Madalena de Vilhena

D. Madalena de Vilhena era filha de Francisco de Sousa Tavares, fidalgo da casa real, capitão-mor do mar da Índia e das fortalezas de Cananor e Diu e primeiro provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada, em 1555, e de D. Maria da Silva.

Madalena de Vilhena
Madalena de Vilhena
Cidadania Portugal

Casou com D. João de Portugal (provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada), neto de D. Francisco de Portugal, 1.º conde de Vimioso (c. 1485-1549), e filho de D. Manuel de Portugal, comendador de Vimioso (nascido c. 1525), celebrado por Camões na Ode VII dos Lusíadas, e de D. Maria de Meneses filha de D. Henrique de Meneses comendador de Idanha-a Velha e Governador da Casa do Cível[1].

Dessa relação tiveram dois filhos: D. Luís de Portugal, herdeiro de sua casa, que serviu em Ceuta onde, brincando, meteu o ferro de sua lança pela testa e morreu e D. Joana de Portugal casada com D. Lopo de Almeida, comendador de Santa Maria de Loures na Ordem de Cristo, alcaide-mor e capitão-mor de Alcobaça, sobrinho do Arcebispo de Lisboa D. Jorge de Almeida, Dom Abade comendatário de Alcobaça.

Com o desaparecimento do marido na batalha de Alcácer Quibir, casou, pela segunda vez, com Manuel de Sousa Coutinho.

Tomando mais tarde o hábito das Religiosas do Mosteiro do Sacramento de Lisboa e ele o de São Domingos de Benfica, com nome Frei Luís de Sousa, tendo composto as Crónicas de sua Ordem e a Vida do Venerável Frei Bartolomeu dos Mártires. Nunca mais se viram nem se comunicaram, fosse por escrito.

Madalena de Vilhena (personagem) editar

Obra(s): Frei Luís de Sousa

Autoria: Almeida Garrett

Data de publicação: 1844

Local de publicação: Lisboa

Na peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, D. Madalena de Vilhena é a primeira personagem que aparece, mas podemos afirmar que toda a família tem um relevo significativo. São as relações entre esposos, pais e filha, o criado e os seus amos ou mesmo o apoio de Frei Jorge que estão em causa. Um drama abate-se sobre esta família e enquanto Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena seu na batalha de Alcácer Quibir. Durante sete anos procurou-o. Há catorze anos que vive com Manuel de Sousa Coutinho. Mulher bela, de carácter nobre, vive uma felicidade efémera, pressentindo a desventura e a tragédia do seu amor. Racionalmente, não acredita no mito sebastianista que lhe pode trazer D. João de Portugal, mas teme a possibilidade da sua vinda. É com medo que a encontramos a reflectir sobre os versos de Camões e a sentir, como que em pesadelo, a ideia de que a sobrevivência de D. João destrua a felicidade da sua família. No imaginário de D. Madalena, a apreensão torna-se pressentimento, dor e angústia. É neste terror que se vê na necessidade de voltar para a habitação onde com ele viveu.

D. João de Portugal não chegou a ser amado por Madalena; a sua figura aparece mais como a de um protector ("bom e generoso"). Manuel é que surge como o amante; é a este que Madalena se dedica de alma e coração. No entanto, Madalena manteve-se fisicamente fiel ao seu primeiro marido, pelo constrangimento social a que estava sujeita uma mulher da sua linhagem. De notar que "Madalena" evoca a figura bíblica da pecadora com o mesmo nome. Ao longo da peça, vive profundamente angustiada com a fraqueza de Maria, manifestando preocupação com o crescimento, com as tendências e com as crenças sebásticas da filha. D. Madalena, hesitante, perturbada e agitada, é uma personagem comandada pelo coração (comportamento próprio do herói romântico), que valoriza a perspectiva individual e pessoal, que exagera as consequências previsíveis da decisão tomada e que, obcecada pelo passado, teme o presente e vive aterrorizada com o futuro.

No primeiro acto, D. Madalena nega a crença de Telmo em agouros ("D. João ficou naquela batalha... com a flor da nossa gente" - acto I cena II), procurando assumir uma racionalidade que é mais aparente que real, porque – como estas palavras de Maria demonstram: "agora não lhe sai da cabeça que a perda do retrato é prognóstico fatal de outra perda maior..." – também ela sucumbe à crença nos agouros.

Referências