Neville Marriner (Lincoln, 15 de abril de 1924 - 2 de outubro de 2016) foi um violinista que se tornou um dos maiores regentes contemporâneos. Fundou e dirigiu durante muitos anos a Academy of St Martin in the Fields [1] e era presidente vitalício dessa renomada orquestra de câmara, cujo repertório inicialmente se concentrou nos períodos barroco e clássico, passando, mais tarde, a incluir também a música do período romântica e do início do modernismo.[2]

Neville Marriner
Neville Marriner
Nascimento 15 de abril de 1924
Lincoln (Inglaterra)
Morte 2 de outubro de 2016 (92 anos)
Londres
Nacionalidade britânico
Cidadania Reino Unido, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Filho(a)(s) Andrew Marriner
Alma mater
Ocupação Violinista, regente orquestral
Prêmios
  • Comandante da Ordem do Império Britânico (1979)
  • Oficial das Artes e das Letras (2015)
  • Knight Bachelor
Empregador(a) Royal College of Music
Instrumento violino

Biografia editar

Filho do carpinteiro e músico amador Herbert Marriner e de sua mulher Ethel (nascida Roberts), [1] inicialmente estudo violino e piano com seu pai. Em 1939, ingressou no Royal College of Music de Londres.[3] Foi segundo violino da Orquestra Filarmônica de Londres, então dirigida por Henry Wood, lá permanecendo até 1941, quando se engajou no exército britânico, durante a Segunda Guerra Mundial.[2] Deixou o exército em 1943, em razão de problemas renais. Posteriormente, frequentou o Conservatório de Paris. [1][3][2]

Durante um breve período, foi professor de música do Eton College.[3][2] Em 1948, tornou-se professor do Royal College of Music.[2] Em 1948 ou 1949, tornou-se segundo violino do Martin String Quartet, permanecendo no grupo durante 13 anos.[3][2][4]

Foi violinista da Philharmonia Orchestra de Londres, no início dos anos 1950s, e principal segundo violino da London Symphony Orchestra (LSO), entre 1954 e 1969.[3][4][5] Também tocou em várias orquestras de câmara da Inglaterra.[3][2]

Em 1958, fundou a Academy of St Martin in the Fields, inicialmente como um conjunto de câmara, com doze integrantes, que viria a se expandir, tornando-se uma orquestra de câmara e atraindo músicos de alta qualidade, incluindo os cravistas Thurston Dart e Christopher Hogwood e a violinista Iona Brown. Marriner fez inúmeras gravações com a Academy [1][3][2] a partir do início dos anos 1960, atuando simultaneamente como spalla e regente.Sua bem-sucedida atuação como regente levou Pierre Monteux, então maestro da LSO e seu antigo professor de regência nos anos 1950, a encorajá-lo a se dedicar à regência orquestral.[3][2][6]

Marriner foi também fundador e primeiro diretor musical da Los Angeles Chamber Orchestra, de 1969 a 1978. Entre 1979 e 1986, foi diretor musical da Orquestra de Minnesota. De 1986 a 1989, foi o regente principal da Orquestra Sinfônica da Rádio de Stuttgart.[2][7]

Permaneceu como diretor musical da Academy of St Martin in the Fields até 2011, quando foi sucedido por Joshua Bell. Todavia manteve o título de presidente vitalício da orquestra.[8] Marriner preferia usar instrumentos e efeitos modernos, o que lhe valeu críticas negativas de Christopher Hogwood e Thurston Dart, entre outros, por ele não se esforçar na busca de uma sonoridade historicamente informada, tal como seu contemporâneo Nikolaus Harnoncourt.[2] Dart insistia na adoção de instrumentos históricos como forma de garantir a autenticidade, enquanto Marriner não queria renunciar a seus violinos, violas e violoncelos modernos. E assim a Academy desenvolveu uma "prática mista de interpretação musical", que se orientava pelas mais recentes descobertas sobre a interpretação histórica mas adaptava-as à execução em instrumentos modernos, não utilizando instrumentos de época. Essa opção foi a marca registrada da Academy of St. Martin in the Fields e de seu fundador.[9]

Marriner também regeu outras orquestras, como a Orquestra de Câmara de Nova York, a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra de Câmara de Israel, a Orquestra de Câmara Australiana e a Orquestra Filarmônica de Viena.[3][2] Mesmo depois de completar 90 anos, continuou a reger, tendo sido o mais velho maestro do festival anual Proms de 2014.[10] Foi o regente de mais de 600 gravações, cobrindo cerca de 2 000 obras – mais do que qualquer outro maestro, exceto Herbert von Karajan.[2] Seu repertório gravado abrange desde a música barroca[11] até música do século XX.[3] Ele também supervisionou a seleção das obras de Mozart para a trilha sonora do filme 1984 film Amadeus (1984), que deu origem a uma das mais populares gravações de música clássica de todos os tempos, com mais de 6,5 milhões de cópias.[1]

Sir Neville Marriner faleceu em 2 de outubro de 2016, aos 92 anos.[12][3]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e Siddique, Haroon (2 de outubro de 2016). «Conductor Sir Neville Marriner dies aged 92». the Guardian. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k l m «Sir Neville Marriner – obituary», The Telegraph, 2 de outubro de 2016, consultado em 3 de outubro de 2016 
  3. a b c d e f g h i j k Tully Potter, John Amis (2 de outubro de 2016), «Sir Neville Marriner obituary», The Guardian, consultado em 2 de outubro de 2016 
  4. a b Kirby, Anthony (1 de junho de 2000). «Sir Neville Marriner: Beyond the Academy». Lo Scena Musicale. Consultado em 2 de abril de 2009 
  5. Higgins, Charlotte (14 de fevereiro de 2007). «One hundred years of attitude». The Guardian. Consultado em 6 de setembro de 2007 
  6. Alumni, Pierre Monteux School, consultado em 2 de outubro de 2016 
  7. «Neville Marriner». NAXOS. Consultado em 16 de maio de 2011 
  8. «Sir Neville Marriner CH, CBE». Academy of St Martin in the Fields. Consultado em 2 de outubro de 2016 
  9. Neville Marriner, maestro que rejuvenesceu a música antiga, faz 90 anos. Deutsche Welle, 15 de abril de 2014
  10. Leading British conductor Sir Neville Marriner dies at 92, BBC, 2 de outubro de 2016, consultado em 2 de outubro de 2016 
  11. Goldman, Richard Franko (abril de 1966). «Reviews of Records: Italian Concertos». The Musical Quarterly. 52 (2): 268–270 
  12. «Leading British conductor Sir Neville Marriner dies at 92» (em inglês). BBC. 2 de outubro de 2016. Consultado em 3 de outubro de 2016