Luis Manuel Otero Alcántara

artista e dissidente

Luis Manuel Otero Alcántara (nascido em 2 de dezembro de 1987) é um artista performático cubano e dissidente, conhecido por suas performances públicas que criticam abertamente o governo cubano e suas políticas.[1][2] Artista autodidata, Alcántara vive no bairro El Cerro, em Havana.[3] Desde 2018, Alcántara foi preso dezenas de vezes[4] por suas performances em violação ao Decreto 349, uma lei cubana que exige que os artistas obtenham permissão prévia para exposições e performances públicas e privadas.[5][6][7]

Luis Manuel Otero Alcántara
Luis Manuel Otero Alcántara
Luis Manuel Otero en 2021
Nascimento 2 de dezembro de 1987 (36 anos)
Havana (Cuba)
Cidadania Cuba
Ocupação artista visual, performista, militante
Prêmios

Protestos e prisões editar

Em 2017 Alcántara foi preso por "estar em posse ilícita de materiais de construção" em relação ao seu trabalho como cofundador da #00 bienal de la Habana, um evento alternativo à Bienal oficial de Havana.[8][9]

Em abril de 2019, Alcántara foi preso pela polícia cubana durante sua participação em um evento satélite da Bienal de Havana.[6][10]

Em 10 de agosto de 2019, Alcántara foi preso em Havana durante parte de sua performance Drapeau. Na obra, ele usava uma bandeira cubana pendurada nos ombros, desafiando uma lei de 2019 que ditava como a bandeira poderia ser usada.[3][11][12]

Em 1º de março de 2020, Alcántara foi preso em Havana sob a acusação de profanar símbolos patrióticos e por danos materiais.[4][13] No momento da prisão, estava a caminho de participar de um protesto no Instituto Cubano de Rádio e Televisão contra a censura de dois homens se beijando na televisão.[14][15]

Em novembro de 2020, Alcántara participou de uma greve de fome como parte do Movimento San Isidro. Alcántara e outros manifestantes foram duas vezes detidos pela polícia durante o protesto.[16][17][18]

Em abril de 2021, ele iniciou outra greve de fome, ganhando ampla atenção e cobertura da mídia global.[19] Em maio, agentes de segurança do Estado vestidos como civis invadiram a casa de Alcántara e o detiveram à força junto da poeta Afrika Reina.[20][21] Para justificar o ataque, os agentes do lado de fora da casa gritaram: “¡Qué viva la revolución! ¡Qué viva Fidel!” Os agentes também confiscaram algumas das obras de arte mais recentes de Otero.[20][21] Mais tarde naquele mês, em solidariedade a Alcántara, um grupo de artistas cubanos ativistas que trabalhavam sob o nome 27N pediu ao diretor do Museu de Belas Artes de Havana que retirasse suas obras da exposição pública.[20] Em 21 de maio de 2021, a Anistia Internacional nomeou Alcântara como prisioneiro de consciência.[22][23] Poucos dias depois, um grupo de figuras culturais internacionais proeminentes, incluindo Junot Díaz, Edwidge Danticat, Julie Mehretu, John Akomfrah e Carrie Mae Weems, emitiu uma carta pública ao presidente cubano solicitando a libertação de Alcántara.[24]

Em 31 de maio de 2021, o Movimento San Isidro confirmou que Alcántara havia sido libertado da custódia, depois de ficar detido em um hospital por mais de quatro semanas.[24] Em 11 de julho de 2021, Luis Manuel foi preso pelas autoridades cubanas a caminho de se juntar à maioria dos cidadãos cubanos que marcharam pedindo liberdade. Desde então, ele está sob custódia e nenhuma notícia de julgamento ou condenação foi divulgada.[25] Em setembro de 2021, a revista Time o nomeou uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em sua lista anual Time 100.[26]

