Mário Ypiranga Monteiro

Mário Ypiranga Monteiro (Manaus, 23 de janeiro de 1909Manaus, 9 de julho de 2004) foi um advogado, escritor, historiador e professor brasileiro. É reconhecido nacional e internacionalmente como um dos historiadores que mais contribuiu para a divulgação da História do Amazonas.[1]

Mário Ypiranga
Mário Ypiranga Monteiro
Nome completo Mário Ypiranga Monteiro
Nascimento 23 de janeiro de 1909
Manaus, AM
Morte 9 de julho de 2004 (95 anos)
Manaus, AM
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Maria de Sousa Monteiro
Pai: Francisco Monteiro
Cônjuge Ana dos Anjos (1938–2004)
Filho(a)(s) 4
Ocupação advogado, escritor, historiador e professor
Principais trabalhos Fundação de Manaus (1948)
O Espião do Rei (1950)
A Capitania de São José do Rio Negro (1955)
Página oficial
cultura.am.gov.br

Foi professor titular de Geografia Geral no Gymnásio Amazonense, escola em que concluiu seu curso em 1930, e professor de Literatura Amazonense na Universidade do Amazonas. Em 1955 se torna pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, fazendo pesquisas históricas em Portugal. Foi membro de inúmeras entidades, dentre as quais o IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), a Ordem dos Advogados do Brasil, a Academia Amazonense de Letras e da National Geographic.[1]

É o autor que mais escreveu livros sobre História do Amazonas, com quase 50 títulos publicados. Os que mais se destacam tanto pela qualidade quanto pela raridade são: O Aguadeiro, 1947; Fundação de Manaus, 1948; O Espião do Rei, 1950; A Capitania de São José do Rio Negro, 1955; O Regatão, 1957; e Roteiro Histórico de Manaus, 1969.[1]

Biografia editar

Mário Ypiranga Monteiro nasceu em Manaus no dia 23 de janeiro de 1909, filho de Francisco Monteiro e dona Maria de Souza Monteiro. Atuou em vários segmentos da literatura, folclorista de reconhecimento nacional, historiador, geógrafo, etnólogo, advogado, professor e jornalista. Estudou nos grupos escolares Cônego Azevedo e Saldanha Marinho, mais tarde Colégio Dom Bosco e Ginásio Amazonense Pedro II, neste ginásio teve importante participação como líder da Revolução Ginasiana de 12 de agosto de 1930. Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Amazonas. Ainda muito jovem passou a escrever, tendo produzido aproximadamente 150 obras, cujas obras foram traduzidas para o italiano, espanhol, alemão e francês. Foi eleito para Academia Amazonense de Letras no dia 20 de dezembro de 1947, para a cadeira número 10, cujo patrono é Barão do Rio Branco. Foi recepcionado pelo acadêmico Huascar de Figueiredo, tendo tomado posse no dia 14 de fevereiro de 1948.[2] Foi três vezes presidente da Academia, nos mandatos 1974-1976, 1977-1980 e 1987-1990.[3]

Em 1924 ingressou pela segunda vez no Ginásio Amazonense Pedro Segundo (a primeira vez foi em 1922 como aluno ouvinte), concluindo o curso em 1930. Foi no Ginásio que sua vocação para as letras despertou, ao redigir dois jornais manuscritos e datilografados (os quais se encontram no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas) e ali fundou com outros colegas o grêmio estudantil Pedro Segundo, que editava o jornal O Estudante. Já nos dois últimos anos do Ginásio começou a colaborar em revistas forâneas, do tipo Fon-Fon, O Malho, onde publicou contos regionais ilustrados.

Ao deixar o ginásio foi percorrer os rios Negro e Branco, durante dois anos, e mais tarde seria nomeado professor primário do Grupo Escolar Monsenhor Coutinho, de Borba. Regressando a Manaus trabalhou nos jornais Correio de Manaus, Voz do Operário (ambos fechados pela polícia), Doze de Agosto e a revista Vitória Régia, de sociedade com seu colega Francisco Benfica. Foi revisor e redator dos jornais A Nação, Jornal do Comércio, O Jornal, A Luta Social e Diário Oficial. Deixou este para ingressar como professor titular da cadeira de Geografia Geral, no Colégio Estadual, no qual se aposentou em 1964.

Em 1955, sendo instalado o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, foi convidado pelo então diretor Olímpio da Fonseca, para preencher o quadro de pesquisadores de campo. Recebeu uma bolsa de estudos para pesquisas históricas em Portugal, principalmente no Instituto Histórico Ultramarino. O material pesquisado foi trazido em forma de microfilmes e entregue ao Instituto. Ainda como membro do INPA, na gestão de Djalma Batista, publicou as seguintes pesquisas de campo: Antropogeografia do Guaraná, O Sacado, Morfologia dinâmica fluvial e Folclore da Maconha.

