Marcolino Ribeiro Pinto

ator português

Marcolino Ribeiro Pinto, mais conhecido por Actor Marcolino ou apenas Marcolino (Lisboa, 12 de agosto de 1835 - Lisboa, 12 de março de 1869), foi um ator de teatro português do século XIX.

Marcolino Ribeiro Pinto
Marcolino Ribeiro Pinto
Retrato do Actor Marcolino (publicado no Diccionario do theatro portuguez, em 1908)
Nascimento 12 de agosto de 1835
Santa Justa, Lisboa, Portugal
Morte 12 de março de 1869 (33 anos)
Sacramento, Lisboa, Portugal
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania português
Ocupação Ator de teatro

Biografia editar

Nasceu a 12 de agosto de 1835, na Praça da Figueira, freguesia de Santa Justa, em Lisboa, filho de Caetano Ribeiro Pinto, natural da freguesia de Sistelo, do concelho de Arcos de Valdevez e de sua esposa, Maria Doroteia, natural de Lisboa, freguesia dos Anjos.[1]

Estreou-se como ator os 16 anos, a 26 de maio de 1852 no Teatro da Rua dos Condes, na comédia O Perdão d'acto em perspectiva. Conservando-se ali algum tempo, passou depois para o Teatro D. Fernando, em seguida para o Teatro Gymnasio e por fim para o Teatro Nacional D. Maria II. Desde a criação do personagem "cauteleiro" na sua primeira peça, em que foi insigne, até aos últimos papéis que fez, manifestou-se sempre um excelente artista. Nos papeis típicos ou de característica foi notável, sendo difícil igualar a sua técnica. Fazia personagens de aprendizes, garotos e excêntricos com a máxima naturalidade e perfeição. O "afinador de pianos" de Espertezas de Simplício, o "batoteiro" de Jogo, o "sentinela" de Casamento à queima-roupa, o "aprendiz de pintor" de Nobreza do artista, o "Zé da Adiça" da Revista de 1856, o "José Bento" de O segredo de uma família, o "Manuel Maria" de Pedro, constituem alguns dos seus célebres papéis.[2][3][4]

Casou-se a 14 de novembro de 1856, na Igreja de Nossa Senhora do Socorro, em Lisboa, com Maria Miquelina dos Santos, natural de Lisboa, freguesia de São Nicolau e irmã do grande ator José Carlos dos Santos, que foi testemunha do consórcio. Ficou viúvo muito cedo, deixando filhos menores.[5][6]

A 21 de abril de 1868 realizou-se um extraordinário espetáculo em benefício de Marcolino, no Teatro de São Carlos, tomande parte por obséquio todas as companhias de Lisboa. O espetáculo contou com a presença do pianista Artur Napoleão, que executou uma fantasia da sua composição, seguida de várias peças: As sobrinhas do sr. Raimundo, comédia em 1 ato de Manuel Roussado (do Teatro D. Maria II); La taza de thé, zarzuela em 1 ato (da Companhia Bufos Madrileños); Não volto a Lisboa!, cena cómica original de Alcântara Chaves (do Teatro das Variedades); A menina dos meus olhos, comédia em 1 ato (Teatro Gymnasio); O Prego, poesia cómica de Eduardo Garrido e desempenhada pelo Actor Santos; A Judia, poesia de Tomás Ribeiro e recitada por Emília Adelaide (Teatro da Trindade); Reflexões d'um bailarino, cena cómica desempenhada pelo Actor Taborda e Para as eleições, entreato de Júlio César Machado, desempenhado pelo Actor Taborda, Isidoro e Queiroz. Por ocasião de uma tournée às Províncias, viu a jovem Rosa Damasceno representar, aconselhando-a a vir fazer carreira artística para Lisboa, que assim o fez.[4]

Faleceu a 12 de março de 1869, no número 79, sobre-loja, do Largo de Camões, freguesia do Sacramento, em Lisboa, com apenas 33 anos de idade. Não recebeu os sacramentos católicos, não deixou testamento e foi sepultado no Jazigo dos Artistas Dramáticos, do Cemitério dos Prazeres.[6]

António de Sousa Bastos refere que Marcolino deixou no Teatro Português uma memória honrosíssima e um vácuo que não pôde ser preenchido. Após a sua morte prematura, é substituído no Teatro D. Maria II pelo ator Joaquim de Almeida.[2][4]

Em 1875, é publicada uma caricatura sua, da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro, de guarda-chuva debaixo do braço e chapéu alto na mão, na obra Os Teatros de Lisboa.[7]

Referências

  1. «Livro de registo de baptismos da Paróquia de Santa Justa (1832 a 1848)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 29 verso 
  2. a b Bastos, António de Sousa (1908). Diccionario do theatro portuguez. Robarts - University of Toronto. Lisboa: Imprensa Libânio da Silva. pp. 174–175 
  3. «CETbase: Ficha de Marcolino». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  4. a b c Bastos, António de Sousa (1898). «Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro» (PDF). Unesp - Universidade Estadual Paulista (Biblioteca Digital). p. 56, 79, 199, 517 
  5. «Livro de registo de casamentos da Paróquia do Socorro (1850 a 1869)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 61 verso 
  6. a b «Livro de registo de óbitos da Paróquia do Sacramento (1856 a 1870)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 229-229 verso, assento 21/1869 
  7. Pinheiro, Rafael Bordalo. «Actor Marcolino». colecao.museubordalopinheiro.pt. Museu Bordalo Pinheiro