Mentha pulegium, comummente conhecida como poejo[1] (também grafada poêjo[2][3] e poejos[2][3]) , é uma das espécies mais conhecidas do género Mentha, pertencendo à família Lamiaceae, é uma planta perene cespitosa de raízes rizomatosas que cresce bem em locais húmidos ou junto de cursos fluviais, onde pode ser encontrada selvagem entre gramíneas e outras plantas.

Poejo
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Clado: Tracheophyta
Clado: Angiospermae
Clado: Eudicotyledoneae
Clado: Asterídeas
Ordem: Lamiales
Família: Lamiaceae
Gênero: Mentha
Espécies:
M. pulegium
Nome binomial
Mentha pulegium
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Nomes comuns editar

Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: pojo,[4] hortelã-dos-Açores.[5][3] e hortelã-pimenta-mansa[3][5]

Descrição editar

O poejo pode medir entre 15 a 40 centímetros de altura, trata-se de uma planta robusta, que tanto pode assumir uma orientação prostrada como ascendente.[2] As raízes são laterais na base.[6]

Os seus erectos talos quadrangulares, muito ramificados, podem chegar a medir entre 30 a 40 cm.[6] As folhas são pecioladas, de podendo assumir um formato lanceolado, elíptico ou obovado,[2] além disso são ligeiramente dentadas, e exibem uma coloração entre o verde-médio e o verde-escuro. Dispõem-se opostamente ao longo dos talos.[6]

As diminutas flores, de corola rosada, dispõe-se em verticilastros multifloros,[2] pelo que nascem agrupadas em densas inflorescências globosas.[6]

Distribuição editar

Encontra-se em todo o continente europeu, salvo no Norte da Europa. Tem presença ao longo de toda a Orla Mediterrânea.[3]

Portugal editar

Trata-se de uma espécie presente em todo território português, nomeadamente em Portugal continental, em todas as zonas,[3] no arquipélago da Madeira e no arquipélago dos Açores.[5]

Em termos de naturalidade, é nativa dos territórios supra referidos.[5]

Ecologia editar

Trata-se de uma espécie rupícola,[3] com predileção por bouças e veigas húmidas, em barrocas, na orla cursos de água, aguaçais, lagos e outros espaços temporariamente madeficados ou anegados, amiúde azotados. Privilegia os solos de substracto ácido, pautados pela humidade edáfica, seja ela permanente ou não.[5]

Utilidade editar

Farmacologia editar

 

Esta planta aromática, de crescimento espontâneo, é conhecida há séculos em todo o Mediterrâneo e Ásia ocidental pelas suas propriedades carminativas, relaxantes e até como emenagoga quando tomada em infusão.[7] Por extração de um óleo essencial, também pode ser usada em aromaterapia.[7]

Em sede da medicina tradicional, são-lhe atribuídas propriedades; expectorantes, contra a gripe, tosse crónica, resfriados, bronquite e asma; calmantes ou relaxantes, para o sistema nervoso; antisépticas; cicatrizantes, usada como unguento tópico para tratar inflamações cutâneas; colagogas e espasmolíticas.[2][7] Tendo, dessarte, sido usada na história de Portugal na confecção de mezinhas para combater constipações, insónias, dores reumáticas, acidez do estômago, disquinesia hepatobiliar e enjoos[2]

Culinária editar

Em Portugal é usada na culinária, para fazer infusões, licores e molhos, principalmente no Sul do país.[8]

Outros usos editar

No âmbito da cosmética, sói de ser usada na preparação de loções e cremes faciais, pelas suas propriedades cicatrizantes.[2][7]

Mercê das suas propriedades tóxicas, seja dos óleos naturais que dela se podem extrair, seja do fumo resultante da combustão das folhas,[9] também é usada na preparação de fungicidas e insecticídas.[10]

Toxicologia editar

 
 
 
Flores

É de notar que o óleo essencial do poejo é venenoso (é uma substância hepotóxica),[2] sendo especialmente perigoso para as grávidas pois pode causar o aborto.[7] Nos cozinhados deve, pois, ser usado em moderação e evitado completamente pelas grávidas.[7] O poejo é dotado dos seguintes compostos químicos: 3-Octanol,[11] isomentona,[12] limoneno (α-limoneno),[13] mentona[14] e pulegona[15][16]

Curiosidades editar

Na Nova Inglaterra, é conhecido como folha da bíblia.

A banda Nirvana possui uma música chamada Pennyroyal Tea, que em uma tradução livre significa "chá de poejo".

Taxonomia editar

A Mentha pulegium foi descrita por Carlos Linneo e publicada na Species Plantarum 2: 577. 1753.[17]

Etimologia editar

No que toca ao nome genérico: Mentha,[18] este provém do latim mintha,[19] o qual, por seu turno, advém do nome grego da ninfa Minta associada ao rio Cócito, amante de Plutão e que foi transformada em planta por Proserpina.

