Lizzie van Zyl (1894Bloemfontein, 1901) foi uma criança bóer da África do Sul, morta por febre tifoide, aos sete anos de idade, num campo de concentração na cidade de Bloemfontein, durante a Segunda Guerra dos Boers (1899-1902).[1][2] Os britânicos encarceraram-na devido à recusa do pai, um combatente bóer, de se render.[3]

Lizzie van Zyl
Lizzie van Zyl
Foto de van Zyl tirada durante a sua internação no campo de concentração de Bloemfontein
Nome completo Lizzie van Zyl
Conhecido(a) por Segunda Guerra dos Boers
Nascimento 1894
Estado Livre de Orange
Morte 1901 (7 anos)
Bloemfontein
Causa da morte febre tifóide
Nacionalidade bóer

Biografia editar

A enfermeira e militante Emily Hobhouse, após visitar o campo em 1901, usou a sua morte como um exemplo das dificuldades que as mulheres e crianças bóeres enfrentavam nos campos de concentração britânicos durante a guerra. Hobhouse conta a história da jovem Lizzie van Zyl que morreu no campo de concentração de Bloemfontein:

Ela era uma frágil criança de necessidade desesperada de bons cuidados. No entanto, porque a sua mãe era uma das pessoas "indesejadas", devido ao fato de que o seu marido não se rendeu nem traiu o seu povo, Lizzie foi posta entre aqueles que receberiam a quantidade de rações mais baixas e, assim, pereceu de fome. Após um mês no acampamento, foi transferida para um novo hospital de pequeno porte, no qual foi tratada com dureza. O médico e enfermeiros, todos ingleses, não entendiam a sua linguagem, o africâner, e como ela não sabia inglês, rotularam-na de idiota, embora estivesse mentalmente apta e normal. Um dia ela começou a chamar desanimada: Mãe! Mãe! Eu quero ir para a minha mãe! Uma senhora Botha caminhou até ela para consolá-la. Ela estava apenas a dizer à criança que ela iria logo ver a mãe novamente, quando foi bruscamente interrompida por uma das enfermeiras que lhe disse para não interferir com a criança, pois estava a incomodá-la. Pouco tempo depois, Lizzie van Zyl morreu.[4]

Observa-se que o seu cabelo foi cortado, uma prática comum para as crianças que sofriam de febre tifoide.

Lizzie van Zyl tornou-se um símbolo na luta contra o horror do sistema britânico dos campos de concentração.

Foto editar

A imagem da pequena van Zyl esquálida foi dada pelo autor escocês Arthur Conan Doyle, que serviu enquanto médico voluntário durante a Segunda Guerra dos Bóeres, a Joseph Chamberlain.[5] Doyle e Chamberlain foram apoiadores da Guerra dos Bóeres; Doyle escreveu o texto The War in South Africa: Its Cause and Conduct (em português "A Guerra na África do Sul: Causa e execução"), com o objetivo de justificá-la.

A foto foi usada de propaganda, como a autora Hélène Opperman Lewis indica, a fim de convencer o público inglês da negligência das crianças Bóeres por parte dos pais. A imagem foi publicada com uma nota dizendo que teria sido tirada no momento da chegada de Lizzie e da sua mãe ao campo de concentração. Chamberlain foi citado no jornal The Times no dia 5 de março de 1902 dizendo que a mãe era alvo de uma perseguição por sevícia.[5]

Hobhouse investigava o caso e não pôde achar qualquer prova de um caso de justiça em que a mãe de Lizzie fosse envolvida. Ela localizou o fotógrafo, um senhor de Klerk, que afirmou que a foto tinha sido tirada dois meses após a chegada de Lizzie e da mãe ao campo.[5]

Referências