Lolium temulentum

erva daninha semelhante ao trigo

Lolium temulentum é uma espécie de planta com flor pertencente à família Poaceae.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLolium temulentum
joio, cizânia
Lolium temulentum (joio).
Lolium temulentum (joio).
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: monocotiledóneas
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Lolium
Espécie: L. temulentum
Nome binomial
Lolium temulentum
L.

A autoridade científica da espécie é L., tendo sido publicada em Species Plantarum 1: 83. 1753.[1]

Hábito da espécie antes da floração.

Conhecida pelos nomes comuns de joio ou cizânia, que como a maioria das espécies do género Lolium é uma planta anual, de talo rígido, que cresce até 1 metro de altura, com inflorescências em espiga e grão de cor violácea. Morfologicamente muito parecida com o trigo e crescendo nas zonas cerealíferas, é considerada uma erva daninha desse cultivo. A semelhança entre essas duas plantas é tão grande que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo".[2] A espécie tem distribuição cosmopolita estando presente em todas as regiões temperadas e subtropicais. Contudo após maduro o joio é fácil identificar e arrancar, diferenciando assim o trigo do joio.

Descrição editar

L. temulentum é uma herbácea anual, com caules erectos com até 1 m de altura e folhas estreitas e alongadas com bainha bem desenvolvida. A inflorescência é uma espiga alongada, aspecto que diferencia a planta do trigo. A semente é um grão de coloração violácea.

Como o joio cresce nas mesmas regiões em que é cultivado o trigo, a sua semelhança morfológica com aquela planta torna difícil a sua erradicação das searas, conferindo assim à espécie uma importante vantagem competitiva. A semelhança é tão grande que apenas pode ser distinguido com facilidade após a formação da espiga, o que leva a que seja por vezes referido como "falso-trigo".[3] A semelhança contudo desfaz-se com a formação da espiga, já que as espiguetas de L. temulentum são mais delgadas do que as de trigo e inseridas mais obliquamente em relação à ráquis. Para além disso, as espiguetas do joio têm apenas uma única gluma, enquanto as de trigo são orientadas com o lado plano para a ráquis e têm duas glumas. As espigas do trigo são castanhas quando maduras, enquanto que do joio são pretas.[4]

O joio é frequentemente infectado por um fungo endófito do género Neotyphodium, produtor de toxinas, e o alcaloide lolina, um insecticida de origem endofítica, foi pela primeira vez isolado nesta planta.[5]

Por ser uma erva daninha comum entre o trigo susceptível a infecção fúngica, incluindo por fungos produtores de toxinas com efeitos graves sobre os humanos, em diversas línguas europeias a planta tem nomes que rementem para a embriaguez, como é o caso da língua francesa na qual o joio é designado por ivraie (do latim ebriacus, ébrio). Alude-se à mesma característica no epíteto específico temulentus, latim para "bêbado".

Etnobotânica editar

A frequente presença de toxinas de origem fúngica pode tornar as sementes de joio venenosas, pelo que uma pequena quantidade de joio colhida e processada junto ao trigo pode comprometer a qualidade do produto obtido. Vem daí a famosa expressão "é preciso separar o joio do trigo", um ditado popular. Sua origem, religiosa, encontra-se na citação nominal do joio pela Bíblia, que estabelece uma analogia entre joio e o trigo e as pessoas más e boas e de como isso se evidencia com o tempo.

 Ver artigo principal: Parábola do Trigo e do Joio

(...) os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.

Mateus 13:28–30

William Shakespeare menciona o joio como uma infestante na sua obra Rei Lear (King Lear)[6] e em Mitrídates (Mithradate) como um dos ingredientes que Mitrídates VI do Ponto usaria na poção que ingeria todos os dias para o tornar imune ao envenenamento.

Portugal editar

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal continental, no arquipélago dos Açores e no da Madeira.

Em termos de naturalidade é nativa de Portugal continental, introduzida nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Protecção editar

Não é protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Referências

  1. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 7 de Outubro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/25509744>
  2. Craig S. Keener, The Gospel of Matthew: A Socio-Rhetorical Commentary, Wm. B. Eerdmans Publishing, 2009 p.387
  3. Craig S. Keener, The Gospel of Matthew: A Socio-Rhetorical Commentary, Wm. B. Eerdmans, 2009 p. 387.
  4. Heinrich W.nGuggenheimer, The Jerusalem Talmud, Vol. 1, Part 3, Walter de Gruyter, 2000 p. 5.
  5. Schardl, CL; Grossman, RB; Nagabhyru, P; Faulkner, JR; Mallik, UP (2007). «Loline alkaloids: currencies of mutualism». Phytochemistry (em inglês). 68 (7): 980–96. PMID 17346759. doi:10.1016/j.phytochem.2007.01.010  Parâmetro desconhecido |título_trad= ignorado (ajuda)
  6. Seager, Herbert West (1896). «Darnel». Natural history in Shakespeare's time. London: Elliot Stock. p. 82 

Bibliografia editar

Ligações externas editar

 
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Ver também editar