O mobutismo, também chamado de mobutuismo, foi a ideologia oficial do partido Movimento Popular da Revolução (MPR), bem como a ideologia estatal oficial no Zaire (atual República Democrática do Congo) durante a segunda metade do século XX. O mobutismo englobava e glorificava os pensamentos, visões e políticas do presidente zairense e autoproclamado "Pai da Nação" Mobutu Sese Seko. A ideologia incluiu as principais iniciativas de Mobutu como "Zairianização".

Bandeira do Zaire e símbolo do Movimento Popular da Revolução e do mobutismo.
Mobutu em 1976.

O Movimento Popular da Revolução (MPR) estava enraizado como o único partido político legal em um Estado unipartidário no Zaire. [1] Originalmente, Mobutu projetou a constituição do Zaire para ter um partido oposicionista nominal, porém depois alegou que a constituição apenas recomendava, mas não exigia isso e, portanto, um estado de partido único seria criado e todos os outros partidos políticos foram banidos posteriormente em 1966. [2] A ideologia estabelecida no Manifesto de N'sele, incorporou o "nacionalismo", a "revolução" e a "autenticidade". [3] A revolução foi descrita como uma "verdadeira revolução nacional, essencialmente pragmática", que pedia "o repúdio de tanto do capitalismo como do comunismo" favorecendo a "revolução nacional". [3] O Manifesto de N'sele também apresentou as intenções do governo, que incluíam a expansão da autoridade do governo nacional, um programa comprometido com a atualização das normas trabalhistas, tendo o país obtido independência econômica e a criação de um "autêntico nacionalismo" no Zaire.[4]

Mobutu liderou o Movimento Popular da Revolução e o Zaire como ditador e condenou a ideia de múltiplos líderes e partidos políticos no país declarando: "Na nossa tradição africana nunca há dois chefes... É por isso que nós, congoleses, no desejo de nos adequar com as tradições do nosso continente, decidimos concentrar todas as energias dos cidadãos do nosso país sob a bandeira de um único partido nacional". [5]

Mobutu e o Movimento Popular da Revolução foram apresentados na propaganda oficial como possuidores de atribuições divinas e tentaram substituir o cristianismo no Zaire por uma devoção religiosa a Mobutu e ao partido com o ministro do Interior Engulu Baanga Mpongo, certa vez dizendo aos adeptos do Movimento Popular da Revolução: "Deus enviou um grande profeta, nosso prestigiado Guia Mobutu. Este profeta é nosso libertador, nosso Messias. Nossa Igreja é o Movimento Popular da Revolução. Seu chefe é Mobutu. Nós o respeitamos como se respeita um Papa. Nosso evangelho é Mobutuismo. É por isso que os crucifixos devem ser substituídos pela imagem do nosso Messias".[6]

Também conduziram um programa nacional de renascimento cultural no Zaire chamado Authenticité a partir de 1967, que procurou purgar a cultura colonial europeia do Zaire e restaurar a cultura local, tal como proibir nomes e a cultura cristã enquanto promovia nomes locais e a cultura africana, além de proibir trajes ocidentais e criar um uniforme autorizado pelo estado chamado abacost.[7]

A ideologia sobrevive hoje em organizações como a União dos Democratas Mobutuistas de Nzanga Mobutu.

Referências

  1. Young, Crawford; Turner, Thomas. The Rise and Decline of the Zairian State. University of Wisconsin Press, 1985. Pp. 70.
  2. Encyclopedia of Conflict Since World War II, James Ciment, Kenneth Hill Routledge, 1999, page 480
  3. a b Young, Crawford; Turner, Thomas. The Rise and Decline of the Zairian State. University of Wisconsin Press, 1985. Pp. 210.
  4. Simpson, Andrew. Language and Nationality in Africa. Oxford University Press, 2008. Pp. 228
  5. The rise and decline of the Zairian state, Crawford Young, Thomas Turner, University of Wisconsin Press, 1985, page 211
  6. The Fate of Africa. Martin Meredith, Public Affairs, 2006, page 297
  7. The Tragic State of the Congo: From Decolonization to Dictatorship, Jeanne M. Haskin, Algora Publishing, 2005, page 44
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Mobutism».