Mary Elizabeth Peters LG DBE (Liverpool, 6 de julho de 1939) é uma ex-atleta e campeã olímpica britânica, especializada no pentatlo feminino e no arremesso de peso. Recebeu três títulos honoríficos consecutivos da Rainha Elizabeth II e sua vitória olímpica em Munique 1972 é considerada como um fator de união entre os católicos e protestantes da Irlanda do Norte por um breve momento no início dos anos 70, durante um dos mais conturbados períodos políticos do país.[1]

Mary Peters
DBE
campeã olímpica
Mary Peters
Peters em 2010.
Atletismo
Modalidade pentatlo feminino
Nascimento 6 de julho de 1939 (84 anos)
Liverpool, Reino Unido
Nacionalidade Reino Unido britânica
Medalhas
Jogos Olímpicos
Ouro Munique 1972 pentatlo feminino

Biografia editar

Nascida no condado de Lancashire, na Inglaterra, ela mudou-se ainda criança com a família para Ballymena e depois Belfast, na Irlanda do Norte, seguindo o emprego do pai. Ainda criança, mostrando talento para o atletismo, foi apoiada pelo pai que chegou a lhe dar de presente de aniversário duas toneladas de areia para que pudesse praticar as provas de saltos no quintal de casa.[1] Estudando e treinando, Peters formou-se como professora ao mesmo tempo em que começou a competir internacionalmente pelo país em 1958, nos Jogos da Comunidade Britânica.

Especializando-se no pentatlo feminino e no arremesso de peso, passou a representar a Grã-Bretanha em torneios internacionais a partir de 1961 e conseguiu o quarto lugar no pentatlo em sua primeira participação olímpica, em Tóquio 1964. Depois de uma prata no arremesso de peso nos Jogos da Commonwealth em 1966, em 1970 a primeira medalha de ouro em grandes eventos veio no pentatlo, nos mesmos Jogos, realizados em Edimburgo, Escócia.[2]

Munique 1972 editar

Em Munique, Peters tinha pela frente a favorita da prova e dona da casa, a alemã-ocidental Heidemarie Rosendahl, uma super-atleta, que ganharia duas medalhas de ouro nos mesmos Jogos e a recordista mundial Burglinda Pollak, da Alemanha Oriental. A disputa, realizada em dois dias, eletrizou e uniu a imaginação da violenta divisão sectária religiosa na Irlanda do Norte.[1]

Peters, então com 33 anos, disputando o 45º pentatlo de sua carreira, iniciada com 16 anos em 1955, e sabendo ser essa sua última oportunidade de uma medalha olímpica,[3] liderou o primeiro dia da modalidade de cinco provas, estabelecendo recordes pessoais nas três provas disputadas, salto em altura, arremesso de peso e 80 m c/ barreiras, o que a colocou na liderança ao final do dia com 301 pontos de vantagem sobre as outras atletas.[1] A tensão e a excitação com a prova e a segunda parte no dia seguinte, fizeram com que ela não dormisse de um dia para o outro. Na primeira prova do segundo dia, um resultado fraco no salto em distância, ganho por Rosendahl - que também ganhou o ouro individual nessa modalidade, além de outro em equipe no 4X100 m - com um marca apenas 1 cm inferior ao recorde mundial, diminuiu sensivelmente sua liderança e a medalha de ouro ficou para ser decidida na última prova, os 200 m, onde a velocista alemã tinha grande vantagem. Rosendahl venceu como esperado, com Peters lutando por posições intermediárias, mas mesmo assim fez a melhor marca da sua vida para a distância, 24s08.[4] Depois de vários agonizantes minutos de cálculos, foi anunciada a vitória de Peters, com novo recorde mundial para o pentatlo feminino, 4801 pontos, e apenas dez pontos de diferença para Heide Rosendahl.[4]

Vida posterior editar

Retirando-se dos estádios chamada de Golden Girl pela imprensa britânica, ela continuou a trabalhar pelo atletismo e pela comunidade na Irlanda do Norte, assim como pela Grã-Bretanha. Foi presidente da Federação Britânica de Atletismo e patrona da Federação de Atletismo Amador da Irlanda do Norte. Escreveu colunas em jornais e atuou como comentarista da BBC Sports.[2]

No meio do atletismo, comandou campanhas de levantamento de fundos para reconstruir a pista da Universidade de Queens que foi rebatizada com seu nome. Por seu trabalho em prol da comunidade norte-irlandesa, pelo turismo no país e pelo esporte em geral na Grã-Bretanha, foi condecorada pela rainha com a Ordem do Império Britânico no grau de MBE em 1973, CBE em 1990 e finalmente como DBE (Dame Commander of the British Empire), em 2000.[1] Hoje tem o cargo honorário de Lord Lieutenant of the City of Belfast, a representante oficial da rainha da Inglaterra na cidade de Belfast.[5]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e «Dame Mary, the golden girl». BBC News. Consultado em 17 de julho de 2012 
  2. a b «Mary Peters». Consultado em 17 de julho de 2012 
  3. Evans, Hilary; Gjerde, Arild; Heijmans, Jeroen; Mallon, Bill; et al. «Mary Peters». Sports Reference LLC (em inglês). Olympics em Sports-Reference.com. Consultado em 17 de julho de 2012. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2016 
  4. a b «Mary Peters». SportingHeroes. Consultado em 17 de julho de 2012 
  5. «Dame Mary Peters: From the track to the palace». ESPN. Consultado em 17 de julho de 2012