Em concurso de títulos para a Faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras da Universidade do Amazonas, ganhou a cadeira de Literatura Amazonense, da qual se aposentou alguns anos depois. Dono de uma vasta obra, a maioria localizada na imprensa diária, alguns chegam a dizer que Mário possuía mais de duzentas obras, sendo 16 ainda inéditas.

Participou de muitas entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, Academia Amazonense de Letras, Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e a National Geographic. Seu trabalho de pesquisas Alimentos Preparados à Base de Mandioca foi premiado pelo Instituto Brasileiro de Folclore e recebeu prêmios pelos livros Roteiro do Folclore Amazônico e Teatro Amazonas também.[4] Foi casado por 66 anos com Ana dos Anjos, com quem teve quatro filhos.

Morte editar

Mário Ypiranga Monteiro morreu na cidade de Manaus em 9 de julho de 2004. O então senador pelo Amazonas, Arthur Virgílio Neto, afirmou que Mário Ypiranga viveu uma vida “que realmente valeu a pena, que foi boa de ter sido vivida, com dignidade e respeito a seus semelhantes e muito amor à sua terra”. Arthur Virgílio disse ter ficado triste com a ausência de autoridades oficiais no enterro do escritor, mas parabenizou o então governador do estado, Eduardo Braga, por ter instituído um prêmio com o nome de Mário Ypiranga Monteiro, destinado a cientistas sociais.[5]

