Um moinho de maré é um tipo de moinho movido pelo movimento da água, causado pelo desnível das marés nos estuários de rios. A evolução tecnológica tornou estes engenhos obsoletos, pelo que a sua actividade foi encerrada há muitos anos. Porém, alguns deles em Portugal, podem ainda ser visitados, principalmente na margem sul do estuário do Tejo.

Moinho Novo em Alhos Vedros

Funcionamento editar

Os moinhos de maré eram formados por uma caldeira que se enchia de água, através de uma porta de água (adufa), quando a maré enchia, fechando-se em seguida, até à descida das águas, e por uma construção onde se situavam diversas moendas (pares de mós) que se destinavam ao fabrico de farinha. Quando a maré vazava, abriam-se passagens para a saída das águas que faziam mover um número variável de moendas (normalmente entre três e dez)[1] O Moinho de Maré de Corroios, edificado em 1403 por iniciativa do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, constitui um exemplo do aproveitamento da energia das marés, cuja aplicação à atividade moageira se generalizou noutros tempos no estuário do Tejo.



Em 1404, o Condestável doou-o, assim como aos bens que tinha nesta região, ao Convento do Carmo, ordem religiosa de que era Mestre. Já no início do século XVIII foi ampliado, mas não tardou a sofrer novamente obras, pois o terramoto de 1755 causou-lhe grandes estragos. Este Moinho, conhecido também por Moinho do Castelo, mantém-se em condições de funcionamento até aos nossos dias. Em 1980 foi adquirido pela Autarquia. Durante 6 anos sofreu obras de restauro e em 1986 abriu ao público, como núcleo do Ecomuseu Municipal do Seixal.

Devido a obras de conservação e requalificação, este núcleo esteve encerrado ao público até setembro de 2009, e reabriu após um processo de qualificação com um investimento de mais de 2 milhões de euros.

Classificado como Imóvel de Interesse Público, o moinho oferece a todos os visitantes uma exposição de longa duração denominada “600 anos de Moagem no Moinho de Maré de Corroios”.

Localização em Portugal editar

A região do país onde se pode observar ainda um maior número de moinhos de maré, é a margem sul do estuário do Tejo, principalmente na zona compreendida entre Corroios e Barreiro, passando pelo Seixal. No entanto, há também vestígios, ou registos, de terem existido mais para oriente, nomeadamente em Lavradio, Alhos Vedros, Moita, Lançada, Sarilhos Grandes, Aldeia Galega (Montijo) e Alcochete, e ainda no concelho de Almada[2][3].

Também no estuário do Sado é possível observar, em bom estado de conservação, o Moinho de Maré da Mourisca, o qual, após trabalhos de recuperação, pode ser visitado[4].

Ver também editar

Referências

  1. PAULO, Eulália de Medeiros; GUINOTE, Paulo. A Banda D'Além do Tejo na História: roteiro histórico da margem Sul do Estuário do Tejo das Origens ao fim do Antigo Regime. Lisboa: Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000 ISBN 972-8186-64-9.
  2. Cf. BASTOS, José. «O moinho de maré do cais, a observação de aves marinhas no baixa-mar…» in Diário da Região, 9 de dezembro de 2016.
  3. Cf. História Arquivado em 2 de fevereiro de 2017, no Wayback Machine. da freguesia de Sarilhos Grandes, na página da sua Junta de Freguesia.
  4. Moinho de Maré da Mourisca Arquivado em 19 de abril de 2014, no Wayback Machine. na página da Câmara Municipal de Setúbal.

Bibliografia editar

  • NABAIS, António et al. Moinhos de Maré: Património Industrial. Seixal: Câmara Municipal do Seixal, 1986.
  • QUARESMA, António Martins. Rio Mira: Moinhos de Maré. Vila Nova de Milfontes: Www.milfontes.net, 2001.
  • SANTOS, Luís Filipe Rosa. Os Moinhos de Maré da Ria Formosa. Faro: Parque Natural da Ria Formosa, 1992.

Ligações externas editar


 
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