Manuel Carlos Aranha

Manuel Carlos Aranha,[1] primeiro e único Barão de Anhumas, (Ponta Grossa na época ainda província do Estado de São Paulo, 18 de setembro de 1814, onde residiu até os 16 anos — São Paulo, 28 de janeiro de 1894) foi um nobre brasileiro, Capitão da Guarda Nacional, Comendador e Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo.

Manuel Carlos Aranha
Nascimento 18 de setembro de 1814
Ponta Grossa, PR (na época: São Paulo)
Morte 28 de janeiro de 1894 (79 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Ocupação capitalista, político, cafeicultor em Campinas

Histórico editar

Foi grande fazendeiro que cultivava café na região de Campinas, Estado de São Paulo, em propriedades como a Fazenda Pau d'Alho, (a partir de 1885, com trezentos mil pés de café e cuja arquitetura da sede nova é do Escritório de Ramos de Azevedo), a Fazenda Anhumas, a Fazenda Santa Cândida, a Fazenda Rio da Prata, a Fazenda Santa Maria (antiga Fazenda Tanquinho, sediando a Estação Tanquinho, da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro), a Fazenda Terra Branca, a Fazenda Palmeiras, a Fazenda Jaguari, a Fazenda Santa Clara, e outras de que o Barão de Anhumas e a baronesa consorte, Blandina Augusta de Queirós Aranha,[2] foram também proprietários bem como seus filhos, em determinadas épocas. A Fazenda Tanquinho era vizinha da Fazenda Atibaia, de propriedade de seu irmão, Joaquim Policarpo Aranha,[3] Barão de Itapura, sendo separadas pelo Rio Atibaia.

Transferiu sua residência, até então na Rua do Rosário, atual Avenida Francisco Glicério, Campinas, para São Paulo, devido à grave epidemia de febre amarela que assolou Campinas, estando sepultado em mausoléu próprio no cemitério da Consolação em São Paulo.[4] Foi um dos maiores proprietários de terras de Campinas, tendo sido um dos grandes beneméritos da cidade e acionista de empresas de melhoramentos urbanos dessa cidade, doando generosa quantia para o Liceu Nossa Senhora Auxiliadora e para a fundação o Liceu de Artes e Ofícios de Campinas e da Catedral Metropolitana de Campinas. Foi um dos fundadores, em outubro de 1878, na cidade de Campinas, da Companhia Campineira Carris de Ferro, com um capital inicial de dez contos de réis, juntamente com Bento Quirino dos Santos, sendo que, no ano de 1879, teve início o tráfego de bondes com tração animal (mulas).[5] Também, destinou elevada soma para a construção das companhias ferroviárias Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.[6] Construtor da Capela da Boa Morte e benemérito da Santa Casa de Misericordia de Campinas.

Família editar

 
Armas do Barão de Anhumas, as mesmas da Família Aranha.

A ascendência do Barão de Anhumas remonta aos primórdios da Monarquia francesa, havendo sido Hugo Capeto (Chartres, 0941 - Les Juifs, 0996) um de seus avoengos e por decorrência El Rei Dom Afonso Henriques (Viseu,1109 - Coimbra, 1185) e D. Mafalda de Sabóia, primeiros reinantes em Portugal. Estudos a respeito do Barão de Anhumas, de seu irmão Joaquim Policarpo Aranha,[3] Barão de Itapura, e de sua irmã Maria de Sousa Aranha,[7] supõem tenham sido tutelados do sesmeiro José Francisco Aranha Barreto de Camargo. Os barões eram parentes de suas mulheres, ambas irmãs de Joaquim Egídio de Sousa Aranha,[8] Marquês de Três Rios e netas de Joaquim Aranha Barreto de Camargo, pai de Maria Luzia de Sousa Aranha,[9] Viscondessa de Campinas e proprietário da Sesmaria Engenho Mato Dentro, com 1151 alqueires, a qual foi famoso pela mudança do cultivo da cana-de-açúcar para o café, inclusive com pioneirismo da exportação.[10] José Francisco Aranha Barreto de Camargo, possuía propriedade na margem esquerda do Médio-Atibaia, mas suas terras transpuseram o rio, por compra, da Sesmaria Engenho Atibaia, com 2247 alqueires, declarado em "Bens Rústicos", de 1818, sendo que esse latifúndio foi rebatizado como "Fazenda Atibaia".[11] No engenho Atibaia foi construído o Solar Barreto de Camargo, de quem foram os barões legatários por testamento em 1830, sendo que mais tarde passou à propriedade total do barão de Itapura, que abandonou o solar, deixando-o deteriorar-se até desmoronar totalmente. José Francisco, segundo biógrafos, viúvo de Mariana de Assis Barreto de Camargo, o sesmeiro dedicou-se à visitação diocesana. Os irmãos José Francisco Aranha Barreto de Camargo, Joaquim Aranha Barreto de Camargo e Maria Francisca Aranha de Camargo (casada com Pedro de Sousa Campos), de cujo casamento se originou a família Souza Aranha, eram filhos do tenente coronel Francisco Barreto Aranha e de Mônica Barreto de Camargo,[12] sendo esta, bisneta do bandeirante Capitão Fernão de Camargo, "O Tigre" (São Paulo, 1595-1679).