Obras editar

  • 1937 - Manuel Torto, conto amazônico, revista Vitória-Régia, Manaus
  • 1938 - A heráldica de Raimundo Monteiro, revista A Selva, Manaus.
  • 1944 - O Aguadeiro, edição mimeografada. Editada pelo Serviço de Estatística do Estado. Manaus.
  • 1945 - Introdução à História dos Carros-de-bois no Amazonas. Edição mimeografada. Manaus.
  • 1946 - O Estado Social do Índio Brasileiro. Conferência realizada em Porto Velho, no dia do índio, a convite do SPI, Manaus.
  • 1946 - In memoriam de Cid Lins (ensaio literário), Manaus.
  • 1946 - Aspectos evolutivos da Língua Nacional (ensaio crítico), Manaus.
  • 1947 - O Aguadeiro, primeira edição ilustrada, segunda edição ilustrada, Manaus, 1977.
  • 1948 - História das Ruas de Manaus - Jornal do Comércio, Manaus.
  • 1948 - Fundação de Manaus, 1ª edição, Manaus.
  • 1948 - Elementos de Geografia Geral, 1ª série, ciclo 1º, Manaus.
  • 1948 - História dos Carros-de-bois noAmazonas, Diário Oficial, edição nº 15.827, Ano LV. Manaus.
  • 1948 - Crônicas da Cidade Velha, publicado na revista Amazônida, vários números. Manaus.
  • 1950 - O espião do Rei (crônica histórico-novelesca), ilustrado, Manaus.
  • 1950 - Elementos de Geografia Geral, 2ª série, ciclo 1º, 1ª edição, Manaus.
  • 1950 - Elementos de Geografia Geral, 2ª série, ciclo 1º, 2ª edição, Manaus.
  • 1950 - Elementos de Geografia Geral, 1ª série, ciclo 1º, 2ª edição, Manaus.
  • 1950 - Folclore Amazônico, 1ª série, Manaus.
  • 1951 - Quarta Orbis Pars (A quarta parte do mundo) – Cristóvão Colombo, Manaus.
  • 1951 - A Epopeia Lusíada na Amazônia (Comunicação) in Revista da Sociedade de Geografia de Lisboa, ilustrado, Lisboa, Portugal.
  • 1951 - A Capitania de São José do Rio Negro. IX Volume dos Anais do IV Congresso de História Nacional, Rio de Janeiro.
  • 1952 - O complexo gravidez-parto e suas consequências (folclore amazônico), Manaus.
  • 1955 - A capitania de São José do Rio Negro (tese de História Nacional), Manaus.
  • 1957 - Memória sobre a cerâmica popular do Manaquiri, ilustrado, INPA, Rio de Janeiro
  • 1957 - O regatão (notícia histórica, primeira parte), ilustrado, Manaus.
  • 1963 - Alimentos preparados à base da mandioca. Prêmio Sílvio Romero de 1962. Rio de Janeiro, ilustrado. (Revista Brasileira de Folclore, n. 5)
  • 1964 - O sacado (morfodinâmica fluvial), ilustrado, INPA, Rio de Janeiro.
  • 1964 - Roteiro do Folclore Amazônico, tomo 1, ilustrado, Manaus, 1964; tomo 2, ilustrado, Manaus, 1974.
  • 1965 - Antropogeografia do guaraná, ilustrado, INPA, Rio de Janeiro.
  • 1965 - Ceramografia amazônica, ilustrado, Boletim, n. 5, Revista de Antropologia do Ceará, Fortaleza.
  • 1965–1966 - Teatro Amazonas, 3 volumes, ilustrados, Manaus.
  • 1966 - Folclore da Maconha, ilustrado, INPA, Rio de Janeiro.
  • 1968 - A Catedral Metropolitana de Manaus, ilustrado, Manaus.
  • 1969 - Roteiro Histórico de Manaus (história das ruas de Manaus), caderno de A Crítica, Manaus.
  • 1972 - História do monumento da praça de São Sebastião, ilustrado, 1 edição.
  • 1976 - Fatos da Literatura Amazonense, Universidade do Amazonas, Manaus.
  • 1977 - História da Cultura Amazonense, 1 volume, ilustrado, Manaus.
  • 1977 - Fases da Literatura Amazonense, ilustrado, Universidade do Amazonas, Manaus.
  • 1979 - Danças folclóricas singulares do Amazonas, ilustrado, edição livrornal, Manaus.
  • 1981 - Síntese histórica da Polícia Militar de Manaus, 2 edição ilustrada, Manaus.
  • 1981 - Dona Ausente, poema ilustrado, Manaus.
  • 1981 - História do monumento à Província do Amazonas, ilustrado, Manaus.
  • 1982 - Elogio sentimental dos bichos amazônicos, Manaus.
  • 1982 - Carros e carroças de bois, edição ilustrada da UBEA, Manaus
  • 1983 - Cultos de santos e festas profano-religiosas, ilustrado, Manaus.
  • 1986 - Gotas de sangue, poemas, edição da AAL, Manaus.
  • 1986 - Notas sobre a Imprensa Oficial do Estado, ilustrado, Manaus.
  • 1986 - Elogio do lixo (artesanato popular), ilustrado, Manaus.
  • 1986 - A renúncia do Dr. Fileto Pires Ferreira, ilustrado, Manaus.
  • 1986 - Um livro nocivo, ilustrado, manaus.
  • 1988 - Cinopopéia ou a Vida airada de McGregor, ilustrado, Manaus.
  • 1989 - A Ceia dos Cozinheiros, comédia em verso, Manaus.
  • 1990 - Memória sobre o Aeroclube do Amazonas, ilustrado, Manaus.
  • 1990 - Negritude e Modernidade (Eduardo Gonçalves Ribeiro), ilustrado, Manaus.
  • 1995 - Fundação de Manaus, 4 edição, ilustrada, São Paulo.
  • 1996 - A expressão da verdade – dendolatria – Manaus, Jornal do Comércio.
  • 1996 - Cobra Grande, São Paulo, editora Hamburg.
  • 1996 - Mocidade viril. 1930, o motim ginasiano. Edição do autor, ilustrada.
  • 1997 - Dalila. Mimo, Universidade do Amazonas, Manaus.
  • 1997 - O Tigreiro, Universidade do Amazonas, Manaus.
  • 1997 - Teatro Amazonas (4 vol), edição SEBRAE, ilustrado, Manaus.
  • 1998 - História da Cultura Amazonense, vol 2, Universidade do Amazonas, Manaus.

Referências

  1. a b c «Historiadores Amazonenses». Recanto das Letras. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  2. «MárioYpirangaMonteiro» (PDF). Academia Amazonense de Letras. Consultado em 17 de outubro de 2019 
  3. «Ex-presidentes». Academia Amazonense de Letras. Consultado em 23 de junho de 2023 
  4. «Sesc promove 8ª Mostra Literária do Amazonas». 28 de julho de 2009. Consultado em 29 de setembro de 2010. Arquivado do original em 6 de outubro de 2013 
  5. «Arthur Virgílio lamenta morte de Mário Ypiranga Monteiro». Agência Senado. 12 de julho de 2004. Consultado em 17 de outubro de 2019 

Bibliografia editar

  • Biografia de Mário Ypiranga Monteiro. In: História da Cultura Amazonense. Vol. 2. Manaus: Universidade do Amazonas, 1998.

Ligações externas editar