Caio Lucílio (em latim, Gaius Lucilius; 180-102 a.C.) é o mais antigo satirista latino cujos textos chegaram à época moderna, ainda que em estado fragmentário. Suas sátiras eram consideradas já pelos romanos como extremamente mordazes, chegando às raias da invectiva, razão pela qual posteriormente chamou-se luciliânica toda sátira feroz.

Lucílio
Nascimento 180 a.C.
Sessa Aurunca
Morte 102 a.C. (77–78 anos)
Nápoles
Cidadania Roma Antiga
Progenitores
  • Desconhecido
  • Desconhecido
Irmão(ã)(s) Marcus Lucilius
Ocupação poeta, escritor
Obras destacadas Saturae

Vida editar

Quase nada é sabido com certeza acerca da vida de Lucílio, uma vez que as fontes são todas muito posteriores à vida do poeta. Imagina-se que tenha nascido em Suessa Aurunca, na Campania. São Jerônimo, no Chronicon,[1] estabelece sua data de nascimento para 148 a.C., mas esta data é incompatível com outros fatos conhecidos sobre sua vida. A data mais aceita atualmente para seu nascimento é 180 a.C.[2] Marco Veleio Patérculo informa que Lucílio esteve presente ao cerco de Numância, sob o general Cipião Emiliano Africano, em 133 a.C.[3] Horácio, em sua Sátira II.1, nos diz que Lucílio foi amigo íntimo de Cipião Emiliano e de Caio Lélio Sapiente.[4]

Ainda segundo Jerônimo, Lucílio teria passado a maior parte da vida em Roma, mas teria mudado para Nápoles no fim da vida.[5] Lucílio teria morrido em 103 ou 102 a.C., e sua morte teria sido pranteada em funerais públicos.

Obra editar

Dos seus trinta livros de versos, organizados em três coleções, nada além de fragmentos esparsos chegaram à idade moderna. Através desses breves trechos, percebe-se uma obra claramente invectiva, autobiográfica e construída com a intenção de provocar o riso. Considerado o fundador da poesia satírica em Roma,[6] Lucílio estabeleceu o tom conversacional do gênero, mantido por vários dos seus sucessores, como Horácio (cujos livros de sátiras são intitulados Sermones, em latim, Conversas) e Juvenal, autor de diversas sátiras dialogadas. Foi também Lucílio quem, abandonando as formas polimétricas arcaicas, estabeleceu o Hexâmetro dactílico como verso próprio para a sátira. Considera-se que essas escolhas foram estabelecidas a partir da influência da poesia iâmbica grega e do método socrático em sua literatura.

Grande parte dos versos luciânicos extantes chegaram até nós através da obra De compendiosa doctrina , de Nônio Marcelo.

Referências

  1. JEROME. (2005) Chronicle. http://www.tertullian.org/fathers/jerome_chronicle_06_latin_part2.htm
  2. HERBERT-BROWN, Geraldine (1999). Jerome's dates for Gaius Lucilius, satyrarum scriptor. The Classical Quarterly, 49 , pp 535-543 doi:10.1093/cq/49.2.535
  3. VELLEIUS PATERCULUS. Veleius Paterculus' History of Rome. http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/home.html. Acessado em 22 de setembro de 2012.
  4. F. VOLLMER. (1912) Q. Horati Flacci Carmina Lepzig: Teubner. http://www.thelatinlibrary.com/horace/serm2.shtml. Acessado em 22 de setembro de 2012.
  5. ROMAN SATIRISTS. http://faculty.rmc.edu/gdaugher/public_html/classics/SatAut.html Arquivado em 11 de março de 2012, no Wayback Machine.. Acessado em 22 de setembro de 2012.
  6. DOMINIK, William J. & WEHRLE, William T. (1999) Roman Verse Satire: Lucilius to Juvenal. Wauconda: Bolchazy-Carducci.

Ver também editar

Bibliografia editar

  • DOMINIK, William J. & WEHRLE, William T. Roman Verse Satire: Lucilius to Juvenal. Wauconda: Bolchazy-Carducci, 1999
  • GRUEN, Erich S. Culture and National Identity in Republican Rome. Cornell University Press, 1992.
  • REMAINS of Old Latin, volume III: Lucilius, Twelve Tables. Harvard University Press, 1938.

Ligações Externas editar