarz (19 de setembro de 2011). «The Extraordinary Voyage Of Rudolph Fentz». Consultado em 9 de junho de 2012 
  13. «Time Traveler Needs Dimensional Warp Generator». Museum of Hoaxes 
  14. «Time Travel - a Letters From Mad People special!». Consultado em 9 de junho de 2012. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2011 
  15. Brian McWilliams (29 de agosto de 2003). «Turn Back the Spam of Time». Wired. Consultado em 9 de junho de 2012 
  16. Brian McWilliams (29 de setembro de 2003). «Turn Back the Spam of Time». Wired. Consultado em 9 de junho de 2012 
  17. a b Brian S. McWilliams (2004). Spam Kings: The Real Story behind the High-Rolling Hucksters Pushing Porn, Pills, and %*@)# Enlargements. [S.l.]: O'Reilly Media, Inc. 247 páginas 
  18. Eoin O'Carroll (28 de outubro de 2010). «Time traveler caught on film. Hey, why not?». CSMonitor.com. Consultado em 9 de junho de 2012 
  19. «"Time traveler" caught in museum photo ?». unexplained-mysteries.com. 18 de abril de 2010 
  20. a b c d Michael Sheridan (28 de outubro de 2010). «Time traveler caught on film in 1928? Filmmaker claims find in Charlie Chaplin's 'The Circus' DVD». Daily News. Consultado em 9 de junho de 2012 
  21. a b c Mori (abril de 2010). «Time Traveler Caught in Museum Photo?». forgetomori.com. Consultado em 9 de junho de 2012 
  22. «The Mystery of the "1940s Time Traveller": The Changing Face of Online Brand Monitoring». museumsandtheweb. Consultado em 9 de junho de 2012 
  23. Ki Mae Heussner (28 de outubro de 2010). «Time Traveler' in 1928 Charlie Chaplin Film?». Abc news. Consultado em 9 de junho de 2012 
  24. «Debunking the Charlie Chaplin Time Travel Video». The Atlantic. 1 de novembro de 2010. Consultado em 9 de junho de 2012 
  25. Jeremy Hsu (28 de outubro de 2010). «Time Traveler' May Just Be Hard of Hearing». Strange News. LiveScience. Consultado em 9 de junho de 2012 
  26. «Is Actor John Krasinski a Time Traveler?». CBS News. 29 de outubro de 2010. Consultado em 9 de junho de 2012 
  27. a b Liz Kelly (28 de outubro de 2010). «The Office's' John Krasinski, also a time traveler?». The Washington Post. Consultado em 9 de junho de 2012 
  28. «Værk i Kunstdatabase». Consultado em 9 de junho de 2012. Arquivado do original em 26 de abril de 2012