Lene Padilha, nome artístico de Rosilene Furtado Padilha (Vila-Que-Era, Bragança, 30 de agosto de 1989) é professora e ceramista tradicional de louceira; bisneta de mulheres detentoras de saberes tradicionais. Ceramista de panelas de barro à joias em cerâmica.

Lene Padilha.
Lene Padilha
Nome completo Rosilene Furtado Padilha
Nascimento 30 de agosto de 1989, Vila-Que-Era, Bragança, Pará
Nacionalidade Brasileira
Ocupação Ceramista
Lene Padilha junto de sua mãe, mestra louceira, Nazaré Furtado.

Biografia editar

 
Lene Padilha.

Lene Padilha, ou professora do barro, como foi apelidada por sua mãe, é uma ceramista que encontrou na rotina familiar de louceiras, que interliga o passado, o presente e o futuro na cerâmica, os quais, remetem às memórias daquele povo que habitou a região do Caeté. Um dialogo entre o fazer ancestral de panelas de barros e as joias em cerâmica. Nasceu dentro da casa da sua avó materna no dia 30 de agosto de 1989, na comunidade Vila-Que-Era, no município de Bragança-PA. Seu nome do meio, Furtado, vem das louceiras de Vila-Que-Era, e seu sobrenome Padilha, vem de sua família paterna da comunidade Camutá, município de Bragança-PA, na qual hoje, reside. Desde de criança, viveu transitando entre as comunidade Camutá e Vila-Que-Era, se considerando filha das duas vilas. Seu ensino fundamental e médio foi todo em escola pública, aluno multiserie, concluiu seu ensino fundamental através da EJA. É formada em licenciatura em língua portuguesa, pela Universidade Federal do Pará, campus Bragança, em 2015, sendo a primeira da sua família e da comunidade a ter o ensino superior. Contudo, não se identificou com a área da educação, vindo a se identificar na área de fazer e ensinar cerâmica, assim, chegando a ministrar cursos e oficinas de cerâmica.

 
Lene Padilha junto de sua mãe e avó.

A cerâmica sempre esteve presente em sua vida desde o momento em que nasceu, aprendendo ainda na infância com sua mãe, mestra louceira, Maria Nazaré Furtado da Silva. e sua mãe, por sua vez. aprendeu com a avó. É um saber fazer que atravessa as gerações em sua família, dada por linha matrilinear, sendo uma atividade pura e exclusiva feminina. Pelo fato de a cerâmica estar presente em sua vida como um costume familiar, Padilha sempre viu o saber fazer cerâmica com normalidade, sem lhe despertar muito interesse, mas a partir do momento em que começou a pesquisar para seu TCC, "Fazer cerâmica nas comunidades de Vila-Que-era e Fazendinha: Estudo socioterminológico sobre um saber tradicional.", surgiu seu interesse, e percebeu o valor do legado da produção de panelas de barro e como isso faz parte da sua identidade e da cultura das mulheres louceiras de sua comunidade, compreendeu a importância do saber fazer cerâmica, e como isso faz parte da sua formação como indivíduo.

 
Lene Padilha e seu filho, Pedro Dion. A tradição em família atravessando gerações.
 
Lene Padilha ensinando crianças.

Em 2016, mudou-se para Soure, município na Ilha de Marajó, onde ficou por 5 anos, lá obteve contato com a produção de joias, Padilha conseguiu através de suas experiências e vivências, ir além da produção de panelas de barro, iniciando a produção de joias de cerâmica. Mesmo sendo dois objetos diferentes, e utilizando a mesma matéria prima (argila), para Lene, não há como separar os dois. Foi em Soure, onde se aprofundou na produção e começou a trabalhar profissionalmente junto com seu marido que também é ceramista, Délio Saraiva, com quem tem um filho, Pedro Dion. Mesmo produzindo em Soure, suas primeiras peças foram vendidas no Hotel Aruans, em Bragança-PA. Atualmente, Lene Padilha, junto com seu marido, tem um ateliê de cerâmica, denominado de "Loiça de Barro", que fica localizado na comunidade Camutá, onde vendem panelas, pratos, artigos de decoração e joias de cerâmicas. Para a criação e produção de suas joias, Lene afirma que foi algo natural, que não se contentaria em fazer somente panelas de barro, como foi lhe ensinado, e que foi na produção de joias que ela se encontrou profissionalmente. As suas joias de cerâmica carregam elementos do seu cotidiano e da cultura paraense, algumas são retratados a mitologia marajoara, artes rupestres, elementos da Marujada de São Benedito, Muiraquitã, e entre outros. Apesar das dificuldades e julgamentos enfrentados por ter escolhido ser ceramista ao invés de seguir a carreira de professora, a artesã ceramista não desaminou, e usa a arte do barro para continuar o legado deixado pelas mulheres louceiras de sua família; uns dos principais motivos que a incentiva a continuar trabalhando com a cerâmica, é o amor, o amor que sente pelo barro, por suas raízes amazônica. Suas maiores influências vem sendo sua mãe e marido. Seu maior desejo é que não se perca o saber fazer cerâmica das louceiras da comunidade Vila-Que-Era, e que continue sendo repassada para as futuras gerações esse ensinamento milenar, que começou com os povos originais da Amazônia.

 
Lene Padilha, Ceramista e Professora do barro
 
Fotografia exibindo a área interna do ateliê Loiça de Barro.
 
Fotografia exibindo peças de cerâmica do ateliê, Loiça de Barro.
 
Fotografia exibindo peças de cerâmica do ateliê Loiça de barro.


Projetos premiados editar

  • Preamar de cultura e arte 2022 - Panela de barro: Cultura que ultrapassa gerações em Vila-Que-Era, Bragança-PA.
  • Audiovisual - Lei Paulo Gustavo municipal 2023- Panela de barro de Vila-Que-era, cultura que atravessado gerações.
  • Lei Paulo Gustavo 2023- Produção de panela de barro, replicado o passado especificamente na comunidade Camutá, Bragança-PA.

Referência bibliográfica editar

  1. LUZ, Laudlurdes de Fátima Carvalho. PADILHA, Rosilene Furtado. Fazer ceramica nas comunidades de Vila-Que-Era e Fazendinha: estudo socioterminológico sobre um saber tradicional. 2015. TCC (Graduação) - Faculdade de Letras, Universidade Federal do Pará, Bragança-Para, 2015.
  2. Sousa, Jocenilda Pires de; Reis, Maria Do Socorro Braga (1 de dezembro de 2016). «Uma viagem aos saberes dos moradores da Vila Que Era». Nova Revista Amazônica (3). 99 páginas. ISSN 2318-1346. doi:10.18542/nra.v4i3.6451. Consultado em 27 de abril de 2024[1]
  3. ROSÁRIO, Samuel Antônio Silva. Saberes-Fazeres sobre a cerâmica caeteuara da comunidade "Vila Cuera" no município de Bragança-PA: um perspectiva etnofísica. Revista Atlante, 2019. Disponível em: < https://www.eumed.net/rev/altante/2019/07/saberes-fazeres-etnofisico.html >. Acesso em: 27/04/2024.
  1. Sousa, Jocenilda Pires de; Reis, Maria Do Socorro Braga (1 de dezembro de 2016). «Uma viagem aos saberes dos moradores da Vila Que Era». Nova Revista Amazônica (3). 99 páginas. ISSN 2318-1346. doi:10.18542/nra.v4i3.6451. Consultado em 27 de abril de 2024 

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