Casamentos e descendência editar

Casou-se em primeiras núpcias aos 6 de fevereiro de 1843, com Ana Teresa de Sousa Aranha[13] nascida em Campinas aos 10 de julho de 1827 e falecida aos 7 de junho de 1865 e que não se tornaria baronesa consorte de Anhumas por ter falecido em 1865, antes da concessão do título, em 1889. Filha de Francisco Egídio de Sousa Aranha[14] e de Maria Luzia de Sousa Aranha, Viscondessa de Campinas, sendo irmã de Joaquim Egídio de Sousa Aranha, Marquês de Três Rios. O casamento foi realizado no mesmo dia do casamento de seu irmão Joaquim Policarpo Aranha, mais tarde, Barão de Itapura, na capela da sede do Engenho Fazenda Mato Dentro, em Campinas, de propriedade do pai de seu sogro, tenente-coronel Joaquim Aranha Barreto de Camargo. Foram filhos filhos deste casamento:

Viúvo, o Barão de Anhumas casou-se aos 23 de dezembro de 1865 com Blandina Augusta Pereira de Queirós,[26] nascida em 1836, em Jundiaí, e falecida em 1928, em São Paulo, filha de José Pereira de Queirós[27] e sua sobrinha Escolástica Saturnina de Moraes Jordão (filha de Joaquim José de Moraes e Escolástica Jacinta Rodrigues Jordão), que tornar-se-ia, devido a esse casamento, Blandina Augusta de Queirós Aranha e a matriarca de um ramo familiar Queirós Aranha,[28] bem como a baronesa consorte de Anhumas, sobrinha de Antônio de Queirós Teles, Barão de Jundiaí,[29][30] e sendo neta de Luís José Pereira de Queirós[31] e de Ana Joaquina da Silva Prado (sesmeira proprietária da Sesmaria e fazenda Rio da Prata, sendo tia de Antônio da Silva Prado, Barão de Iguape), patriarcas desta família Pereira de Queirós,[32] de origem portuguesa, em São Paulo. Foram filhos desse casamento:

Títulos e homenagens editar

Tendo recebido os graus de Cavaleiro e Comendador da Imperial Ordem de Cristo, foi elevado a Barão de Anhumas por decreto imperial de 25 de setembro de 1889 de D. Pedro II. Título de origem toponímica, tomado a uma localidade do mesmo nome, no município de Campinas, São Paulo, estação da Estrada de Ferro Mogiana, no quilômetro 10, entre Campinas e Tanquinho.

Homenageado com os logradouros Rua Barão de Anhumas nas cidades de São Paulo e Campinas.

Ver também editar

Referências

  1. Pela grafia original, Manoel Carlos Aranha.
  2. Pela grafia original, Blandina Augusta de Queiroz Aranha.
  3. a b Pela grafia original, Joaquim Polycarpo Aranha.
  4. Cemitério da Consolação de São Paulo - registros
  5. Campinas Virtual
  6. PUPO, Celso Maria de Mello, "Campinas Município do Império".
  7. a b Pela grafia original, Maria de Souza Aranha
  8. Pela grafia original, Joaquim Egydio de Souza Aranha
  9. Pela grafia original, Maria Luzia de Souza Aranha.
  10. MARTINS, Ana Luiza, "História do Café'".
  11. PUPO, Celso Maria de Mello, "Campinas, Município do Império".
  12. BROTERO, Frederico de Barros - "Queirozes" - Monteiro de Barros (Ramo Paulista), 1937.
  13. Pela grafia original, Anna Thereza de Souza Aranha,
  14. Pela grafia original, Francisco Egydio de Souza Aranha
  15. Pela grafia original, Álvaro de Souza Aranha.
  16. Pela grafia original, Manoel de Souza Aranha.
  17. Pela grafia original, Anna de Souza Aranha
  18. Pela grafia original, Carlos Norberto de Souza Aranha
  19. Pela grafia original, Escolástica de Souza Aranha
  20. Pela grafia original, Urbano Sabino de Souza Aranha.
  21. Pela grafia original, Escolástica Salles Pereira de Queiroz
  22. Pela grafia original, Pedro de Alcântara de Souza Aranha
  23. Pela grafia original, Joaquim Antonio de Souza Aranha.
  24. Pela grafia original, Rodrigo de Souza Aranha.
  25. Pela grafia original, Augusto de Souza Aranha.
  26. Pela grafia original, Brandina Augusta Pereira de Queiroz.
  27. Pela grafia original, José Pereira de Queiroz.
  28. Pela grafia original, Queiroz Aranha
  29. Pela grafia original, Antônio de Queiroz Telles
  30. Museu Solar do Barão de Jundiaí-Baronesa de Anhumas
  31. Pela grafia original, Luiz José Pereira de Queiroz.
  32. Pela grafia original, Pereira de Queiroz.
  33. Pela grafia original, José de Queiroz Aranha
  34. Pela grafia original, Maria Egydio de Souza Aranha.
  35. Pela grafia original, José Egydio de Souza Aranha.
  36. Pela grafia original, Antonia Flora Pereira de Queiroz.
  37. Pela grafia original, Luiz Augusto de Queiroz Aranha.
  38. Pela grafia original, Ana Blandina de Queiroz Aranha.

Bibliografia editar

  • SILVA LEME, Luís Gonzaga:Genealogia Paulistana
  • PUPO, Celso Maria de Mello:Campinas, Município do Império. São Paulo: Editora Impoe - 1983
  • BROTERO, Frederico de Barros:Queirozes - Monteiro de Barros (Ramo Paulista) - 1937
  • CUNHA BUENO, Antônio Henrique da:Dicionário das Famílias Brasileiras
  • BARATA, Carlos Eduardo:Genealogia
  • MARTINS, Ana Luiza, História do Café. Editora Contexto, 2008
  • Prefeitura de Campinas
  • UNICAMP – Centro de Memória
  • PIRES, Mario Jorge:Sobrados e Barões da Velha São Paulo, Editora Manole, 2006
  • ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins:Nobreza de Portugal e do Brasil, volume III, Editorial Enciclopedia Ltda., Lisboa - 1961, pág. 569.

Ligações externas editar