Ezequiel é um dos livros proféticos do Antigo testamento da Bíblia, vem depois do Livro das Lamentações e antes do Livro de Daniel.[1][2] Possui 48 capítulos.

Ezequiel, era um sacerdote[3] que foi chamado para profetizar durante o Exílio do povo judeu na Babilônia, tendo exercido sua atividade entre os anos 593 a 571 AC.[3] Diz-se que fundou uma escola de profetas e que ensinava a Lei à beira do Rio Quebar,[4] que corta a cidade de Babilônia.

São curiosas as visões que o profeta teve sobre a glória de Deus e os sinais que aconteceram em sua própria vida demonstrando que as ações de Deus são fortes e marcantes. Ezequiel perdeu a sua esposa como sinal da queda de Jerusalém.

A comunidade, em meio à qual ele vivia, acreditava que em breve tudo voltaria a ser como antes, para seus contemporâneos o projeto de Deus era mero sistema que lhe dava segurança. Ezequiel, no entanto, sabe que o sistema passado estava agonizando de maneira irrecuperável, pois Jerusalém seria destruída.

Segundo ele, a sociedade sofria de doença crônica e incurável, pois havia abandonado o projeto de Javé em troca de uma vida luxuosa e fascinante. Por isso, Ezequiel vê o próprio Deus deixando o Templo (11:22-24) e largando os rebeldes ao bel-prazer dos amantes.

Isso era causa de sofrimento para o profeta, mas não de desânimo e desespero. Para ele, o futuro seria de ressurreição (caps. 36-37) e novidade radical. Com sua linguagem simbólica, Ezequiel indicava os passos para a construção do mundo novo:

Manuscrito inglês do século XIII do Livro de Ezequiel. O conteúdo é Ezequiel 30:13-18. O texto em hebraico está escrito da esquerda para a direita, como no latim. Foi organizado combinando latim e hebraico - usado para estudo de eruditos cristãos
  • Assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação.
  • Compreender que a simples reforma de um sistema corrompido não gera nenhuma sociedade nova; apenas reanima o velho sistema que, cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios.
  • Converter-se a Javé, assumindo o seu projeto; e, a partir daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida.

Com esse programa profético, vislumbrava-se um futuro novo: Deus voltaria para o meio de seu povo (43:1-7), provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova. Aí, todos poderão participar igualmente dos bens e decisões que constroem a relação social a partir da justiça. Desse modo, todos poderão reconhecer que, a partir desse dia, o nome da cidade será: Javé está aí (48:35).[3]

A doutrina deste profeta tem, por núcleo, a renovação interior: é preciso criar, para si, um coração novo e um espírito novo (18:31); ou ainda, o próprio Deus dará "outro" coração, um coração "novo", e infundirá, no homem, um espírito "novo" (11:19; 36:26).[5]

Exibição do Livro de Ezequiel na mostra do Dirigível Ezequiel (Ezekiel Airship) no Centro e Museu do Patrimônio Rural do Nordeste do Texas em Pittsburg, no Texas, nos Estados Unidos

Ezequiel dá origem à corrente apocalíptica, suas grandiosas visões antecipam as de Daniel e as do autor de Apocalipse.[5]

Plano da Obra editar

  • Introdução (relato da vocação do profeta): caps. 1 a 3:21;[6]
  • Censuras e advertências antes do cerco de Jerusalém: caps. 3:22 a 24;
  • Oráculos contra as nações: caps. 25 a 32;
  • Mensagens de consolação: caps. 33 a 39;
  • Visão do fim do Exílio na Babilônia (caps. 40 a 48)[7]

Autoria editar

Há indícios de que a obra é fruto do trabalho de discípulos que trabalharam a partir de escritos ou recordações, combinando-os e completando-os.[7]

Referências

  1. Echegary, J. González; et al. (2000). A Bíblia e seu contexto. 2 2 ed. São Paulo: Edições Ave Maria. 1133 páginas. ISBN 978-85-276-0347-8 
  2. Pearlman, Myer (2006). Através da Bíblia. Livro por Livro 23 ed. São Paulo: Editora Vida. 439 páginas. ISBN 978-85-7367-134-6 
  3. a b c Ezequiel Arquivado em 11 de dezembro de 2009, no Wayback Machine.Edição Pastoral da Bíblia, acessado em 17 de agosto de 2010
  4. Tradução Ecumênica da Bíblia, Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 803
  5. a b Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.244
  6. Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., p 803
  7. a b Bíblia de Jerusalém, cit., p 1.242

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