Quanto ao epíteto específico: pulegium,[20] este deriva do étimo latino pulex,[21] que significa «pulga», devendo-se tal alusão ao antigo costume de queimar poejo no interior das casas para repelir estes insectos.[1][9]

O nome comum «poejo», por seu turno, advém exactamente do étimo pulegĭu[1], deturpação do baixo-latim do étimo latino pulegium, sempre em alusão às propriedades espulgantes desta planta.

Sinonímia editar

  • Pulegium vulgare Mill. 1768
  • Melissa pulegium (L.) Griseb. 1844
  • Minthe pulegia (L.) St.-Lag. 1880
  • Mentha exigua L. 1756
  • Pulegium erectum Mill. 1768
  • Mentha aromatica Salisb. 1796
  • Mentha gibraltarica Willd. 1809
  • Mentha tomentella Hoffmanns. & Link 1809
  • Mentha tomentosa Sm. in Rees 1812
  • Thymus bidentatus Stokes 1812
  • Pulegium aromaticum Gray 1821
  • Pulegium heterophyllum Opiz ex Boenn. 1824
  • Pulegium pubescens Opiz ex Boenn. 1824
  • Pulegium tomentellum C.Presl 1826
  • Mentha pulegioides Dumort. 1827
  • Mentha montana Lowe ex Benth. in A.DC. 1848
  • Mentha tomentosa var. villosa Benth. in A.DC. 1848
  • Micromeria dalmatica Fenzl 1856, nom. illeg.
  • Pulegium micranthum Claus 1856
  • Micromeria fenzlii Regel 1866
  • Pulegium tomentellum f. erianthum Pérard 1870
  • Pulegium tomentellum f. ninimum Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. algeriense Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. hirsutum Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. incanum Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. linearifolium Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. nummulariuoides Pérard 1870
  • Pulegium vulgare f. serratum Pérard 1870
  • Mentha aucheri Pérard 1878
  • Pulegium pulegium H.Karst. 1886
  • Mentha albarracinensis Pau 1887
  • Mentha hirtiflora Opiz ex Heinr.Braun 1890
  • Mentha subtomentella Heinr.Braun 1890
  • Mentha subtomentella var. ceplaloniae Heinr.Braun 1890
  • Mentha subtomentella var. humillima Heinr.Braun 1890
  • Mentha subtomentella var. microphylla (Friv.) Heinr.Braun 1890
  • Mentha daghestanica Boriss. 1954
  • Pulegium daghestanicum (Boriss.) Holub 1977
  • Micromeria maritima Yild. 2006[22]

Referências

  1. a b c Infopédia. «poejo | Definição ou significado de poejo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 10 de novembro de 2021 
  2. a b c d e f g h i «Mentha pulegium L.». www3.uma.pt. Consultado em 10 de novembro de 2021 
  3. a b c d e f g «Mentha pulegium». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020 
  4. Infopédia. «pojo | Definição ou significado de pojo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 10 de novembro de 2021 
  5. a b c d e «mentha pulegium| Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 16 de outubro de 2021 
  6. a b c d Castroviejo, S. (1986–2012). «Mentha pulegium» (PDF). Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. p. 340. Consultado em 17 de março de 2020 
  7. a b c d e f Rodrigues Roque, Odete (2002). PLANTAS e PRODUTOS VEGETAIS em FITOTERAPIA. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. ISBN 972-31-1010-5 
  8. S.A, Priberam Informática. «poejo». Dicionário Priberam. Consultado em 10 de novembro de 2021 
  9. a b Mahdi Pourmortazavi, Seied (2004). «Supercritical carbon dioxide extraction of Mentha pulegium L. essential oil». Elsevier. Talanta. 62: 407–411. doi:10.1016/j.talanta.2003.08.011 
  10. Berrada, M. (31 de Janeiro de 2001). «Insecticidal effects of essential oils against Hessian Mayetiola destructor». Elsevier. Field Crops Research. 71: 9-15 
  11. «3-Octanol». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021 
  12. «Cyclohexanone, 5-methyl-2-(1-methylethyl)-, cis-». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021 
  13. «Limonene». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021 
  14. «Cyclohexanone, 5-methyl-2-(1-methylethyl)-, trans-». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021 
  15. «Pulegone». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021 
  16. Hmamouchi, Mohamed (25 de Julho de 2003). «Chemical composition and antifungal activity of essential oils of seven Moroccan Labiatae against Botrytis cinerea Pers». Elsevier. French Journal of Ethnopharmacology. 89: 165–169. doi:10.1016/S0378-8741(03)00275-7 
  17. «Mentha pulegium». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 23 de agosto de 2014 
  18. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  19. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  20. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  21. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  22. Sinónimos en Kew
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