O monte Pissis é um pico localizado na Argentina. Situado na Cordilheira dos Andes, tem 6793 m de altitude[1][2] e é o terceiro ponto mais alto do continente americano.[3][4] O monte Pissis deve o seu nome a Pedro José Amadeo Pissis, um geólogo francês que trabalhou para o governo do Chile.[5]

Monte Pissis
Monte Pissis
Monte Pissis está localizado em: Argentina
Monte Pissis
Coordenadas 27° 45' 21" S 68° 47' 57" O
Altitude 6793 m (22293 pés)
Proeminência 2140~ m
Listas Ultra
Localização Deserto do Atacama,
Província de La Rioja,  Argentina
Cordilheira Andes
Primeira ascensão 07/02/1937 por Stefan Osiecki e Jan Alfred Szczepański Polónia
Rota mais fácil Noroeste

Em 1994 as autoridades argentinas avançaram com um estudo baseado em GPS que teria determinado a altitude do cume em 6882m, o que o tornaria mais alto que o Ojos del Salado, mas os dados da missão SRTM e técnicas mais precisas de GPS provaram que esta medição estava incorreta.[6][7]

Geografia e Geomorfologia editar

O Pissis fica na fronteira entre as províncias argentinas de La Rioja e Catamarca, no extremo sul da Puna do Atacama. É um vulcão (o segundo mais alto do mundo, após o Ojos del Salado) formado a mais de 6 milhoes de anos.[8] Faz parte da Zona Vulcânica Central do Cinturão Vulcânico dos Andes, e foi formado por deformações na Placa de Nazca. As atividades vulcânicas terminaram na área a 2 milhões de anos.[8]

Localmente, o Pissis está na parte norte de um círculo de vulcões, formado pelo Gêmeos, Reclus, Veladero, Bonete e Penas Azuis, no centro do qual fica uma cratera de 5km de diametro,[5] chamada de Coroa do Inca, ou Incapillo ("coroa do inca" em quéchua), que é uma caldeira, ou seja, uma depressão causada pelo colapso de um vulcão, no centro da qual há um lago, que pode ser o lago navegável mais alto do mundo, a 5100m de altura.[9]

Devido à sua localização no deserto de Atacama, a montanha é extremamente seca, apenas retendo neve no cume e no inverno. Apesar disso, tem um extenso glaciar com crevasses, algo único na região, na sua vertente norte. Está situado a 550 km a norte do Aconcágua.

 
Mapa topográfico do Pissis

O Pissis possui vários cumes secundários, mas dois deles, o UPAME,de 6785m e o Media, de 6140m aparentemente possuem proeminência de 300m, configurando-se como montanhas separadas. Essas medições aparecem no trabalho de Biggar,[4] que apresenta os dois como cumes secundários já que em sua lista são consideradas montanhas somente os picos com mais de 400m de proeminência. As duas montanhas também não aparecem na lista de Marcelo Delvaux,[10] que advoga pelo uso do limite de 300m. Mesmo assim, continua existindo a necessidade de confirmação dos valores de proeminência, no caso do Media porque os dados de satélite (e as fotografias da região) sugerem uma proeminência bem menor, enquanto o UPAME pode ter uma proeminência maior do que a de 300m a ele atribuída.

Montanhismo editar

A primeira ascensão do Pissis aconteceu na segunda expedição polonesa em 1937, com Stefan Osiecki y Jan Alfred Szczepański que chegaram ao cume em 7 de fevereiro de 1937.[11] Somente em 1985 ocorreu a segunda ascensão,[9] tendo sido aberta desde então várias vias em todas as faces do Pissis. A via normal inicia no acampamento Mar Del Plata, a 4600m aos pés do Glaciar dos Argentinos, a noroeste do cume. Este acampamento base fica a 180km de Fiambalá, a cidade mais próxima, sendo 100km pela rota 60, asfaltada, e os restantes 80km em trilha somente acessível a veículo 4x4.[12] O período mais adequado para o ascenso é entre os meses de novembro e março.

Montanha alta e remota, não é de muito difícil escalada sob o ponto de vista técnico, embora longa e extenuante.

Entre os brasileiros que chegaram ao cume do Pissis, encontram-se Gustavo Telles do CERJ - Centro Excursionista Rio de Janeiro, cuja ascensão em 2007 pode ter sido a primeira de um brasileiro,[13] além de Pedro Abrão, Aleomar Galeassi, Tiago Korb, Luciana Moro,[14] Pedro Hauck, Waldemar Niclevicz,[15] Paulo Cezar Azevedo e Vinícius Vieira, (estes entre os que já escalaram mais de sete cumes de 6000m nos Andes)[16], além do brasileiro-argentino Máximo Kausch.

Referências

  1. Maximo Kausch (10 de fevereiro de 2011). «As 110 montanhas de 6000 nos Andes». AltaMontanha.com. Consultado em 10 de junho de 2014 
  2. «Phillipe Reuter: "El Ojos del Salado es 100 metros más alto que el Pissis"». Consultado em 8 de maio de 2023 
  3. AltaMontanha.com. «As 110 montanhas de 6000 nos Andes - AltaMontanha.com -». AltaMontanha.com - Portal de Montanhismo, Escalada e Aventuras. Consultado em 19 de março de 2017 
  4. a b «Andes Website - The definitive list of 6000m mountain peaks in South America». www.andes.org.uk. Consultado em 8 de maio de 2023 
  5. a b Kirbus, Federico B. (1995). Guía ilustrada de las regiones turísticas argentinas. Buenos Aires: Librería "El Ateneo" Editorial. OCLC 33665816 
  6. Info. sobre o levantamento com GPS no peaklist.org
  7. «Levantamento GPS do Monte Pissis». Consultado em 19 de dezembro de 2006. Arquivado do original em 29 de novembro de 2007 
  8. a b Kay, Suzanne Mahlburg; Mpodozis, Constantino; Gardeweg, Moyra (janeiro de 2014). «Magma sources and tectonic setting of Central Andean andesites (25.5–28°S) related to crustal thickening, forearc subduction erosion and delamination». Geological Society, London, Special Publications (em inglês) (1): 303–334. ISSN 0305-8719. doi:10.1144/SP385.11. Consultado em 8 de maio de 2023 
  9. a b «Guia completa para ascender el Nevado del Pissis». Centro Cultural Argentino de Montaña. Consultado em 8 de maio de 2023 
  10. Delvaux, Marcelo (27 de julho de 2017). «Uma lista revisada para os 6 mil da Cordilheira dos Andes». Revista Blog de Escalada. Consultado em 8 de maio de 2023 
  11. Nyka, Jósef; Kus, Andrej (1973). «Note on the history of Polish Alpinism (A contribution on the centenary of mountaineering organisations in Poland)» (PDF). Alpine Journal 
  12. «Volcán Pissis - Normal por nevero norte - Andeshandbook». www.andeshandbook.org. Consultado em 8 de maio de 2023 
  13. Sciarretta, Aníbal. «MONTE PISSIS – 6882 metros Participantes: Aníbal Sciarretta e Gustavo Telles». Boletim CERJ (613) 
  14. Korb, Tiago (10 de outubro de 2022). «Ascensão do Vulcão Pissis 6795 m na Argentina.». Clube Trekking Santa Maria RS. Consultado em 8 de maio de 2023 
  15. «PISSIS | Waldemar Niclevicz». Consultado em 8 de maio de 2023 
  16. AM, Redação- (20 de março de 2023). «Brasileiros nas montanhas de 6 mil metros nos Andes». AltaMontanha. Consultado em 8 de maio de 2023 

Ligações externas editar