Movimento 19 de Abril

No ano de 1970, acontecem as eleições presidenciais colombianas: inicialmente Rojas Pinilla, da Aliança Nacional Popular (ANAPO), é considerado provável vencedor. Mas os boletins com os resultados das apurações são suspensos. Em 19 de outubro, é anunciada a vitória do conservador Misael Pastrana Borrero, por 150 mil votos de diferença. A ala mais radical da ANAPO, liderada por Carlos Toledo Plata, conclui ser impossível chegar ao poder pela via eleitoral e funda o Movimento 19 de abril (M-19), auxiliado por Maria Eugenia, filha de Rojas Pinilla.

Movimento 19 de Abril

Bandeira do Movimento 19 de Abril
Datas das operações 1974 - 1990
Líder(es) Jaime Bateman Cayón
Iván Marino Ospina
Álvaro Fayad
Carlos Pizarro Leongómez
Motivos Tomar o poder na Colômbia.
Adotar uma constituição mais democrática.
Área de atividade  Colômbia
Ideologia Bolivarianismo
Nacionalismo de esquerda
Socialismo revolucionário
Marxismo
Foquismo
Ataques célebres Roubo da Espada de Bolívar, Operação Baleia Azul, Tomada da Embaixada da República Dominicana em Bogotá, Tomada do Palácio da Justiça
Tamanho 1.000 membros (1990)
Aliados FARC
ELN
FSLN
MRTA
AVC
Inimigos Governo da Colômbia

O Movimento 19 de abril (M-19) foi uma organização de guerrilha urbana, surgida nos anos de 1970, formada por jovens de classe média desiludidos com a esquerda tradicional. A ideologia do movimento combinou nacionalismo e o marxismo heterodoxo, mas seu objetivo essencial era estabelecer uma real democracia na Colômbia.[1] O M-19 transformou-se no principal alvo da ira do Exército Colombiano quando obteve sucesso numa das ações mais ousadas e - humilhantes para os militares - da história da guerrilha urbana da América Latina: o roubo de 7 mil armas do principal quartel de Bogotá sem disparar um único tiro. Por meio de um túnel de 80 metros, construído a partir de uma casa em frente ao quartel, o M-19 esvaziou o depósito de armas em dezembro de 1978. No local, foram deixadas pichações de protesto.

A resposta foi fulminante. Em duas semanas, nas maiores operações antiguerrilha já realizadas, o Exército recuperou a maior parte das armas e prendeu cerca de 200 militantes da organização. No entanto, o M-19 teimava em sobreviver e preparava novas ações de guerrilha. A maior delas ocorreu em 198,, quando um comando ocupou a embaixada da República Dominicana e tomou 60 reféns, entre eles 15 embaixadores.

O impacto propagandístico da tomada dos reféns, entre os quais estavam o embaixador americano Diogo Asencio e o brasileiro Geraldo Nascimento e Silva, foi enorme. Durante 60 dias o M-19 ocupou as páginas da imprensa mundial, até que o governo concordou em soltar guerrilheiros presos e pagar um milhão de dólares de resgate. A ação marcou o auge da organização, que nunca mais desfrutaria de sucesso semelhante com as armas e começaria a dilapidar seu prestígio político.

Por ironia, a decadência do M-19 começou quando o presidente Belisário Betancur aceitou dialogar com a guerrilha. O diálogo teve início em 198,, um ano depois da morte do fundador do M-19, Jaime Batemán Cayon. Em suas últimas entrevistas, Batemán sempre insistia na necessidade de um acordo de paz. Betancur apostou tudo no diálogo, chegando a participar de uma reunião secreta com líderes do M-19 em Madrid (Espanha).

Os militares inconformados com a iniciativa do presidente formaram esquadrões da morte e começaram a liquidar guerrilheiros indultados. O assassinato de Carlos Toledo Plata, médico e jornalista, outro dos fundadores da organização, pela extrema-direita, minou o processo de paz entre a guerrilha e o governo e reforçou a opção militarista do M-19.

Em 6 de novembro de 1985, guerrilheiros do M-19 ocuparam o Palácio da Justiça da Colômbia, no centro da capital, tomando como reféns dezenas de juízes, entre eles 23, do Supremo Tribunal, e advogados. Exigiam a presença do presidente Betancur no palácio para ser julgado por "crimes contra o povo colombiano". Exigiam, ainda, do governo, a divulgação das atas de verificação do acordo de paz assinado com a guerrilha e a revelação do conteúdo do último acordo com o FMI. Determinados a esmagar os guerrilheiros a qualquer preço, os militares deixaram claro desde o início que dessa vez não haveria negociação e não hesitariam em derrubar Betancur caso ele não concordasse. No dia 7, o Exército colombiano invadiu o Palácio da Justiça, provocando uma batalha de 27 horas, onde foram usados até tanques.Todos os 35 guerrilheiros do M-19 morreram. Da mesma forma que outros 65 reféns, entre eles os 23 juízes.

Quase aniquilado pela repressão no terreno militar e isolado por suas últimas ações, o M-19, no dia 13 de novembro de 1989, entrega as armas após 16 anos de luta, na qual morreram seus 22 fundadores e centenas de militantes. O local onde foi assinado a trégua com o governo: o remoto povoado de Santo Domingo escondido nas montanhas do Sul da Colômbia, a 700 km de Bogotá. No povoado estavam quase todos os guerrilheiros da organização. O dirigente máximo era Carlos Pizarro - que havia começado sua militância nas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) - , encarregado de sepultar o passado militarista da organização e incorporá-la à institucionalidade. Posteriormente, o M-19 se converteu na Aliança Democrática, um partido eleitoral integrado ao sistema democrático; sua figura máxima é Antonio Navarro Wolf, que foi Ministro da Saúde do presidente César Gavíria.

Ver também editar

Referências