Parlamento de Ravenica (1209)

O Primeiro Parlamento de Ravenica foi convocado em maio de 1209 pelo imperador latino Henrique de Flandres (r. 1205–1216) na cidade de Ravenica na Grécia Central em uma tentativa de resolver a rebelião dos barões lombardos do Reino de Salonica, que opunham-se à elevação de Demétrio (r. 1207–1224), filho do falecido Bonifácio de Monferrato (r. 1192–1207), como rei. Exceto os nobres do sul da Grécia, apenas Amadeu Pofey

Antecedentes editar

Após a captura de Constantinopla na Quarta Cruzada em abril de 1204, o estabelecimento do Império Latino sobre as ruínas do Império Bizantino e o tratado de partilha dos territórios do último entre os líderes cruzados, grande parte da Grécia foi relativamente rapidamente tomada pelos cruzados. Bonifácio de Monferrato (r. 1192–1207) estabeleceu o Reino de Salonica no no norte e leste da Grécia, e deu feudos para seus apoiantes na Tessália e Grécia Central. Mais ao sul, o Peloponeso foi conquistado por Guilherme de Champlite (r. 1205–1209) e Godofredo I de Vilearduin (r. 1209/1210–c. 1229), estabelecendo o Principado de Acaia sob suserania de Salonica. Apenas o Epiro permaneceu em mãos gregas, com Miguel I Comneno Ducas (r. 1205–1215) estabeleceu um principado separado ali.[1][2]

Bonifácio de Monferrato foi morto lutando contra os búlgaros em 1207, deixando o trono para seu infante Demétrio (r. 1207–1224). Os poderosos barões lombardos, contudo, sob a regência de Umberto II de Biandrate, opuseram-se a Demétrio e sua mãe Margarida da Hungria, e preferiu que o trono passasse para irmão de Bonifácio, Guilherme VI (r. 1207–1226). Eles então opuseram-se ao imperador latino, Henrique de Flandres, e exigiram soberania sobre grande parte dos territórios europeus do Império Bizantino para Salonica. Henrique conseguiu manobrar os barões lombardos e em janeiro coroou Demétrio rei, mas Biandrate e os barões lombardos lançaram uma rebelião através do reino. Henrique aprisionou Biandrate em Serres e marchou para sul através da Tessália, superando a oposição dos barões em Lárissa. Henrique tratou a rendição dos barões com leniência, permitindo-os manter seus feudos. Mas a rebelião não foi terminada, com os barões da Grécia Central e Eubeia ainda opondo-se ao imperador.[3][4]

Parlamento e rescaldo editar

Esperando terminar o conflito rapidamente e sem mais derramamentos de sangue, Henrique convocou um parlamento no vale de Ravenica, uma cidade próxima de Lâmia, em maio de 1209. Dos barões lombardos apenas Amadeu Pofey apareceu, e ele foi perdoado e reinvestido com seu feudo. Os outros persistiram em sua rebelião e mantiveram-se em seus castelos. O parlamento, contudo, reuniu os nobres francos restantes do sul da Grécia, tais como Otão de la Roche, senhor de Tebas e Atenas, e Godofredo de Vilearduin, agora príncipe da Acaia. Henrique recebeu Vilearduin como seu vassalo, assim subordinando a Acaia diretamente a Constantinopla em vez de Salonica, e nomeou-o senescal do Império Latino.[5][6]

Após receber reconhecimento imperial de seu título, Vilearduin também assegurou sua posição cara a cara à República de Veneza ao tornar-se seu vassalo no Tratado de Sapienza em junho.[7] Henrique então recomeçou sua marcha para sul, forçou a submissão de Albertino de Canossa e Ravano dalle Carceri em Tebas, e foi para Atenas. Biandrate escapou no meio tempo e dirigiu-se para Eubeia, onde Henrique seguiu-o. Biandrate tentou assassinar o imperador, mas Henrique foi protegido por Ravano, senhor do Negroponte. Biandrate foi finalmente forçado a capitular, ponto um fim à rebelião lombarda.[8][9]

Referências

  1. Wolff 1969, p. 187–193.
  2. Longnon 1969, p. 235–238.
  3. Miller 1908, p. 72–74.
  4. Wolff 1969, p. 206–207.
  5. Miller 1908, p. 59, 74.
  6. Wolff 1969, p. 207–208.
  7. Van Tricht 2011, p. 164.
  8. Miller 1908, p. 74–75.
  9. Wolff 1969, p. 208.

Bibliografia editar

  • Longnon, Jean (1969). «The Frankish States in Greece, 1204–1311». In: Wolff, Robert Lee; Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume II: The Later Crusades, 1189–1311. [S.l.]: University of Wisconsin Press. pp. 234–275. ISBN 0-299-06670-3 
  • Miller, William (1908). The Latins in the Levant, a History of Frankish Greece (1204–1566). Nova Iorque: E.P. Dutton and Company 
  • Van Tricht, Filip (2011). The Latin Renovatio of Byzantium: The Empire of Constantinople (1204-1228). Leida: Brill. ISBN 978-90-04-20323-5 
  • Wolff, Robert Lee (1969). «The Latin Empire of Constantinople, 1204–1261». In: Wolff, Robert Lee; Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume II: The Later Crusades, 1189–1311. [S.l.]: University of Wisconsin Press. pp. 186–233. ISBN 0-299-06670-3