Referências editar

  1. Fusco, Coco (19 de setembro de 2019). «Cuba's Campaign Against Artist Luis Manuel Otero Alcántara». Hyperallergic. Consultado em 17 de março de 2020 [ligação inativa] 
  2. «Luis Manuel Otero Alcántara, born December 12, 1987, Cuba. - Archivo Digital de Efímera de América Latina y el Caribe». lae.princeton.edu 
  3. a b Santiago, Fabiola (11 de março de 2020). «Cuban artist jailed for using flag as performance art». Miami Herald. Consultado em 17 de março de 2020 [ligação inativa] 
  4. a b «El proceso al artista Luis Manuel Otero Alcántara juzga la libertad de expresión en Cuba». 9 de março de 2020 
  5. Allen, Esther (15 de junho de 2019). «The Art of the Possible at Havana's Bienal». The New York Review of Books [ligação inativa] 
  6. a b Viveros-Fauné, Christian (19 de abril de 2019). «The 2019 Havana Biennial is a smokescreen for government censorship». www.theartnewspaper.com [ligação inativa] 
  7. «Imprisonment of Cuban 'art-ivist' sparks charges of censorship». Reuters. 10 de março de 2020 
  8. Sutton, Benjamin (22 de novembro de 2017). «Alternative Havana Biennial Organizers Detained After Filing a Complaint About Previous Detainment». Hyperallergic [ligação inativa] 
  9. Marsh, Sarah (7 de maio de 2018). «Cuban artists launch music festival after government cancels official event». The Independent [ligação inativa] 
  10. «Luis Manuel Otero Alcántara Arrested Ahead of Havana Biennial». Artforum. 12 de abril de 2019 [ligação inativa] 
  11. «Cuban Artist Luis Manuel Otero Alcántara Arrested over Performance with Cuban Flag». Artforum. 13 de agosto de 2019 [ligação inativa] 
  12. «Cuban artist Luis Manuel Otero Alcántara arrested / ArtReview». artreview.com 
  13. «Opinion | Cuba arrested a performance artist because he's everything the regime can't control». Washington Post. 11 de março de 2020 [ligação inativa] 
  14. Käufer, Tobias (11 de março de 2020). «Luis Manuel Otero Alcantara: Verprügelt, verhaftet, vergessen». Berliner Zeitung [ligação inativa] 
  15. Angeletti, Gabriela (3 de março de 2020). «Cuban artist Luis Manuel Otero Alcántara arrested on way to a LGBTQ+ censorship protest» [ligação inativa] 
  16. Harris, Gareth. «Hunger strike against Cuba's human rights abuses left artist in 'critical condition'». www.theartnewspaper.com 
  17. Cubano, Periódico (27 de novembro de 2020). «Omara Ruiz Urquiola teme por la vida de Luis Manuel Otero Alcántara». PERIÓDICO CUBANO (em espanhol) 
  18. «Movimiento San Isidro pide conocer paradero de huelguistas». diariolasamericas.com (em espanhol) 
  19. Robinson, Circles (28 de abril de 2021). «Cuban Artist Luis Manuel Otero Holds Hunger Strike». Havana Times (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  20. a b c «Cuban artists ask Museum of Fine Arts to remove their work from display while Luis Manuel Otero Alcántara remains in government custody». www.theartnewspaper.com (em inglês) 
  21. a b Jiménez Enoa, Abraham. Why Cuba can't afford to let a Black activist die for demanding basic rights. Washington Post, May 7, 2021.
  22. «Amnesty names Cuban artist Luis Manuel Otero Alcántara a prisoner of conscience». www.amnesty.org (em inglês) 
  23. «Amnesty Calls Hospitalized Cuban Dissident 'Prisoner of Conscience'». usnews.com 
  24. a b Dafoe, Taylor (1 de junho de 2021). «Cuban Artist Luis Manuel Otero Alcántara Has Been Released After a Hunger Strike and Four Weeks in Custody». Artnet News 
  25. Gamez, N (9 de janeiro de 2022). «Jailed Cuban artist Otero Alcantara on hunger strike». Miami Herald (em inglês). Consultado em 9 de janeiro de 2022 
  26. Santiago, Fabiola (30 de setembro de 2021). «Time Magazine delivers to Cuba's brave freedom fighters what BLM doesn't: Respect». Miami Herald (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021